Entrevistado pela
jornalista Tereza Cruvinel, do site Brasil 247, o senador licenciado e ministro
da Indústria e Comércio, Armando Monteiro (PTB)disse que os empresários
brasileiros não compactuam com a ideia de um impeachment da presidenta Dilma
(PT). O petebista também não vê condições políticas para que a oposição consiga
afastar a dirigente do País e defende a normalidade constitucional do Brasil. O ministro falou também das relações do país com
outras nações e revelou que lá fora se tem uma perspectiva mais otimista dos
rumos nacionais.
Abaixo a entrevista de Armando, na íntegra.
O senhor está muito empenhado em turbinar as exportações brasileiras como
instrumento para mitigar os efeitos da recessão. Mas isso não esbarra nas
dificuldades que outros países também estão enfrentando?
Olhe,
fazer uso do canal das exportações neste momento é uma solução bastante óbvia.
Pois se estamos tendo queda nas vendas domésticas, temos que procurar outros
destinos para nossos produtos. Neste momento, algumas regiões do mundo estão
com as economias mais dinâmicas e com maior presença no comércio internacional.
A economia americana, por exemplo, a grande locomotiva do comércio
internacional, voltou a crescer. E os Estados Unidos já são o destino da maior
parcela de manufaturados do Brasil. Portanto este mercado, que já é importante,
pode oferecer oportunidades ampliadas de acesso aos produtos brasileiros no
curto prazo. Ainda na América do Norte, assinamos um acordo que vai ampliar
muito as margens de preferência tarifária com o México. A economia mexicana,
sob muitos aspectos, tem complementaridade com a economia brasileira. Aqui na
América do Sul, apesar de algumas críticas às limitações que o Mercosul nos
impõe, estamos negociando a antecipação do cronograma de desgravação tarifária
com os países da bacia do Pacífico. Já temos quase tarifa zero com o Chile e
vamos ter com o Peru e com a Colômbia, lembrando que o mercado colombiano é
muito importante para o setor automotivo brasileiro. Portanto, há espaço neste
momento para ampliarmos o foco das ações da política de comércio exterior do
Brasil, mesmo com as limitações que decorrem de nossa participação no Mercosul.
A isso se acrescenta o fato de que termos uma janela de oportunidade criada
pelo câmbio. O saudoso Mario Henrique Simonsen dizia o seguinte: os juros
aleijam, mas o câmbio mata. Ou seja, quando o câmbio está fora do patamar
correto, um país perde as condições de competitividade de seus produtos. Isso
foi o que aconteceu com o Brasil. Durante longos anos, a nossa moeda ficou
muito apreciada e consequentemente os nossos produtos ficaram muito caros.
Agora mudou, mas ainda não chegamos ao ponto ideal do câmbio, certo?
Mas
já tivemos, em um ano, uma desvalorização cambial equivalente a quase 38%. É o
que estou chamando de janela de oportunidades. Isso representa um grande ganho
para as exportações brasileiras e já começamos a perceber o efeito desta
mudança na balança comercial. Um efeito que se dá de duas formas. O
primeiro, através de um novo ciclo de substituição de importações por produtos
nacionais e o segundo, através da ampliação das exportações. Para o mercado
americano, que é um grande comprador de produtos manufaturados, nós já
aumentamos nossas vendas.
Estamos vendendo o que para eles?
Estamos
vendendo desde máquinas e equipamentos a produtos como têxteis, alguns
artefatos como compressores e equipamentos de refrigeração, componentes da
indústria de aviação, entre outros tantos. Há empresas americanas de aviação
sediadas no Brasil que vendem serviços e componentes para este setor, como é o
caso da GE, através de suas unidades no Brasil. Estamos vendendo também
máquinas pesadas.
Mas perdemos com as commodities, cujos preços caíram...
Sim,
mas estamos compensando estas perdas no preço com o aumento dos volumes exportados.
