CONTEXTO

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Pesquisas Eleitorais

PRECISAMOS VER ALÉM DO NOSSO SOFÁ


Por Homero Fonseca*
Nós, que compreendemos a necessidade do isolamento social e temos condições de praticá-lo, lembremo-nos daqueles que não têm meios de sobreviver na quarentena. Só uma ajuda financeira direta e maciça do governo pode salvá-los. Como aliás estão fazendo grandes economias capitalistas, como EUA e Reino Unido. Do contrário, eles irão para as ruas em busca da sobrevivência (e estão sendo incentivados pelo próprio chefe do governo, que nada está fazendo para ampará-los). Morrerão como moscas. E espalharão o vírus.
Roguemos pelos humilhados e ofendidos. Façamos barulho: cobremos medidas concretas para os mais pobres poderem suportar a pandemia. O fornecimento de uma renda básica para milhões de trabalhadores informais envolve uma logística monumental, que não se constrói da noite para o dia. Quanto mais demorar, pior.
Pensemos no que podemos fazer, além de compartilhar dicas sobre como tornar mais confortável nosso confinamento. É certo bater panelas, protestar nas redes sociais. Aplaudir os médicos e enfermeiros? Certíssimo. Aplaudamos também os garis, os garotos entregadores, os balconistas e as
caixas dos supermercados, padarias e farmácias. Os jornalistas, os taxistas e policiais que estão nas ruas.
E ponhamos a mão na consciência: quem puder liberar (ou ao menos reduzir a jornada) suas empregadas domésticas sem cortar salário deve se sentir moralmente compelido a fazê-lo.
Não estou querendo ser sentimental. Estou apelando à nossa Humanidade.
*Homero Fonseca é jornalista, escritor e consultor literário. Foi editor da revista Continente. Autor do romance "Roliúde", entre outros livros.

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