Por Samuel Salgado
A
vida dá muitas voltas. Ione partiu para a eternidade. Perdeu a dura peleja
travada durante 43 dias contra a doença. Quem diria, hein! Ela se cuidava.
Tinha muito vigor, muita saúde. Era sinônimo de vida. Nunca pensei que esse dia
pudesse chegar tão inesperadamente. A fé inabalável, através das orações,
acompanhou nossa família durante sua enfermidade, um tipo raro de tumor maligno
no cérebro. Os médicos nada puderam fazer.
É
assim! A Divindade nos concede a vida e nos tira.
Não
me conformo com sua partida. É momento de incredulidade e angústia. É difícil
entender o que aconteceu! Nada vai substituí-la. Mas, tudo acontece como têm
que ser. Não adianta tentar encontrar explicações, senão você para no tempo. Nunca
poderia imaginar, mesmo no pior pesadelo, estar com toda a família passando o
réveillon na praia de Porto de Galinhas e, menos de dois meses depois,
presenciar, no Cemitério Morada da Paz em Paulista, o funeral de Ione que foi
marcado por oração, louvor e muita emoção.
Naquele
momento, quase sem forças, me aproximei do caixão, num gesto de carinho e
despedida, afaguei suas mãos. Instantes depois me afastei e não contive a
emoção, suavemente as lágrimas escorreram pelo rosto. Este foi meu jeito humano
de silenciosamente reverenciá-la. Foi um dos momentos mais difíceis do meu
viver. Ione ficará como modelo de fé e fidelidade a Deus. Sempre foi uma pessoa
de Deus. Sabia levar a vida com muita leveza e tranquilidade.
Ela
está eternizada na sua descendência e na saudade dos familiares e amigos. Os
dias vão passando e a vida continua.
Enquanto
escrevo, deixo que as lembranças tomem conta de mim. Guardo na memória, para
sempre, seu semblante tão cheio de vida. Ione, sempre foi muito elegante e de
uma alegria contagiante que encantava a todos.
Sinto
falta do seu sorriso cheio de amor, da sua ternura, dos seus cuidados, do seu
ilimitado carinho. Estas recordações vou carregar comigo. Vai ser sempre assim
pelo resto de minha vida.
Ah,
quanta saudade!
Naquele
sábado, 10 de janeiro de 1970, eu e Ione iniciamos um relacionamento que durou
50 anos, sendo oito anos de namoro e noivado, mais quarenta e dois anos de
casamento. Ela tinha 16 anos e eu 20.
Desta
união fomos abençoados com três filhas, um filho, três netos, três genros e uma
nora.
Sempre
imaginei eu e Ione velhinhos, eternos namorados, de mãos dadas, vida afora! Mas
a vida tem seus mistérios e nos deixa sem resposta!
Mulher,
esposa, mãe, avó e sogra exemplar. O amor por mim, pelos filhos, o
enternecimento diante dos netos, o carinho e a dedicação a todos os seus
familiares, eram imensuráveis. Foi uma dádiva que Deus nos proporcionou.
A
missa de sétimo dia foi realizada em três locais. No Santuário de São Pedro e
São Paulo, em Belo Jardim, na Matriz da Várzea, em Recife, e na Matriz de São
José em Angelim, a mesma em que Ione foi batizada e também, e onde foi
celebrado nosso matrimônio. Quase todos os familiares estavam presentes. A
Igreja estava lotada e antes do início da missa, muito emocionado, abracei e
agradeci a cada pessoa que compareceu.
A
celebração foi realizada com simplicidade e muita emoção pelos Padres Dorgival
Nicácio e Cícero Félix, amigos da família. Ambos fizeram importante relato
sobre a trajetória de Ione neste mundo.
Na
sequência, minha filha Danielle leu uma mensagem contida no livreto/lembrança
que foi distribuído com as pessoas presentes. No livreto, consta também o texto
de Santo Agostinho que diz:
A morte não é nada. Eu
somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que
eu era para vocês, continuarei sendo. Não estou longe, apenas estou do outro
lado do Caminho. Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e
bela como sempre foi.
Ao
fim da missa, foi exibido um vídeo em homenagem a Ione, lembrando momentos
inesquecíveis de sua vida. Devemos sempre lembrá-la com alegria, amor e muita
saudade.
“O
amor verdadeiro nem a morte separa. Ione presente, hoje e sempre!”
Seu esposo e eterno namorado, Samuel
Salgado. Recife, março de 2020.
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