Alexandre
Acioli*
É preciso encarar o meio ambiente como
parte das nossas vidas. É preciso ter em mente que em um ambiente poluído, com
desmatamentos, sem água, hiper-consumo e inúmeras espécies de animais e plantas
sendo extintas, não teremos condições de nos manter vivos ou de garantir a vida
para as gerações futuras.
Profissionais mais dedicados ao estudo
e acompanhamento da “saúde da Terra” apontam três questões que preocupam
e podem levar a extinção da espécie humana dentro de alguns milhares de
anos: desperdício e poluição das águas, desmatamento e o hiper-consumo, aliado
à grande produção de lixo.
A questão da água é preocupante. A água
doce é um recurso vital para a humanidade e, apesar de parecer abundante, não é
inesgotável: de todo esse bem existente no planeta, somente 0,029% está nos
rios e lagos; 0,39% no subterrâneo, e 0,001% na atmosfera. O restante é água
salgada e imprópria para o consumo humano (97,2%), ou está nos pólos, na forma
de gelo (0,39%). Apesar disso, a ‘pouca educação ambiental’ faz com que vigore
a cultura do desperdício.
Nos últimos 75 anos a população mundial
(com 7,2 bilhões de pessoas) triplicou, fazendo com que a demanda por água
aumentasse em 60%. A estimativa é que se o consumo desordenado continuar, em
2025 a população estará consumindo 75% das reservas de água potável do planeta,
que poderá enfrentar um déficit de 40% no abastecimento até 2030, se não se
melhorar a gestão desse recurso. Atualmente, a água já é produto escasso para
mais de 2 bilhões de pessoas, metade delas residindo em áreas urbanas.
E a situação só se agrava, com a
alarmante contaminação dos recursos hídricos e o desperdício que se verifica,
principalmente na agricultura: a produção mundial de alimentos consome algo
perto dos cinco trilhões de metros cúbicos de água/ano. No Brasil, o uso de
agrotóxicos e fertilizantes é a segunda causa de contaminação da água. Uma
pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE aponta que 1.134 dos 5.281 municípios
brasileiros têm o solo contaminado por esses produtos.
Por esses números constata-se
facilmente que nessas terras abaixo da Linha do Equador a população utiliza mal
esse recurso natural, desperdiçando cerca de 40% da água potável destinada ao
consumo humano, segundo dados do Parlamento Latino Americano, em 2003. A ONU
estima que o desperdício de água poderia chegar, até, 20%.
Por ser um bem essencial, a água doce
deve estar na pauta de discussões sobre desenvolvimento e sustentabilidade dos
governos, em todos os níveis, a fim de definir, pelo menos, um programa de
educação ambiental que possa orientar a população para o fato de que esse
líquido não pode ser utilizado indiscriminadamente como ocorre nos dias atuais.
Bom seria que as pessoas pudessem parar
um pouco para refletir acerca das suas responsabilidades sobre os recursos
naturais e o modo de vida que levam. Essa reflexão pode ser feita hoje, dia 22
de março, quando se comemora o Dia Mundial da Água.
*Alexandre Acioli é jornalista,
especialista em Educação Ambiental
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