Bicho Solto é uma das grandes canções de Roberto Carlos.
Criada durante a pandemia, a música só foi apresentada ao público no final do ano passado.
Muitos dos fãs amaram. Alguns fizeram questão de registrar que o artista compôs a música aos 83 anos.
Não tem nada a ver com etarismo. É que não é tão comum fazer canções - ainda mais bonitas assim - depois dos 80 anos.
Mas teve gente também, mesmo entre os admiradores de Roberto, que não gostou de Bicho Solto. Vi pessoas reclamando da letra.
Na minha avaliação, apesar dos lugares comuns, de algumas rimas óbvias, o compositor foi extremamente feliz, poético, ao fazer uma analogia entre um cão de rua e um homem sem rumo, por não ter encontrado ainda seu par ou sua alma gêmea.
Um vira lata, sem valor, pode se tornar um companheiro, um amigo, se encontrar um dono que cuide bem dele, que lhe dê amor.
Assim também um homem sem objetivos, na estrada, nas ruas, nos bares, pode se tornar outra pessoa ao encontrar a mulher certa, que vai lhe dar aconchego, iluminar sua vida.
Roberto Carlos sempre abusou de lugares comuns, evitou metáforas, até porque ele sabe de suas limitações.
Nessa música, porém, feita em plena maturidade, ele não foi tão direto assim.
E usou sim uma figura de linguagem, na elaboração de uma letra encantadora, emoldurada numa valsa jogada como uma flecha, no coração dos românticos.
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