MEMÓRIA - Fernando
Santa Cruz, 26 anos, advogado, casado com Ana Lúcia e um filho de dois anos,
Felipe.
Jovem,
assistiu a chegada da ditadura e aos poucos foi tomando consciência política.
Começou a participar dos movimentos de esquerda, lutando pela retomada do
Brasil à democracia.
Por
conta das perseguições, prisões, risco de vida, Fernando deixou Olinda, os
amigos, a família. o pai, Dr. Lincol, a mãe, Dona Elzita, 9 irmãos e foi morar
em São Paulo.
No mês
de março de 1973, início do governo do ditador
Ernesto Geisel, Santa Cruz saiu de casa para encontrar com um amigo,
Eduardo.
Nunca
mais voltou. Desapareceu, evaporou.
Dona
Zita lutou para saber do paradeiro do filho a vida toda, e olha que viveu mais
de 100 anos. Destemida, foi à redação de jornais, falou em comícios, escreveu
cartas, visitou quarteis, fez tudo para encontrar Fernando, mas não adiantou.
Nunca se
sabe oficialmente o que aconteceu, porém todo mundo sabe que o jovem Santa Cruz
foi preso, sequestrado, torturado e assassinado pelos militares que tomaram o
país de assalto em 1964.
Marcelo
Santa Cruz, também advogado, irmão mais velho de Fernando, personagem querido
na Região Metropolitana do Recife, foi vereador de Olinda em mais de um mandato.
A
família Santa Cruz ainda hoje sente a dor de perda de Fernando. As feridas não
cicatrizaram. Muitos são solidários a Dona Zita e os seus, tanto que até um
livro – “Onde está meu filho?” – escreveram para contar a história, perpetuá-la
na memória do povo pernambucano e brasileiro.
Sempre
ouvi ou li alguma coisa sobre Fernando Santa Cruz, mas, confesso minha
ignorância, não sabia praticamente nada sobre o personagem. Foi preciso ler de
cabo a rabo “Onde está meu filho?” para sair um pouco do analfabetismo em que
vivia.
TREVAS - E agora me sinto um pouco melhor por
fugir das trevas e passar a conviver com Fernando, Marcelo, Dona Zita e demais
integrantes dessa família maravilhosa.
E me
pergunto: “Com 26 anos já se sabe o que quer? É possível tomar as decisões
acertadas, assumir o risco de enfrentar uma ditadura feroz tendo apenas um
corpo magro e algumas ideias?”
Era
correto, naquela época, enfrentar os gorilas através da luta armada? Isso
apenas não servia para justificar suas arbitrariedades?
Talvez
todos estivessem errados.
O José
Dirceu, a Dilma, Fernando Santa Cruz... Não seria mais prudente que esses
jovens, nos anos 60, tivessem ficado quietos, na escola, arrumando os neurônios
para combater a ditadura de outra forma?
Mas se
ninguém tivesse feito nada a ditadura por acaso teria sido menos feroz, teria
matado menos gente? Provavelmente não.
E, o
mais errado de tudo, é um Governo transformar o Estado numa organização
terrorista. Capaz de censurar, prender, sequestrar, torturar de todas as
formas, matar e depois mentir com a maior desfaçatez.
Fernando
Santa Cruz morreu jovem, é certo, veio muita tristeza com o que fizeram dele.
Mas ele pode ser conhecido ou relembrado como um herói. Um exemplo. Para os
irmãos, o filho, os jovens de hoje.
E os
seus algozes, os que o mataram, como podemos avaliá-los. Apenas como covardes,
assassinos? Como criaturas torpes que só merecem asco...
Fernando
e Elzita Santa Cruz, presentes.
Tudo ou quase tudo já foi dito sobre esses trogloditas, Criminosos hediondos onde todos deveriam pagar com prisões e perpétuas.. A tortura é uma covardia, parta de onde partirem, infelizmente aconteceu e essa mancha fica na nossa história. Muitos estão desaparecidos e a família a sofre até hoje, foi uma lástima, o que aconteceu nesse nosso País, verdadeiros trogloditas, tomaram de assalto a nossa nação pacífica, e mancharam a nossa história com sangue de indefesos, que dor dessas famílias, só Deus para consolá-los..
ResponderExcluirPARABÉNS, amigo Roberto! - Quase tudo já foi dito, conforme disse o Edmar, no seu modo de ver com BOM SENSO! - Mas, muita gente que pensa pela bitola de uma viseira, ainda quer esses imundos e abjetos cascas-grossas no comando deste país. - 2. Muita mentira aqueles amaldiçoados milicos inventaram. - No maior cinismo hediondo. - Prendiam, espancavam, torturavam e matavam! – Muita gente foi morta sem culpa formada; ou mesmo, sem culpa NENHUMA. - E tudo ficou por isso mesmo! - Se nosso povo tivesse a decência dos argentinos etc., aqueles canalhas teriam morrido numa prisão bem apropriada a eles. - Mas, não. - Os farsantes e mandantes daquela época, que já foram para os quintos dos infernos, foram numa boa! - E as famílias das centenas e dos milhares de Fernandos, ficaram chorando a dor da perda e do desengano, ante a falta do ente querido. - 2. Como bem disse o Roberto: com 26 ou 30 anos de idade, seria possível discernir qual a decisão melhor a tomar naqueles dias tenebrosos?! - Naquelas trevas em que o país mergulhou! - O certo é que muitos e muitos morreram e nem os corpos foram encontrados! - Para maior desgosto dos familiares que sofrem até hoje! - E de outros familiares que morreram com essa terrível dor. - É ISSO. /.
ResponderExcluirLembro ao escriba que quem opta por ir para a guerra armada abandonando até a família, sabe o que faz e sabe as consequências. Matou, atentou e roubou em nome da causa que seu filho que nem conheceu segue hoje, e sumiu. Não existem duas coisas: Guerra limpa e heróis. Numa guerra suja como esta os dois lados são as vítimas.
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