Com a privatização da
Eletrobrás, pelo Governo Temer, um setor estratégico da economia nacional vai
passar às mãos do capital internacional. Tudo indica que os chineses vão
comprar a empresa brasileira, construída 64 anos atrás, e considerada um dos
principais patrimônios do país.
A iniciativa do peemedebista,
que chegou ao poder não propriamente pelo voto, mas devido a manobras desse Congresso Nacional espúrio que temos aí, visa a atender interesses do mercado e fazer caixa, já que
o rombo nas contas públicas extrapolou todos os limites.
Apesar das graves denúncias
contra Temer, que não está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal por
conta da péssima representação que temos na Câmara dos Deputados, a grande
imprensa em peso comemora a privatização da Eletrobrás, com editorais laudatórios
em jornais tradicionais, como O Globo, Folha de São Paulo e Estadão.
Normalmente o que esses
veículos de comunicação defendem é de interesse dos mais ricos, dos patrões, de
uma elite já privilegiada. E que traz prejuízos a maior parte da população.
A imprensa alternativa, os
políticos mais à esquerda e até economistas de centro ou da direita, como o
ex-ministro Bresser Pereira, criticam o processo em curso por entender que está
se entregando um patrimônio do Brasil a estrangeiros por um valor aquém do que
realmente a empresa vale, com consequências negativas para o povo.
Muitos não têm dúvida, também, de que com a Eletrobrás gerida pela iniciativa privada, a conta de luz vai
ficar bem mais cara para todos os brasileiros.
Sobre a privatização da
empresa de energia elétrica, vale à pena refletir depois de ler o bom artigo assinado pelo
jornalista Luís Nassif, que considera a decisão do governo como "uma aberração".
INICIATIVA ABERRANTE
O anúncio de venda da
Eletrobras para fazer caixa é uma das iniciativas mais aberrantes do governo
Temer. A ideia da “democratização do capital” e a comparação com a Vale e a
Embraer é esdrúxula. Ambas estão na economia competitiva enquanto a Eletrobrás
é uma concessionária de serviços públicos, estratégica para o país.
A avaliação de R$ 20 bilhões
equivale a menos da metade de uma usina como Belo Monte. A Eletrobrás tem 47
usinas hidroelétricas, 114 térmicas e 69 eólicas, com capacidade de 47.000 MW,
o que a faz provavelmente a maior geradora de energia elétrica do planeta. É
uma empresa tão estratégica quanto a Petrobras.
A Eletrobras está sendo
contruída desde 1953 e exigiu investimentos calculados em R$ 400 bilhões do
povo brasileiro. Além da capacidade geradora, que equivale a meia Itaiupu, a
Eletrobras controla linhas de transmissão, seis distribuidoras e a
Eletronuclear, empresa estratégica que detém as únicas usinas nucleares
brasileiras.
O modelo elétrico brasileiro
é uma obra de engenharia fanrtástica, resultado do pensamento estratégico de
especialistas como Octávio Marcondes Ferraz, Mário Thibau, Mário Bhering, um
conjunto de técnicos da Cemig – que também corre risco idêntico.
No governo Fernando Henrique
Cardoso, o desmonte irresponsável desse modelo promoveu um encarecimento brutal
das tarifas, que acabou tiraqndo a competitividade brasileira em vários setores
eletro intensivos. Lá, como ágora, moviam-se exclusivamente por visão
ideológica, sem um pingo de preocupação com a lógica de um sistema integrado.
O comprador com toda
probabilidade será um grupo chinês que por 20 bilhões de reais assumirá o
provavelmente maior parque de geração hidroelétrica do planeta. É realmente
inacreditável o nível de improvisação, cegueira estratégica, leviandade
suspeita atrás desse tipo de decisão de quebra-galho financeiro.
Nos EUA, o parque
hidroelétrico, que corresponde a 15% da matriz energética, é estatal federal,
porque lá se acredita que energia elétrica, que envolve recursos hídricos são
de interesse nacional e não podem ser privados. Lá há muito cuidado com água,
rios e represas e nunca se pensou em privatizar.
A ideia de privatizar estava
obvia quando a rainha das privatizações da Era FHC Elena Landau foi colocada como presidente do
Conselho da empresa. Há um mês pediu demissão para não ficar evidente demais
sua presença com o anúncio da privatização, ligando a lembranças de sua atuação
no governo tucano.
Para completar o pesadelo, o
Ministro de Minas e Energia é um rapaz de 33 anos, formado em administração de
empresas pela FAAP, sem qualquer especialização na área e representando o
histórico Partido Socialista Brasileiro, de ilustres nomes como João
Mangabeira, que deve estar se revirando na tumba com tal iniciativa por um
"socialista" pernambucano.
*Foto: Contexto Livre
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