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PECADO ORIGINAL - CONTO INÉDITO DE ROBERTO ALMEIDA

Esperou por ela na porta da sorveteria. Uma brisa deslizava pela noite, amenizando o calor da cidade grande.

Morena veio com passos tímidos, um meio sorriso, os olhos se destacando na avenida, se sobrepondo ao movimento intenso dos carros àquela hora.

Tremia da cabeça aos pés, talvez porque estava excitado como uma criança, ou por ter a exata noção do perigo,   consciente de que estava a transgredir os valores estabelecidos.

Mas quando chegaram ao local secreto, longe de quaisquer olhares, da possibilidade do flagra, esqueceu a sagrada família e se entregou inteiramente à luxúria, ao prazer.

Amou daquela vez como se fosse a última, entregou-se à jovem amante com gosto, como quem dá-se a um anjo.

Beijou boca, seios, vulva, braços, pernas, o pé tão delicado, tudo. Passou horas (ou terão sido minutos que se multiplicaram, como num milagre?) naquele devaneio, esquecido da labuta, das contas a pagar, todo final de mês.

Nunca mais esqueceu aquele dia, noite, embora tenha voltado a pecar outras vezes.

Meses depois, foi com a velha amiga do trabalho a um restaurante, na orla marítima.

Comeram da boa comida japonesa, conversaram, como tantas vezes antes e sem que tivesse planejado roubou furtivamente da companheira de trabalho um beijo.

Foi retribuído com ardor. 

Fez um elogio e Branca brincou com as palavras, os olhos brilhando: "Deixa de ser safado!", disse, escancaradamente irônica.

Menos de 40 minutos depois estavam no apartamento dela,  próximo à praia.

Quando a olhou completamente nua se viu encantado. Aos 40 anos ela estava numa forma de invejar. Os seios eram fartos e a rosa, sem pelos, podia ser comparada ao mar imenso lá fora.

"Não tenho a menor vocação para ser mãe solteira", comentou, naturalmente, lhe passando um preservativo.

Mesmo atendendo ao seu apelo pôde sentir seu gosto, apreciar seu êxtase aos mais simples toques no corpo exuberante.

Dormiu por lá, sem pensar na esposa sacrossanta e menos ainda na amante da zona sul. 

Estava sempre a procurar, não encontrava.

A inquietude o fazia perder o sono, se entregar ao trabalho, assistir jogos de futebol no estádio, ele mesmo ainda batia uma bola no campinho ou na quadra do condomínio.

Muito depois, já somando algumas perdas importantes, levou Ruiva para ajudar nas compras,  no armazém de construção.

Ao seu lado, no banco de passageiros, a mulher o atraia,  vestindo saia curta e os pés descalços, como que pedindo que alguém os cobrisse.

No hotel, modesto, deitaram. Não trocaram palavras. Quando a penetrou sentiu-a ardente, vibrante, como que espumava, explodia de prazer.

Como se há muito tempo não fosse possuída ou nunca alguém a tivesse tocado com tanta delicadeza. 

Eram momentos bons, aqueles, mesmo que impensados, às vezes gerando remorsos.

Nem tanto quando convidou Aréola, no terraço, para uma escapada no meio da tarde.

Na casa ainda sem móveis, esperando os proprietários, a deitou no chão, com o bumbum empinado.

Foi de tal maneira gentil, cuidadoso, que nem por um momento a amada do momento acusou algum tipo de dor.

A verdade é que seus olhos falaram: "Como é possível ser assim? Tão natural, prazeroso?".

Uma descoberta mútua, melhor que das outras vezes, quando fizeram amor dentro da normalidade.

Um dia, possivelmente, Magro iria pagar por tudo. Aqui na terra, prestaria conta à esposa, filhos, pais, irmãos, amigos, todos que não o imaginavam vil.

Nos céus seria julgado pelo Deus do velho testamento. Este, severo, anunciaria a pena pelos seus pecados.

Cumpriria a sentença, aguentaria o sofrimento.

Nunca esqueceria, contudo, cada um daqueles momentos, que o tinham embriagado como só o bom vinho faz.

Ou uma droga ainda mais forte.

No futuro, as consequências, mas no dado instante do pecado apenas uma sensação de paraíso, um esquecimento, a percepção de que a felicidade existe, mesmo que fugaz.

Morena, Branca, Ruiva, Aréola, principalmente essas quatro, nunca seriam esquecidas completamente.

Rondavam suas lembranças como música.

*Foto ilustrativa: Juliana Paes como Gabriela/ Revista IstoÉ Gente.

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