E no que diz respeito ao complexo da soja, especialmente, os exportadores
brasileiros não foram muito penalizados, pois o câmbio mais do que repôs o que
eles perderam em vendas. Com a variação cambial, eles estão recuperando, em
reais, as perdas que tiveram com os preços internacionais. Considero que tudo
isso vai nos permitir obter ainda este ano um resultado na balança comercial
superavitário. Algo expressivo, na casa dos US$ 10 bilhões. Nós tivemos um
déficit no ano passado de quase US$ 4 bilhões, mas agora já percebemos que as
empresas brasileiras voltaram a colocar as exportações no seu radar e no seu
planejamento. Com certeza isso vai se traduzir, em 2016, num desempenho das
exportações ainda mais forte e expressivo.
Que resultados já foram obtidos neste primeiro semestre de 2015?
Já
conseguimos reverter a situação, pois tivemos até fevereiro um déficit de US$ 6
bilhões. E fechamos junho com um superávit de US$ 2,2 bilhões. É importante
lembrar que, como resultado disso, teremos um déficit em transações correntes
com o exterior bem menor. Tivemos quase US$ 4,5 bilhões de déficit no ano
passado nas contas externas e vamos ter uma redução para US$ 3,5 bilhões este
ano.
Como se traduz para os brasileiros, na vida real, o resultado deste
aumento das exportações?
Emprego,
em primeiro lugar. Muitos setores da econômica nacional, ao se voltarem para as
exportações, mantêm os empregos. E outros até ampliam os empregos. O setor
automotivo, que está demitindo – e agora vai se beneficiar do sistema de proteção
ao emprego que a presidente lançou – pode preservar ou até criar empregos no
curto prazo com as exportações. As montadoras que estão instaladas no Brasil
são players que atuam em diversos outros países. Em certas situações, as
companhias redefinem sua atuação no mercado internacional, alterando o perfil
de algumas unidades. Assim, as plataformas de produção instaladas no
Brasil, com vistas ao mercado interno, podem se constituir em plataformas de
vendas para outros países. Para o México, para outros países da América
do Sul, por exemplo. Então, este movimento rumo ao exterior se traduz
principalmente em emprego, preservando ou ampliando postos de trabalho no
Brasil. Nós temos indústrias intensivas de mão de obra que dependem
crucialmente das exportações, como o setor de calçados, ou couro-calçadista, o
têxtil e de vestuário, o setor moveleiro. Então as exportações, afora outros
benefícios macroeconômicos, são um caminho fundamental para garantir a
manutenção do emprego em momento de restrição econômica interna.
Como está, de modo geral, o humor do empresariado diante do quadro
econômico? Falo do conjunto, e não apenas dos que exportam.
Não
posso deixar de dizer que neste momento há uma situação de certa inquietação,
com este cenário que se caracteriza pela redução da atividade econômica em
todas as áreas. É claro que os empresários estão impactados por esta situação.
Por outro lado, reconhecem que não há outro caminho senão fazer o ajuste para
reequilibrar a economia do país. O que se discute muito são os custos deste
ajuste. É claro que não existe ajuste indolor. O receituário macroeconômico não
inventou ainda uma fórmula que produza ajuste sem sacrifícios. A grande
pergunta é sobre como podemos amortecer o impacto destas medidas e esta é
também a grande preocupação do governo, que vem procurando ativar alguns canais
que podem ajudar a mitigar os efeitos do ajuste. O Plano de Investimentos em
Logística é uma forma de ativar o investimento e melhorar em muitas áreas a
logística do país, reduzindo custos de operação para as empresas. Se não
podemos reduzir a carga tributária já, podemos simplificar exigências
acessórias, reduzir a burocracia, melhorar o ambiente regulatório. É hora de
fazermos um esforço nesta área. E por outro lado, temos também o desafio de
atuar neste cenário para incrementar e buscar ganhos de produtividade. As
empresas brasileiras estão desafiadas a fazer a buscar ganhos de produtividade
para que, na retomada do crescimento, estejam mais bem colocadas para a
disputa. Os empresários estão sentindo os efeitos deste processo de transição
da economia, mas ao mesmo tempo sabem que o Brasil pode, logo depois deste
ajuste, retomar o crescimento.
