Era inocultável a militância anti-PT dos
integrantes do Partido da Lava Jato nas redes sociais.
Faltavam, contudo, as provas documentais da atuação
secreta deles no porão da Lava Jato – que o ministro do STF Gilmar Mendes compara
a uma organização criminosa [OrCrim].
Os integrantes desta organização dedicavam-se com
fervorosa obstinação ao esforço para impedir o que temiam ser o “risco” de
retorno do PT ao Palácio do Planalto. A Lava Jato, então, foi transformada
no bunker de Dallagnol e Moro para atacar Lula e o PT.
O efeito da militância partidária desses agentes
públicos em conluio com a Rede Globo e a mídia suja foi expressivo tanto na
eleição municipal de 2016 como na presidencial de 2018 – 2 momentos para
conferir aparência de “normalidade institucional” do golpe e do avanço do
regime de exceção.
Hoje já é bastante aceitável pela crônica política
que o bombardeio Globo-Lava Jato na boca-de-urna para prejudicar o PT em 2016
influenciou aquele que acabou sendo um dos mais desfavoráveis desempenhos
petistas em eleições municipais nos últimos 20 anos [ler em A vitória do banditismo].
Também já era público e notório o ataque de Sérgio
Moro à candidatura de Haddad na eleição de 2018 com a divulgação surpreendente
e sem motivo processual aparente, da delação fraudulenta do Palloci.
Estava faltando se conhecer e se comprovar outras
atividades secretas dos demais integrantes da OrCrim.
Esse segredo foi agora revelado pelo Intercept no
diálogo em que Deltan Dallagnol instrui colegas a acelerarem investigações
contra o petista Jaques Wagner para prejudicar o desempenho eleitoral de Haddad
na Bahia e no nordeste e, desse modo, evitar o risco da eventual derrota do
Bolsonaro, o candidato deles.
Em conversa com parceiros em 24 de outubro de 2018,
a apenas 4 dias antes do 2º turno da eleição, Dallagnol pergunta: “caros,
Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”.
Atento às pesquisas que mostravam crescimento de
intenções de voto no Haddad faltando 4 dias para a votação, Dallagnol explica
que “Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkk”.
Ao ser lembrado por uma colega que Jaques Wagner já
tinha sido alvo infrutífero de outra operação abusiva da Lava Jato – fato que
tornaria ineficaz o novo espetáculo – Dallagnol então insistiu: “Acho que,
se tivermos outra coisa pra denúncia, vale outra busca e apreensão até por
questões simbólicas. Mas temos que ter um caso forte”.
É importante frisar o interesse do Dallagnol em
promover uma ação de interesse partidário por questões simbólicas!,
para reforçar na população o vínculo do PT e do candidato Haddad com escândalos
de corrupção.
Não se está mais somente diante de falhas
funcionais graves cometidas por servidores públicos que, como cidadãos e
cidadãs, têm plena liberdade de escolha política e militância partidária.
No caso concreto, está-se diante de crime praticado
por agentes públicos do sistema judicial brasileiro que aparelharam as
instituições e usaram seus cargos para combater inimigos políticos, favorecer
aliados ideológicos para viabilizar um projeto de poder.
Esses procuradores e juízes que agiram como
integrantes de uma organização criminosa, mafiosa, envergonham as carreiras
públicas e todo o funcionalismo público do país.
Eles já deveriam estar afastados dos cargos
públicos há muito tempo, inclusive para evitar que continuem destruindo provas
que os incriminam [aqui] e para serem julgados e condenados à
luz das normas do próprio Estado de Direito contra o qual eles conspiram para
atingir fins políticos.
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