Por
Junior Almeida
Faltando 11 dias para
acabar o ano de 2015 resolvi, junto com a família, passear em Garanhuns e ver a
tão badalada decoração de natal deste ano.
Ano passado mesmo, estava
uma coisa linda. Lâmpadas em tudo que é lugar, até nos troncos das árvores, com
aquelas mangueiras e suas luzes coloridas. Árvores de natal tinham várias.
Trenzinho, bonecos de neve, embora dezembro não seja época de frio em Garanhuns
e em lugar nenhum do Brasil, eles estavam lá.
Tinha também caixas enormes
de presentes, e um montão de ursinhos de pelúcia. Ursinhos não. Na praça do
relógio mesmo, tinha uns monstruosos de tão grandes. Tinha um que pra ele sair
todo na foto, o retratista tinha que ficar apontando a máquina ou celular de
longe. Não sei se a vigilância foi pouca, mas alguns amigos do alheio levaram
uns ursos pra casa.
Se levaram os bichinhos
para exibir como troféu, não deu certo. A “resenha” tomou conta da cidade,
inclusive nas rádios, com os locutores dizendo que o “cabra levou um urso pra
sua mulher por que não estava mais dando no couro”.
Foi a sorte. Além de terem
parado com os roubos dos ursos de pelúcia, soube até que devolveram alguns.
Escondido, é claro. Passavam de carro de madrugada, e jogavam os ursos nas
praças.
Comigo, passeando várias
noites na Suíça Pernambucana, um primo da terrinha, de apelido Aleluia, que há
mais de 40 anos mora em São Paulo, e sua esposa Sílvia Helena, que nunca tinha
vindo aqui.
Eles adoraram Garanhuns.
Acharam tudo lindo. Se as máquinas fotográficas de hoje usassem filme, eles
teriam gastado uns dois balaios cheinhos de filme de trinta e seis poses. O
único senão da viagem de férias do casal, foi ela ter aberto a carteira numa
farmácia do centro. Levaram quatrocentos reais da senhora. A revolta dela foi
ter saído de São Paulo pra ser roubada em Garanhuns. Acontece.
Este ano, parece que pelo
sucesso do ano passado, a prefeitura resolveu caprichar mais ainda. O Palácio
Celso Galvão, sede do poder municipal, está um espetáculo à parte. Coisa de
encher os olhos. A praça da fonte, outro lugar belíssimo, mas o lugar em que a decoração mais chama a atenção é sem
dúvidas a praça do relógio.
As pessoas estavam (e
estão) encantadas, principalmente as crianças que tinham os olhos brilhando
mais que os piscas- piscas da decoração. Depois de uma “paciênciazinha” para achar
um lugar pra estacionar. - Culpa de Lula! As ruas estão horríveis de tanto
carro! Quem já viu dá condições pra todo mundo ter um carro?! Foi o que eu já ouvi de um cidadão em Recife.
Ninguém me contou não, eu mesmo presenciei a cena de repulsa do sujeito, porque
pobre agora tem carro.
Depois de ser premiado com uma vaga, já perto da AGA,
fomos ver de perto os enfeites. Está
bonito, isso é certo. Mas ou eu estou ficando um velho ranzinza, ou sou muito
matuto mesmo. Tem uns veadinhos, literalmente falando, embora eu preferisse um
bode, Papai Noel, Gnomo e mais alguns personagens estrangeiros com roupa para o
frio.
Primeiro que mesmo em julho
ou agosto, quando o frio é de lascar, não temos temperaturas tão baixas nem
neve, muito menos, pra ter tantos
personagens com roupas tão pesadas. Os gnomos são lendas dos gringos. Segundo a
lenda, é um bicho parecido com gente, sendo quase em miniatura. O pior de tudo
é que falam que eles não têm alma. Eu como cristão, já fico com o pé atrás. Se
não tem alma, não pode prestar.
Tem outra importação: Papai
Noel, que nos Estados Unidos tem o nome de Santa Claus, e foi criado numa
campanha de markenting da Coca Cola. É tido como o bom velhinho, o bonachão que
leva os presentes da meninada. Numa parte da praça, tem uma barraquinha com ele
e a mulher, se mexendo para cozinhar, que com toda certeza é o lugar mais
disputado para as fotografias. Não me
agrado também.
Pra começar ele se veste
como torcedor do Náutico, e eu sou torcedor do Sport, e dos chatos. Fico
imaginando Papai Noel com essa roupa dele, nesse tempo quente, distribuindo
presentes lá em Salgueiro ou Teresina no Piauí. Deve sofrer o tal velhinho.
É bonito? É. Só que o
Brasil, e principalmente o Nordeste tem uma cultura belíssima. Precisa mesmo
ficar exaltando a cultura dos outros? Será que não caberia quem sabe ano que
vem umas referências ao pastoril ou ao reisado, que cantam o nascimento do
Menino Deus?
Não seria interessante de
se ver paisagens e personagens tipicamente nordestinos? Não poderia em cada polo
enfeitado ter um presépio com a cultura de algum lugar do Nordeste, ou mesmo do
mundo?
Lembro que quando eu era
moleque conhecia presépio por lapinha. Não seria interessante uma homenagem ao
aniversariante e verdadeiro dono da festa? Ele está na decoração desse ano. Na
manjedoura, escondidinho, por trás da cabine nova da PM, simples, sem o glamour
dos outros enfeites, mas está em frente à sua casa, a majestosa Catedral de
Santo Antônio.
Tudo está muito bonito, mas
sinto que poderia ser melhor. Reclamações à parte, pois gosto é como nariz,
cada um tem o seu, desejo a todos os meus familiares e amigos um FELIZ NATAL E
UM ANO NOVO DE MUITAS REALIZAÇÕES.
Isso é Garanhuns sendo Garanhuns. É minha terra, mas nunca vi gostar tanto de simulacros assim!
ResponderExcluirEscreveu o que senti quando estive lá
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