CINQUENTA ANOS DE UM DISCO MEMORÁVEL DE RAUL SEIXAS


Em 1975 Raul Seixas estava no auge da carreira.
Tinha se tornado conhecido em todo o Brasil, em 73,  com Ouro de Tolo, que lhe permitiu gravar no mesmo ano o LP , "Krig-ha, Bandolo!", álbum bem recebido pela crítica e pelo público.
No ano seguinte lançou "Gita", o disco mais bem sucedido de sua carreira, que vendeu 600 mil cópias em pouco tempo.
"Novo Aeon", o disco de 75, completou 50 anos.
Embora tenha a mesma qualidade de "Krig-ha Bandolo" e "Gita", não teve o mesmo êxito, vendendo apenas 60 mil cópias nos primeiros anos.
O tempo lhe fez justiça, porque é um álbum muito bom, com canções que se tornaram clássicas, como "Tente Outra Vez" (regravada mais tarde por outros artistas, como Elza Soares), e "Maçã". 
Esta música, "Maçã", pregando o amor livre, recebeu uma versão na voz de Simone, anos depois.
O disco tem ainda uns rocks  bons, como "A Verdade Sobre a Nostalgia", "Rock do Diabo" e "Paranoia". 
Esta faixa, "Paranoia", reflete o clima de medo da época da ditadura militar.
Nesta música Raul fala dos seus temores. Chega ao ponto de confessar que se vê algum papel "treme e corre para esconder".
Sobra até pra Deus, que na visão do cantor/compositor está vendo tudo "que cê faz", até no banheiro.
"Achava assombração", canta Raul Seixas.
Álbum de 1975 inclui "Tu és o MDC da Minha Vida", uma paródia às músicas românticas da Jovem Guarda e o que veio depois.
Para quem não sabe, Raulzito (nome artístico que o baiano também usou no início da carreira) antes de se tornar famoso como cantor compôs músicas um tanto bregas para Jerry Adriana, Odair José e Balthazar.
Jerry gravou "Doce Doce Amor", Odair incluiu num dos seus primeiros discos "Tudo Acabado" e Balthazar fez sucesso com com "Ainda Existe Amor".
Raulzito foi gravado ainda por Márcio Greyk e Vanusa, tendo feito um dueto com Wanderléa apresentado até na televisão.  
Mas,  voltando a "Novo Aeon", o álbum que completou 50 anos, a faixa "Sunseed", em inglês, é belíssima.
No final, a música título, que tem tudo a ver com a utopia de "sociedade alternativa" pregada por Raul Seixas.
O maluco beleza sonhava com um mundo novo, porém na década seguinte começou a se desiludir, a desacreditar das coisas.
Foi se entregando às drogas, principalmente ao álcool, seu trabalho começou a ter altos e baixos, até que em 1989 foi para o outro plano.
Mas nunca foi esquecido e hoje, muitos que nem sonhavam em nascer quando Raul estourou nas paradas, curtem o seu trabalho.
"Sociedade alternativa, sociedade novo Aeon
É um sapato em cada pé, 
é direito de ser ateu ou de ter fé
Ter prato entupido de comida que cê mais gosta
É ser carregado ou carregar gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar Jesus sofrer".
Esse foi o recado de Raul Seixas, 50 anos atrás.

Um comentário:

  1. Nunca curti, mesmo nos tempos da miha alienação. O cara é um satanista assumido. Além dos erros de português infantis que ele prepertou nas letras. Uma fraude!

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