A queixa maior do momento é quantos aos juros. Quando acha que começam a
cair?
Nós
tivemos um repique inflacionário, decorrente de um processo que eu chamo de
inflação corretiva. Ou seja, ela é fruto de um realinhamento de preços e
tarifas que precisávamos promover. Aquele processo de preços congelados ou de
aumentos represados contribuiu muito para o desajuste fiscal que nós tivemos.
Na lógica do processo de ajuste da economia, um dos primeiros movimentos teve
que ser o realinhamento de preços e tarifas e a supressão de subsídios na
medida do possível. E ainda tivemos a variação cambial.Tudo isso impactou a
inflação. Se o câmbio se desvalorizou em trinta e tantos por cento, isso também
acabou sendo, em alguma medida, absorvido pelo sistema de preços. Então, é uma
inflação, por assim dizer, saudável, porque decorre de realinhamento de preços
que era necessário. Agora, todos os analistas apontam que a inflação vai cair
muito rapidamente lá na frente, depois que passar este impacto inicial e forte
do realinhamento de preços. Quando isso acontecer, e já está à vista, vamos
poder reduzir juros. Pois não há como diminuir juros num cenário de inflação em
alta. E o governo tem um grande interesse em que este movimento de redução de
juros aconteça de forma responsável. Por quê? Porque o serviço da dívida
pública é também fortemente afetado pela taxa de juros. O custo da dívida
aumenta quando os juros sobem. Acredito que, no início de 2016, já teremos
espaço para uma redução dos juros.
Mas
devo dizer que ainda existe muito crédito direcionado e mais barato no Brasil,
fora da Selic, e para além das linhas do BNDES baseadas apenas na TJPL. Ele
está nos financiamentos habitacionais, no Plano Safra, no Plano da Agricultura
Familiar e em outras linhas do BNDES. Há inclusive quem pergunte se isso não
reduz a força da política monetária.
O ex-presidente Lula, com uma diplomacia presidencial ativa, exortava os
ministros Furlan e Miguel Jorge, que passaram pela pasta que o senhor hoje
ocupa, a serem mascates do Brasil. Vejo que o senhor está com a mesma
disposição. E a presidente, também está empenhada neste ativismo de política comercial
externa mais agressiva?
Olhe,
já fiz uma três ou quatro viagens internacionais com a presidente. Fomos ao
México, aos Estados Unidos, fomos a Bruxelas, quando cumprimos lá uma agenda
importante relativa às negociações do acordo entre o MERCOSUL e a União
Europeia. Em todas estas ocasiões encontrei a presidente muito disposta a fazer
do comércio exterior uma das agendas centrais do governo. E ela própria vem
demonstrando grande interesse em fazer interlocução com os empresários lá de
fora, promovendo reuniões, ajudando a encontrar oportunidades, nos instando,
aos ministros, para explorar alguns canais. Então posso afirmar que a
presidente Dilma comprou esta agenda e ela está engajada. Em entrevista
recente, ela disse que será uma caixeira viajante do Brasil. Isso é muito
importante, porque a diplomacia comercial não pode prescindir da diplomacia
presidencial.
E como avalia a percepção
externa do Brasil?
