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Pesquisas Eleitorais

A DOR, A TRAGÉDIA E A BÊNÇÃO DA IGNORÂNCIA


Do Blog de  Sulamita Esteliam:

A intolerância é filha bastarda da ignorância, já escreveu Lula Miranda, que é poeta e cronista, além de economista. Frequenta a blogosfera alternativa.

Meu companheiro, Júlio Teixeira, espírito frasista praticante, discorda. Para ele, a intolerância é filha legítima da arrogância. Eu acrescentaria a tirania, que é outro nome para prepotência.

Taí um cruzamento danado: ignorância com arrogância e prepotência, não pode gerar boa coisa. Se bastarda ou legítima, pouco importa. É meramente questão de circunstância.

E a miséria, a barbárie, o desespero, são filhos do quê? Da ganância com a indiferença?

Interessante o mecanismo que rege a miséria e a solidariedade humanas.

Mundo afora, todos os dias, milhares de crianças e jovens morrem de fome, de sede, de inanição, de doenças infectocontagiosas.

Todos os dias, mundo afora, milhares de crianças são assassinadas pela explosão de bombas, de minas terrestres, por tiros de metralhadora, escopeta, fuzil, revólver.

Tiro ao alvo de governos, impérios armamentistas, soldados, polícia ou ladrão, ou chefes, ou mascotes do tráfico, do contrabando, do latifúndio, das mineradoras, das madeireiras, da manipulação das mentes pela distorção dos fatos.
Balas brotadas da ganância, da incompetência, da hipocrisia, do cinismo, da má fé, do descaso, da brutalidade que rege o mundo.

Fruto também da indiferença dos que preferem ignorar o sentido lato da ignorância.

Nesse caso, a ignorância pode ser, como dizia John Lennon, “uma espécie de benção. Se você não sabe, não sente dor”.

Mas aí, uma lente flagra um corpo estendido na praia. E este corpo é de uma criança síria de três anos. Que se perdeu do pai, da mãe, do irmão, num bote de refugiados em busca de um asilo, no meio do mar…

Centenas de milhares de crianças iguais ao menino sírio se afogaram e se afogam, cotidianamente. Fogem da guerra, da miséria, da opressão. Encontram a morte.

Inclusive a mãe do menino sírio, e outras mães e pais de centenas de milhares de crianças iguais a ele. Inclusive seu irmão, mais velho apenas dois anos…

Só o menino de três anos, morto, foi imortalizado pela lente de um fotógrafo. Não por acaso, estava ali, a trabalho, supõe-se. À espreita da dor resgatada pelo mar.

Morte e vida, severinas.

A mãe escapou da vida. O pai escapou da morte, desta feita. Melhor tivesse sido acolhido pela mão do mar.

Quem pode mensurar o tamanho da dor de perder um filho, e ao alcance da mão? E dois filhos?

“Meus filhos escaparam das minhas mãos”, desespera-se.

Ex-Pai, despedaçado.

O menino de três anos teria sido meio órfão, se não fosse resgatado pela onda-mãe, que levou a si, quem com ele traquinava e quem o pariu.

E órfãos são centenas de milhares de crianças iguais a ele, fugidas da guerra, da barbárie levada pelo invasor ou perpetuada pelo déspota de plantão. Órfãos por inteiro – de pai, mãe, pátria e esperança.

Isso não torna a tragédia menos pavorosa.


Nem a imagem do menino sírio de três anos estirado na praia, escapado da mão do pai, morto por afogamento, se reflete menos dilacerante.

Um comentário:

  1. Sejamos racionais. Com todas essas desgraças matando pessoas por aí, o mundo já está chegando em 8 bilhões de habitantes, imagina se o mundo fosse uma maravilha, com todo mundo comendo, vivendo e se reproduzindo bem?

    Aguardo os xingamentos abaixo.

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