Por Homero Fonseca*
Pelo andar da carruagem,
Bolsonaro e os donos do poder real chegaram a um acordo tácito em torno do
essencial.
O presidente falastrão deu uma
marcha ré visível (parou ataques ao STF, desmontou o cercadinho dos seguidores,
não incentiva nem vai a passeata pedindo AI-5 etc.). Tudo indica um
enquadramento.
Em troca, a Justiça do Rio maneira
investigação de Flávio Rachadinha. Imprensa elogia novo titular do MEC. Alguém
ainda acredita que o STF vá até as últimas consequências?
E desde sempre, Rodrigo Maia vem
segurando as pontas e garantindo a governabilidade no Congresso (nada de
impeachment e aprovação dos projetos ultraliberais de Paulo Guedes). Esse é o
busílis da questão.
Tudo volta aos eixos.
E a boiada vai passando (como a questão
da água, parcamente discutida, enfiada de goela abaixo como as reformas
trabalhista e previdenciária etc., diante de uma esquerda e um movimento social
inertes — pela invisibilidade e estigmatização impostas pela imprensa e seus
próprios erros táticos e estratégicos).
Tudo conforme os obscuros desejos
das elites, inclusive a mídia.
O resto é detalhe: uma
divergência aqui, uma crítica acolá. E todos de olho em 2022, inclusive a
oposição de esquerda (às voltas com ridículas discussões pontuais, por conta
desse horizonte estreito). Estarei enganado?
*Homero Fonseca é jornalista, escritor e consultor literário. Foi editor da revista Continente. Autor do romance "Roliúde", entre outros livros.
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