Adelmo Camilo, garanhuense da gema, é
formado em Pedagogia pela UFRPE e fez pós-graduação em Cultura e Literatura.
Começou a se interessar pela poesia desde cedo e fez parte da Sociedade dos
Poetas Vivos João Cabral de Melo Neto, um grupo formado por jovens que fez
história em Garanhuns, coordenado pelo professor Eliel Duarte.
Camilo editou jornais literários, participou
do livro com a coletânea de poemas da Sociedade João Cabral e ao longo dos anos
tem aprimorado suas técnicas de escritor e poeta.
Há pouco tempo o jovem Adelmo Camilo (tem
pouco mais de 30 anos) lançou o livro “Cãomalehomem”, um trabalho maduro, que
revela o talento do garanhuense, atualmente trabalhando como Coordenador
Pedagógico do Ensino Fundamental II, no Colégio Diocesano.
“Cãomalehomem”, a partir do título, joga com
as palavras, é objetivo, conciso e traz poemas, em sua maioria curtos, que
dizem muito em poucas palavras.
Dividido em partes, o livro faz uma
reflexão sobre o homem, o amor (ou amores), os tempos de hoje, a inversão de
valores, as paixões, a própria arte da poesia.
É um livro para ser lido e relido muitas
vezes, pois alguns versos são muito inspirados e estão dentre os melhores já
produzidos em nossa literatura.
Como no sensual poema “Era uma vez...”
Ela estava
Com
Um vestido
Nu
Corpo lindo
E ele a
conquistou
E antes
mesmo do casamento
Descobriram-se
Huma-nus
Em Análise
de uns Dezcursos, dedicado “ao mestre sem carinho”, fina ironia em relação
aos professores ou intelectuais cheios de títulos, que arrotam por aí sua
sapiência:
Tem
doutorado
É “phdeus”
E cospe
nos discípulos
A saliva
que não tem
Há espaço para uma crítica à cidade, nos versos de “Drogarias”:
Garanhuns
das farmácias e das igrejas
Das hecatombes
diáras
Garanhuns
doente
Mas ô
cidade!
Sem fé
não há cura.
Outra pérola em “Descorado”:
Estou
branco (todo)
Antes era
preto e branco (por fora)
Dentro de
mim havia um arco-íris.
A sensualidade
novamente no jogo de palavras, no feliz uso de blue (do inglês) em “A Cor da
Pele”:
Me excitei
Com o
azul
De sua
Nudez.
O livro de Adelmo Camilo pode ser encontrado
na livraria Café, na Avenida Rui Barbosa, ou no Colégio Diocesano.
“Cãomalehomem” tem orelha do professor e
escritor Paulo Gervais e prefácio do também escritor Wagner Marques. Os dois não
colocariam seus nomes num livro que não tivesse qualidade.
Na verdade, é impossível não gostar da
poesia de Camilo.
*Foto: Reproduzida da página do Facebook do escritor.
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