A decisão da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, de proibir a presença de torcedores nos jogos do Sport e do Santa Cruz, em resposta aos episódios de violência ocorridos fora dos estádios entre as duas torcidas, é, no mínimo, questionável e reflete uma abordagem simplista e punitiva que acaba por penalizar justamente aqueles que não têm responsabilidade direta pelos conflitos. Ao invés de resolver o problema de forma estrutural, a medida adotada pela governadora acaba por castigar os torcedores verdadeiros, que são apaixonados por seus clubes e que frequentam os estádios de forma pacífica, além de prejudicar diretamente os trabalhadores que dependem dos dias de jogos para garantir seu sustento.
A proibição de torcedores nos estádios é uma medida extrema que ignora a complexidade do problema. A violência entre torcidas organizadas é um fenômeno que precisa ser combatido com inteligência, planejamento e ações preventivas, e não com medidas generalizadas que afetam toda a comunidade esportiva. O setor de inteligência da Polícia Militar falhou ao não identificar e agir preventivamente diante das evidências de que as torcidas estavam marcando brigas pelas redes sociais. Essa falha operacional é grave e demonstra uma falta de preparo e de estratégia para lidar com situações que, infelizmente, já são recorrentes no cenário do futebol brasileiro.
Ao invés de proibir a presença de torcedores, a governadora deveria ter investido em medidas mais eficazes, como o aumento do policiamento nas áreas de risco, a identificação e punição dos responsáveis pelos atos de violência, e o diálogo com as torcidas organizadas para promover uma cultura de paz e respeito. Além disso, a criação de um sistema de monitoramento mais eficiente das redes sociais e a colaboração com as plataformas digitais poderiam ajudar a prevenir conflitos antes que eles aconteçam.
A decisão de Raquel Lyra também impacta negativamente a economia local. Os dias de jogos são momentos importantes para vendedores ambulantes, comerciantes, profissionais de transporte e muitos outros que dependem do movimento gerado pelos estádios para sobreviver. Com a proibição, essas pessoas são diretamente afetadas, perdendo uma fonte essencial de renda em um momento em que a economia já enfrenta desafios significativos.
Em resumo, a governadora de Pernambuco errou ao adotar uma medida que pune os inocentes e não resolve o problema de forma eficaz. A proibição de torcedores nos estádios é uma solução paliativa que ignora as verdadeiras causas da violência e desconsidera o impacto social e econômico da decisão. É preciso que o poder público atue de forma mais inteligente e responsável, garantindo a segurança sem sacrificar a paixão pelo futebol e o sustento de milhares de pessoas.
*"Enfiar os pés pelas mãos é uma expressão popular dita quando uma pessoa comete um erro, faz uma trapalhada. Como se usasse os pés, quando deveria usar as mãos, "pondo tudo a perder".
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