Quinteto Violado, uma das bandas de música mais antigas em atividade no Brasil, completa 50 anos em 2021 e tem a sua história resgatada em livro. A biografia do grupo, Lá Vêm os Violados, foi escrita pelo jornalista José Teles, lançada pela Cepe e pode ser encontrada nas lojas da Editora a partir da próxima quarta-feira (20). Nas 248 páginas da publicação, ele relata a trajetória do Quinteto desde a estreia no ano de 1971, em Nova Jerusalém, cidade-teatro construída no Agreste pernambucano, até o projeto Na Estrada, com a banda de Pau e Corda, interrompido em 2020 pela pandemia da Covid-19.
Para rever os 50 anos do Quinteto Violado e mostrar a importância do grupo pernambucano na cultura brasileira, José Teles conversou com os músicos e seus parceiros, produtores e amigos. Também fez uma extensa pesquisa em matérias publicadas sobre a banda em jornais e revistas. O resultado é a história do Quinteto contada pelos shows, discos, viagens nacionais e internacionais, entradas e saídas de integrantes. Tudo isso contextualizado com o momento político (a banda surgiu em plena ditadura militar), musical (a Bossa-Nova e o Tropicalismo já tinham passado) e social do País.
O livro foi lançado originalmente em 2012, pelas Edições Bagaço, para marcar os 40 anos do Quinteto, celebrados em 2011. “Esta é a terceira edição de Lá Vêm os Violados, refeita, atualizada e acrescida de mais dez anos”, informa José Teles. “Na música brasileira, o Quinteto Violado tem importância equivalente a Chico Science & Nação Zumbi (banda nascida na cidade do Recife no começo da década de 1990), à época em que foram criados”, declara o jornalista. “Eles levaram para fora do Estado ritmos como ciranda e cavalo-marinho. No rastro do Quinteto surgiram muitos grupos, como a Banda de Pau e Corda e o Concerto Viola, em Pernambuco, e o Bolo de Feira, de Sergipe.”
José Teles destaca o envolvimento dos artistas com os ritmos nordestinos no capítulo 6 da publicação: “O Quinteto Violado trouxe à tona essa música popular que era ignorada no Brasil e que mesmo em Pernambuco tornara-se invisível. Além disso, foi pioneiro na renovação do Carnaval pernambucano, mesmo gravando frevos com outra instrumentação, em que a flauta era o instrumento solo, algo que não agradava aos puristas. Duda no frevo nunca foi tão executado pelas rádios desde que seu autor, Senô, o compôs para homenagear o amigo Ursicino, ou Maestro Duda. Foi o primeiro frevo feito por um pernambucano a tocar o ano inteiro.”
Revolucionário na forma de criar arranjos para músicas já conhecidas, o Quinteto Violado contribuiu para dar mais visibilidade ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912-1989), ao gravar canções do artista pernambucano. “O arranjo para Asa Branca é muito badalado”, destaca José Teles. De acordo com os artistas, para Luiz Gonzaga esse foi o mais lindo arranjo já feito para Asa Branca. O Quinteto, comenta José Teles, sempre dividiu o palco com convidados. “Dominguinhos (sanfoneiro, 1941-2013) andou bastante com o Quinteto, muita gente achava que ele fazia parte da banda”, comenta. “E Gonzaguinha (cantor e compositor, filho de Luiz Gonzaga, 1945-1991) abria shows para eles.” No livro, a paraibana Elba Ramalho recorda que foi ao Rio de Janeiro com o Quinteto Violado, para participar de um espetáculo do grupo, e de lá não mais retornou, seguindo a carreira artística.
Numa época em que as gravadoras apresentavam novos músicos em compactos, para testar a receptividade do público, o disco de estreia do Quinteto, lançado em 1972 pela Philips, com o mesmo nome da banda, foi um LP. “Isso era uma coisa muito difícil de acontecer”, ressalta José Teles. “Lá Vêm os Violados é a história de uma banda que escreveu, e continua escrevendo, um dos mais ricos capítulos da música popular brasileira”, afirma o jornalista na introdução do livro. O título reproduz a expressão usada por um garoto que brincava com amigos, em Nova Jerusalém, ao avistar os músicos. E acabou batizando o grupo, que ainda não tinha nome naquele primeiro show, em 9 de outubro de 1971.
Da formação inicial, há apenas Marcelo Melo (voz e violão). Mas os demais integrantes não são novatos. O flautista Ciano Alves faz parte do Quinteto desde 1979 e o mais novo dos músicos, Sandro Lins, ingressou há mais de dez anos para tocar contrabaixo, observa José Teles. Os outros violados são Dudu Alves (tecladista e arranjador) e Roberto Medeiros (percussionista). Em 50 anos, 15 músicos, sem contar os convidados, passaram pela formação do Quinteto, que lançou álbuns por seis gravadoras nacionais e duas estrangeiras. Toinho Alves, contrabaixista, um dos fundadores e peça fundamental para o grupo, morreu em maio de 2008, aos 65 anos, após sofrer infarto.
“No livro Lá Vêm os Violados, agora em sua terceira edição ampliada, José Teles repassa a trajetória de uma das mais antigas bandas de música brasileira e faz isso não só com respaldo crítico, mas principalmente trazendo o contexto de como estava a música pernambucana, a música brasileira, a vida dos integrantes do grupo”, declara o jornalista e editor da Cepe, Diogo Guedes. “José Teles mostra de que contextos, de que questões, de que debates são feitas as músicas do Quinteto ao longo dessas cinco décadas e como eles vão sempre se atualizando, se reinventando e pesquisando novos caminhos”, acrescenta Diogo Guedes.
Quarta-feira (20), a partir das 18h, haverá um ponto de venda do livro no hall do Teatro de Santa Isabel, onde o Quinteto Violado vai realizar show comemorativo pelos 50 anos, às 19h, apenas para 200 convidados.
Serviço
O que: Lançamento do livro Lá Vêm os Violados - Os 50 Anos da Trajetória Artística do Quinteto Violado
Preço: R$ 50 (impresso) e R$ 15 (e-book)
Onde comprar: Lojas físicas e
virtual da Cepe (www.cepe.com.br/lojacepe/).
*Da Assessoria de Imprensa da CEPE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário