Se pudesse relia tudo de Machado de Assis, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e os livros que gosto mais de Jorge Amado, Érico Veríssimo e Clarice Lispector.
Como não tenho a obra desses autores à mão e não é fácil conseguir tantos livros, vou fazendo uma segunda ou terceira leitura do que tenho em casa.
Gosto muito das biografias escritas por Fernando Moraes. Então duas ou três já li pelo menos três vezes.
Os livros do Paulo César Araújo daqui a pouco tenho dois deles decorados.
Este final de semana peguei por acaso (meus livros estão amontoados em diferentes partes da casa) "Neblinas e Serenos", de Gilvan Lemos.
O livro é melhor do que o título e uma das novelas do volume, "As Filhas do Padeiro", é uma verdadeira obra prima da literatura brasileira.
Gilvan Lemos nasceu em São Bento do Una e é, depois de Alceu Valença, o nome mais importante da cidade no campo das artes.
O escritor pernambucano, embora desconhecido por muitos (é sempre importante lembrar que no Brasil se lê pouco), recebeu vários prêmios importantes, a nível estadual e nacional.
Ganhou, inclusive, o Prêmio Érico Veríssimo, um dos mais importantes do Brasil na área de literatura.
Vejo, inclusive, alguns pontos comuns na obra do escritor gaúcho e do pernambucano.
Ambos retrataram a terra ou o estado natal, criaram grandes tipos humanos, foram bons contadores de história e escreviam sem muito requinte.
Seus livros são bem accessíveis, podem ser compreendidos sem dificuldade, o que não significa que foram simplórios.
Érico deixou uma obra formidável. Gilvan, embora menos conhecido também deu uma contribuição importante à literatura e a cultura brasileira.
"Jutaí Menino", seu primeiro romance, não somente eterniza São Bento do Una como extrapola o regional e pode agradar o leitor de qualquer cidade do país ou do exterior.
É um livro bem escrito, romance bem construído que pode ser lido e relido com satisfação.
Pessoalmente, acho que está no mesmo nível de algumas obras de Érico, de Graciliano e de outros grandes nomes das letras nacionais.
"A Filha do Padeiro", uma novela que pode ser lida em 30 ou 40 minutos, representa à perfeição uma vila do interior.
Os personagens - o dono da padaria, sua esposa, as três filhas - são bastante representativos de tipos que conhecemos em cidades pequenas como Capoeiras, Caetés, Angelim, São Bento e mesmo a Garanhuns de algumas décadas atrás.
Neste conto (ou novela) há uma crítica bastante direta ao pedantismo dos que têm mais recursos, à artificialidade dos que vivem nas cidades grandes, ao preconceito contra as pessoas simples do interior.
Gilvan Lemos publicou "Neblinas e Serenos" na década de 90, mas as histórias do livro se passam numa época um pouco mais distante.
E o autor, de maneira bastante clara, condena a mesquinharia e a fofoca de lugar pequeno, com uma crítica bastante acentuada ao papel da mulher numa sociedade machista.
No Brasil atual metade da população não lê livros, conforme pesquisa realizada recentemente.
É uma pena. Se mais pessoas lessem - Gilvan Lemos, Osman Lins, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Jorge Amado, José de Alencar, Machado de Assis - seriam mais conscientes.
Pessoas que leem esses e outros autores exercitam a inteligência. Certamente, mesmo que não gostem muito de política, ficam mais aptos a escolher melhor os seus governantes.
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