Uma guerra nas ruas, uma festa no estádio!
Esse foi o clima que envolveu o jogo Santa Cruz e Sport Recife, disputado ontem à tarde, no Arruda.
Torcidas organizadas da capital e cidades da Região Metropolitana tocaram o terror em diversos bairros.
Arrastões, empurrões, bombas, agressões selvagens. Pernambuco teve uma espécie de 8 de janeiro do futebol, no dia 1º de fevereiro de 2025.
Alguns políticos, como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Álvaro Porto, pediram que o jogo fosse adiado.
Porém o presidente da FPF, Evandro Carvalho, resolveu manter a partida.
Dentro de campo, o clima foi outro e Santa e Sport fizeram um clássico à altura de uma tradição de mais de 100 anos.
Foi um jogão de bola, as duas equipes buscando o gol, o goleiro tricolor fazendo grandes defesas, os rubro-negros mandando três bolas na trave, o Santinha perdendo oportunidades, mas sendo premiado, no fim com uma cabeçada certeira de Douglas Skilo.
A torcida do Santa Cruz fez uma festa bonita no estádio do Arruda.
Não podia ser diferente. Um time com uma folha de R$ 400 mil, contra outro de R$ 2 milhões. Um que está na série D, outro na série A.
Quem viu pela televisão ou no estádio, facilmente percebeu que o Sport tem melhores valores individuais, jogadores experientes, confiantes.
Já o Santa jogou na base da vontade, da determinação, de cada um por todos e todos por um.
Na luta de Davi contra Golias, o pequeno venceu o gigante, repetindo a história bíblica.
Há cinco anos sem vencer um clássico, o tricolor pernambucano levou sua apaixonada torcida à loucura.
Depois da confusão nas ruas, da festa no Arruda, a governadora Raquel Lyra anunciou que os próximos jogos entre os dois times serão sem torcida.
O Secretário de Defesa do Estado, Alessandro Carvalho, concedeu entrevista e garantiu que a polícia não falhou, nos episódios de violência no Recife e arredores.
A governadora desagradou os dois clubes e alguém cutucou: "lembra a ela que as brigas foram fora do estádio!".
Quanto à declaração do secretário é no mínimo infeliz. Se a polícia não falhou, imagine você, caro leitor, se tivesse falhado.
O Santa e o Sport merecem aplausos pelos que fizeram dentro de campo.
Os torcedores que vandalizaram nas ruas merecem nosso repúdio e punição das autoridades.
Quanto à governadora e seu secretário, numa gestão que está no terceiro ano, parece que ainda estão aprendendo a trabalhar.
Erraram e erraram feio.
Aqui no interior já se sabia, pelas redes sociais, antes do jogo, que o clima era de animosidade.
Aí o serviço de inteligência das polícias não tinha como imaginar que uma guerra estava para acontecer?
Proibir as torcidas nos próximos jogos é só para passar a impressão que temos um governo forte.
Não vai resolver o problema. Se todas as brigas sérias registradas foram nas ruas, tinha de proibir as torcidas organizadas nos locais onde elas provocaram o terror.
Puniram os estádios e os torcedores, sem levar em conta que no Arruda não aconteceu nada que justificasse um ato de força, e deixaram margem para novos atos de vandalismo no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e outra cidades da RMR.
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