A crise utilizada pelo Governo do Estado para
justificar limitações da gestão de Paulo Câmara não tem impedido contratações
de cargos comissionados. Levantamento apresentado pelo deputado Álvaro Porto
(PSD) nesta terça-feira (21.03), na Assembleia Legislativa, mostra que mais de
300 nomeações foram feitas entre novembro de 2016 e março deste ano pelo
Executivo estadual. Entre estes estão filiados do PSB ou de partidos aliados
que foram derrotados nas eleições em outubro do ano passado. Também há
correligionários que encerraram mandatos em dezembro.
“O Palácio do Campo das Princesas vem se
transformando num generoso abrigo de partidários do poder. Muitos recursos são
empregados para bancar esses cargos. Por baixo, cerca de R$ 2 milhões mensais
estão sendo destinados aos salários dos contratados”, afirmou Porto em discurso
no plenário. Estão na lista, já divulgada pela imprensa, os ex-prefeitos de
Paulista, Ives Ribeiro, e de Moreno, Adilson Gomes Filho. Há ainda, entre
outros nomes, os candidatos a prefeito derrotados em Jaboatão, Heraldo Selva, e
em Garanhuns, Sivaldo Albino.
O deputado destacou que a eficiência do Governo em
criar vagas tem motivado comentários carregados de ironia. “Tenho ouvido que em
pouco tempo a sede da Agência do Trabalho vai cruzar a ponte Princesas Isabel e
ser transferida da Rua da Aurora para a Praça da República”, disse. Ele
ressaltou, porém, que o bom humor contido nesse tipo de observação costuma ser
acompanhado de indignação e falta de esperança.
“Afinal, como não se indignar com tantas falhas em
políticas públicas enquanto o Governo contrata aliado para assessor e
gerente? Como manter a esperança em melhoria dos serviços se entre as
prioridades do Governo está o inchaço de cargos comissionados? Como não se
incomodar com os milhões empregados para agradar parceiros, se as polícias
seguem carentes de estrutura e de equipamentos, servidores do Detran penam para
conseguir condições dignas para exercer suas funções e gente continua a morrer
por falta de atendimento e medicamento na rede estadual?”, arrematou.
Em aparte, Silvio Costa Filho (PRB), líder da
oposição, afirmou que o debate sobre as mais de 300 contratações precisa ser
feito e que causa preocupação a possibilidade de o critério para as nomeações
ser meramente eleitoreiro, já com vistas para a disputa de 2018.
O líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB),
utilizou o tempo que tinha reservado para outro tema para rebater Porto.
Naturalizou as contratações, afirmou que a política no Brasil é assim mesmo e
que os governos são eleitos a partir de composições entre partidos que indicam
nomes para cargos. Lembrou que Álvaro Porto é do PSD, sigla governista que
ocupa a secretaria das Cidades e, para arrematar, recorreu ao campo pessoal:
“se o deputado que me antecedeu não foi aquinhoado (com cargos), não posso
fazer nada”.
“GOVERNADOR NÃO CUMPRIU” - Porto não foi à tréplica
por entender que os argumentos do líder do Governo em nada contribuem para o
debate. “O Governo esquece a crise quando assunto é nomeação de aliados e só
recorre a ela quando se vê cobrado pelas ineficiências em segurança, saúde,
transporte. Infelizmente, não nos surpreendemos com os argumentos usados para
justificar as contratações. O Governo fez suas escolhas e tem suas prioridades.
A população bem sabe. É ela quem paga pelas deficiências e limitações da
gestão”, frisou, após a sessão desta tarde.
Eleito pelo PTB, o pessedista diz que se filiou ao
PSD por apostar que o governador iria honrar a palavra empenhada. “Já disse por
diversas vezes que minha adesão foi condicionada a obras para o Agreste
Meridional. No entanto, como se sabe, os acordos não foram cumpridos pelo governador.
Nunca pedi cargo nem ao PSD bem ao Governo. Nenhum cargo. Achar que faço
críticas e cobranças porque não teria sido aquinhoado com cargos, revela bem
como esse governo funciona. Levar o debate para esse campo é desviar foco, é
algo improdutivo”.
*Na foto do Portal do Agreste o ex-prefeito Yves Ribeiro, um dos políticos "empregados" pelo governador Paulo Câmara com intenções "eleitoreiras".
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