E aí, quando saem resultados do levantamento de campo, para auscultar os humores do eleitorado, alguns duvidam, muitos não dão crédito nenhum e outros aproveitam para fazer comentários que revelam total desconhecimento a respeito do que está sendo divulgado.
Hoje mesmo saiu uma pesquisa para auferir a tendência do eleitorado pernambucano com relação a disputa política estadual de 2026.
Como outras pesquisas divulgadas anteriormente, esta trouxe o prefeito do Recife, João Campos (PSB), como o candidato preferido dos eleitores, bem à frente da atual governadora, Raquel Lyra.
Para uns a pesquisa foi feita dentro da prefeitura do Recife, somente na capital ou na Região Metropolitana do Recife, deixando de fora o interior.
Não é assim que a coisa funciona.
Uma pesquisa eleitoral, quando é feita, tem de levar em conta o número de pessoas aptas a votar, a densidade de cada região do Estado, levar em conta se o entrevistado é do sexo masculino ou feminino e até a faixa de sua renda familiar.
Nenhum instituto que queira ser levado a sério, ter credibilidade no mercado, pode restringir uma pesquisa a um determinado setor público, concentrar os questionários somente na capital, ou adotar qualquer metodologia no sentido de manipular o resultado.
Se uma empresa fizer isso está sujeita a ter problemas sérios com a justiça e pode mesmo virar caso de polícia.
No caso de Pernambuco, de 2024 para cá já foram feitas pelo menos 10 pesquisas para governador.
Cinco ou seis institutos diferentes já estiveram em campo, e nenhum, até o momento, mostrou tendência diferente com relação aos nomes de João Campos e Raquel Lyra.
Então, considerando essa realidade significa que o socialista já ganhou a eleição?
De forma nenhuma.
Falta mais de um ano ainda para o povo ir às urnas e até lá muita coisa pode acontecer.
A governadora começou a fazer mais entregas neste terceiro ano de governo, tem toda uma máquina a seu favor e fará tudo para chegar em 2026 em condições de enfrentar em pé de igualdade o seu adversário.
Na política, muitas vezes, a situação muda de um momento para outro.
Em Pernambuco mesmo tivemos duas disputas pelo governo em que a vontade do eleitor mudou já relativamente perto do dia da votação.
Armando Monteiro liderava todas as pesquisas em 2014 e Paulo Câmara não conseguia sair de 8% nas pesquisas.
A morte do ex-governador Eduardo Campos, padrinho político do candidato do PSB, causou uma comoção tão grande no Estado que Paulo disparou, passou Armando e ganhou logo no primeiro turno.
Em 2022 Marília Arraes liderou todas as pesquisas até o dia da eleição com larga vantagem.
Até o domingo, nem se sabia quem ia disputar o segundo turno contra ela, se Miguel Coelho, Danilo Cabral, Anderson Ferreira ou Raquel Lyra.
A morte inesperada de Fernando, marido de Raquel, mudou tudo.
Um sentimento de simpatia pela viúva tomou conta do eleitor e por pouco ela não ficou em primeiro lugar já no primeiro turno.
Ficou atrás de Marília por poucos votos e já entrou no segundo turno como favorita.
A campanha da neta de Arraes entrou em "parafuso" e Raquel só teve de administrar bem a vantagem que passou a ter por conta da comoção do eleitorado.
Em 2026 vamos ter dois fortes nomes na disputa: a própria governadora, que já provou saber fazer política e tem uma máquina gigantesca ao seu lado, e o prefeito João Campos, novo na idade, mas com um know-how quem vem do tempo do seu bisavô, o ex-governador Miguel Arraes.
Raquel, aparentemente, terá mais estrutura financeira de campanha, por ser a governadora, mas ninguém subestime o adversário, que certamente está preparado para enfrentar todo o poder econômico da oponente.
João terá a estrutura da prefeitura do Recife ao seu lado mesmo quando não estiver mais no cargo, poderá contar com o respaldo de alguns ministros de Lula e à boca miúda se diz que sua mãe, Renata Campos, tem uma fortuna pessoal de assombrar e ela poderá dar uma boa ajuda ao filho.
Assim, devemos ter pela frente um "duelo de gigantes".
Se a eleição fosse hoje, João Campos venceria com folga. Acontece que os pernambucanos só vão votar em outubro do próximo ano. Até lá, poderemos ter uma outra realidade.
É esperar para ver o que vai acontecer. Raquel Lyra poderá reverter o quadro. Ou não. Vai depender do adversário, da campanha, de algum fato novo e dos humores dos eleitores, que não dá para saber como estarão com um ano e meio de antecedência.
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