Posso
assegurar que é mais positiva do que se pensa aqui, internamente. Evidentemente
existe um noticiário muito negativo, em tempo real, que chega simultaneamente a
todo o mundo. Mas sinto que o olhar da comunidade internacional, seja no
segmento financeiro, de bancos e grandes fundos, com o qual nos reunimos nesta
última viagem, seja no de empresas produtoras, mantém um grande interesse pelo
Brasil e enorme disposição de continuar investindo em nosso país. Há empresas
estrangeiras que estão aqui há mais de cem anos. Então o olhar deles vai
muito além de fatores conjunturais. Estive em San Francisco com a presidente e
lá tivemos encontros com empresas da nova economia, como o Google, o Facebook,
a Cisco e outras grandes empresas da área de TI. Todos muito interessados no
Brasil. A internet já cresceu extraordinariamente no Brasil, mas ainda existe
espaço para mais crescimento. A gente volta destas viagens com o espírito
renovado, ao constatar que a percepção externa do Brasil é muito mais positiva
que a de certos olhares internos.
Como senador, como acha que a crise política vai evoluir?
Temos
tido algumas dificuldades no alinhamento de posições entre o Congresso e o
governo, mas as medidas importantes têm sido aprovadas. O Congresso é soberano,
tem sua independência, mas acho que algumas decisões reclamam a criação de uma
agenda do bom senso. As dificuldades decorrem, em grande parte, de uma
radicalização derivada de uma disputa eleitoral que ainda não cessou
inteiramente. Isso fica claro quando vemos um partido como o PSDB votar contra
teses que defendeu e até contra reformas que implementou no governo FHC, como
na questão do fator previdenciário. Isso preocupa. Mas o governo está
procurando melhorar sua interlocução com o Congresso e destaco como fundamental
o papel que vem sendo desenvolvido pelo vice-presidente Michel Temer.
O senhor acha que o agravamento da crise pode abrir caminho para o
impeachment ou qualquer outra forma de ruptura?
Não.
Algumas figuras importantes da oposição, como o governador Geraldo Alckmin, o
ex-presidente FHC e o senador Aloysio Nunes Ferreira têm adotado posição bastante
sensata em relação a isso. O Brasil tem uma compreensão de que a conquista da
normalidade institucional não pode ser colocada em risco, a não ser quando
existem elementos em que a própria Constituição ampare a ruptura. Hoje, estes
elementos não existem. Não existem fundamentos jurídicos nem políticos para
qualquer saída deste tipo.
E os empresários, entre eles alguns apoiaram o impeachment ou a ruptura?
De
modo algum. Os empresários têm se manifestado no sentido de que desejam ampliar
a interlocução com o Congresso para poderem traduzir suas preocupações em
relação à necessidade de acelerar e concluir o ajuste, criando cenário para
crescimento econômico. Vamos atravessar estas dificuldades sem comprometer o
futuro do país.
Um homem extremamente preparado como o Ministro Armando Monteiro, que era nosso candidato ao governo do Estado, e o povo escolheu o outro, o despreparado e a situação está aí, todos estão vendo. As educadoras deste Estado, irão sofrer ainda muito, com esse Governador que foi eleito e está completamente perdido, não sabendo o que fazer, aliás o Estado está assim graças ao último mandato do ex-Governador e esse atual que era seu Secretário da Fazenda, destruiram tudo que haviam construido, e levaram o Estado para o buraco.Sofre o povo de uma forma geral, nossos educadores, a segurança pública com salários aviltantes e materiais sucateados, os professores acreditaram na promessa de salários de 4.000,00, e hoje estão em situação deprimente e ainda o Governador mudando o cronograma de pagamentos dos funcionários públicos deste Estado. Estamos todos no mato sem cachorro e os pernambucanos, aqueles que votaram nesse Governador deram um tiro no pé.
ResponderExcluirDEFENDE O INDEFENSÁVEL E VAI SE MELAR NA MESMA LAMA!!
ResponderExcluirO Impeachment de UM CORRUPTO "é a normalidade democrática". O que não é é esse corrupto COMPRAR TODO MUNDO e se manter no PODER mesmo contra a vontade do país inteiro!!
ResponderExcluirO Impeachment de UM CORRUPTO "é a normalidade democrática". O que não é é esse corrupto COMPRAR TODO MUNDO e se manter no PODER mesmo contra a vontade do país inteiro!!
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