O AMOR INTENSO DE GRACILIANO RAMOS E HELOÍSA LEITE


Graciliano Ramos, alagoano de Quebrangulo, era um sujeito frio, ateu, com ideias de justiça social na cabeça num tempo num tempo em que poucos se preocupavam com isso,  numa cidadezinha do interior do Nordeste.

Autor de Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere (os três livros adaptados para o cinema) era seco até em sua prosa. Realista. Duro, não gostava de floreios.

Mas Graciliano Ramos, viúvo de Maria Augusta, com quem teve quatro filhos, ao conhecer Heloísa Leite, quando era prefeito de Palmeira dos Índios, ficou tão apaixonado que escreveu cartas no melhor estilo José de Alencar.

O escritor tinha na época 35 anos. Ela 18.

"Apaga-se a luz, deito-me. O sono anda longe. Que vieste fazer em Palmeira? Por que não te deixaste ficar onde estavas? Por que me quiseste? Deram-te conselhos? Por que apareceste mudada em 24 horas? Eu te procurei porque endoideci por tua causa quando te vi pela primeira vez. Amo-te muito. Espero que ainda venhas a gostar um pouco de mim", escreveu em uma das cartas à amada.

E em outra:

"Estou numa situação dos diabos, minha filha, por tua causa. Devo repetir-te que te amo como um doido? Não repito, porque me parece que não é agradável ser amada de semelhante maneira. Provavelmente desejarias mais circunspecção, mais conveniência. O pior é que não me dou. E desde que te vi meti os pés pelas mãos e foi aquela chusma de disparates que bem conheces".

Apesar da diferença de idade, casaram e viveram juntos por muitos e muitos anos. Tiveram quatro filhos. 

Heloísa cuidou dos seus e foi uma mãe para os de Maria Augusta. E cuidou de Graciliano quando ele ficou doente.

*Fotos: https://carteado.wordpress.com/

Um comentário:

  1. Ué, e Graciliano não era materialista-ateu? E matéria se apaixona, procria, transa, chora? Esses ateus fundamentalistas, assim como os fundamentalistas cristãos, são uma piada.

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