GRUPO GLOBO PROIBIU O TERMO CHACINA, QUANDO DA MATANÇA NO RIO


O grupo Globo tentou "esconder" as mortes no Rio de Janeiro, quando do massacre promovido pelo governador Cláudio Castro.

Foram 122 mortes num só dia, mesmo assim os jornalistas da família Marinho não puderam usar o termo "chacina".

Abaixo segue um trecho da Revista Piauí a respeito da distorção no noticiário, nos veículos do grupo Globo

Depois da chacina policial nas comunidades da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, a chefia de jornalismo do Grupo Globo avisou por escrito à cúpula dos telejornais da empresa que o termo “chacina não deve ser usado por nós”. 

O mesmo comunicado orientou que se deveria evitar entrevistas com especialistas ou políticos que falassem em chacina para caracterizar o ocorrido nas comunidades.

Havia outras recomendações, informa o jornalista Fernando de Barros e Silva em um texto na edição deste mês da piauí, no qual ele analisa as escolhas feitas pela imprensa na cobertura da operação mais letal da história do país, com 122 mortos, cinco deles policiais. 

Os jornalistas do Grupo Globo não deveriam fazer comentários sobre o sucesso ou o fracasso da operação. As perguntas aos entrevistados deveriam ser sóbrias e sem juízos de valor. Os repórteres deveriam se esforçar para entrevistar as autoridades de segurança do Rio e dar amplo espaço para suas explicações. Os analistas deveriam ter cuidado para não se precipitar em julgamentos. Dizia-se ainda que havia uma polarização entre esquerda e direita em torno desse assunto, e que a Globo não deveria dar munição para nenhum dos lados.

Barros e Silva observa que esse conjunto de diretrizes, na prática, comprometeu não só o espírito crítico, que é parte do bom jornalismo, mas a própria busca pela verdade, sacrificada no altar do oficialismo.

Foi assim que o Jornal Nacional de 28 de outubro, dia do massacre, julgou mais importante abrir o noticiário pelos transtornos e pela sensação de caos que a reação dos traficantes produziu no Rio do que pela chacina. Só depois de ser informado sobre a “batalha” que paralisou a cidade, só depois de saber que os traficantes usaram “até drones para o lançamento de bombas”, que armaram “barricadas” pela cidade, que “mais de oitenta foram presos”, o telespectador foi apresentado à notícia das “dezenas de mortes”.

A ordem dos fatores, neste caso, altera o produto: funciona como se as mortes estivessem justificadas por tudo que aconteceu. Para o Jornal Nacional de 28 de outubro de 2025, o massacre do Alemão não foi o principal acontecimento do dia.

A edição impressa do jornal O Globo no dia seguinte estava em linha com o Jornal Nacional da véspera. A manchete estampava em letras maiúsculas “A METRÓPOLE-REFÉM”, e dizia na linha de baixo, em letras minúsculas, “64 mortos e milhões sob o medo”. Como se ainda houvesse dúvidas de que o centro das atenções do Grupo Globo não estava exatamente no número de mortes, àquela altura ainda parcial, mas estarrecedor, o jornal trazia um editorial intitulado Operação expõe limite estadual no combate ao crime. Começava assim: “A resistência feroz que a polícia fluminense encontrou na operação desta terça-feira contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, é demonstração eloquente dos limites enfrentados pelos governos estaduais no combate às organizações criminosas.”

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