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Pesquisas Eleitorais

GRANDES NOMES DA MPB XXVII



A música chamada brega, um gênero romântico mais escrachado ou vulgar, teve grandes representantes no país e alguns se tornaram grandes vendedores de disco. Infelizmente, a indústria do disco, aliada ao rádio e a televisão provocaram tal processo de decadência na música nacional, nas últimas décadas, que até o brega piorou muito e ainda por cima tomou conta da programação das emissoras. Quais os principais bregas das décadas de 60 e 70? Aguinaldo Timóteo, Altemar Dutra, Lindomar Castilho, Odair José, Amado Batista, Adilson Ramos, Nelson Ned, Waldic Soriano, Wando, Fernando Mendes e Reginaldo Rossi. Alguns desses artistas, como Aguinaldo, Odair, Amado e Rossi, produziram muita coisa, dentro do seu estilo, que não podem ser descartadas pelos estudiosos da música popular brasileira. Seja porque são canções de melodia bonita, de letras bem elaboradas, seja porque representam, essas canções, um expressivo contingente da população da periferia, das grandes, médias e pequenas cidades. Lamentavelmente, até o brega hoje perdeu seus representantes mais legítimos. O que temos aí, tocando nas rádios e conseguindo espaço na TV é um falso forró, um sub-brega encampado por bandas de gosto duvidoso e vocalistas miando mais do que cantando, e uma epidemia de falsos sertanejos, sem nada a ver com Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho ou mesmo Renato Teixeira.

Chitãozinho e Chororó, Leandro e Leonardo (com a morte do irmão este continuou sua carreira sozinho), Zezé de Camargo e Luciano, Bruno e Marrone e outras duplas menos famosas são breguice pura, assim como Saia Rodada, Cavaleiros do Forró, Calcinha Preta e Limão com Mel. A diferença entre eles e os famosos bregas surgidos nos anos 60 e 70 é que os antigos tinham muito mais qualidade, fizeram muitas músicas criativas, válidas como expressão de uma classe. Esse time mais novo, além de abrigar péssimos cantores, se caracteriza pela produção de canções completamente descartáveis, com letras de uma pobreza total, se repetindo de uma maneira absurda e que só se sustentam mesmo graças ao apoio da indústria, esta ancorada na televisão, principalmente na TV Globo, que dificilmente abre espaço para alguma coisa que preste em sua programação.

Como representante dos mais bem sucedidos desse gênero da música popular brasileira, vamos ficar com Reginaldo Rossi. Não tanto por ele ser recifense e estar mais uma vez escalado para o Festival de Inverno de Garanhuns, mas principalmente por ser hoje o mais popular desses cantores/compositores. Odair José brilhou, uma certa época e cantou até com Caetano Veloso. Amado Batista chegou a ser o maior vendedor de disco do país. Aguinaldo Timóteo ao longo da carreira gravou verdadeiras pérolas e além disso tem um vozeirão incrível. Nenhum deles, no entanto, conseguiu um êxito igual ao do pernambucano, que há quase 50 anos emplaca sucessos do agrado do povão, de parte da classe média e até da elite.

Reginaldo nasceu no Recife, em 1944 e começou sua carreira no movimento da Jovem Guarda. Chegou a fazer parte de uma banda de rock da época, denominada The Silver Jets. Depois fez carreira solo e gravou uma música intitulada “O Pão”, que tocou bastante nas rádios da capital pernambucana e no interior. Sucesso maior viria com Mon amour, meu bem, ma femme, já no estilo brega-romântico, a primeira canção gravada pelo artista a extrapolar as fronteiras do seu Estado.

Com o fim da Jovem Guarda, Reginaldo Rossi andou uns tempos sumido, renascendo em meados da década de 70 principalmente com sua ligação ao MDB e PMDB. O partido (houve só a mudança na sigla por exigência da lei) fazia oposição à ditadura e seus principais representantes em Pernambuco, como Marcos Freire e Jarbas Vasconcelos faziam comícios memoráveis no Recife e outras cidades. E durante várias campanhas, para governador e prefeito da capital, Reginaldo Rossi passou a ser a principal atração dos comícios. Chamava público. Os moradores dos morros, da periferia da capital se identificavam totalmente com o som daquele sujeito feio e grosseiro que falava de amor e traições.

Logicamente, não foi só a política que ajudou Reginaldo a permanecer nas paradas até hoje. Dentro do seu estilo, ele tem talento ou intuição e ao longo dos anos sacou composições incríveis. A Raposa e as Uvas e Garçon são as maiores expressões da música de Rossi e principalmente a última se tornou conhecida nos quatro cantos do país. Virou um verdadeiro “clássico” da canção romântica ou brega nacional, merecendo inclusive regravações de outros artistas.

Reginaldo nas suas entrevistas passa a impressão de ser um cara convencido, arrogante e boçal. Acha que é o tal. O artista garante ter começado a estudar engenharia civil e ter sobrevivido uns tempos, no Recife, ensinando física e matemática. Largou tudo pela música.

Embora, nas suas músicas e nos shows explore muito a figura do homem traído, do corno, dando a ideia de que ele mesmo já levou as suas “pontas”, mantém há 30 anos um casamento estável com Cirlene.

O fato é que gostemos ou não dele Reginaldo Rossi, chamado de Rei em muitas cidades do Nordeste, é um artista bem sucedido que entrou na história da música popular brasileira sem precisar de empurrão da TV Globo nem dos artistas intelectualizados que fazem MPB como gênero. Já gravou cerca de 50 discos, vendeu milhões deles e lotou casas com públicos recordes em Recife, Salvador, São Paulo e outras capitais. Está aí, já bem coroa, mas em forma. Arrebatando fãs com o seu borogodó. Já esteve uma dezena de vezes no Festival de Inverno de Garanhuns e vem novamente outra vez este ano. Alguns odeiam. Mas a praça fica sempre cheia quando ele está no palco.

*Na foto acima Reginaldo Rossi numa entrevista à apresentadora Angélica. Clicando no nome do artista, acima, todo em maiscúlo, você acessa um vídeo do youtube com uma interessante animação feita em torno da música Garçon.

Um comentário:

  1. Mesmo a conta-gotas as atrações do 19º FIG vão sendo divulgadas. Eu estava ancioso para conhecer as atrações desta que é a maior festa popular do Nordeste depois do São João de Caruaru e Campina Grande é claro! Minha anciedade não era para saber que grande nome da nossa música seria atração no festival e sim para saber se Adilson Ramos,(este ano completando 50 anos de carreira, e nos é que pagamos o pato. Que culpa Garanhuns tem?), e Reginaldo Rossí estariam inseridos na programação porque Festival de Inverno sem Reginaldo Rossi e Adilson Ramos, a festa de São Pedro sem Glaucio Costa e Assisão e a Garanheta sem Chiclete Com Banana não tem graça. Nada contra os artistas citados, pelo contrário, só que os organizadores destas festas não tem a mínima sensibilidade e pensa que o ouvido do povo é penico e que temos que engolir o que eles nos empurra goela abaixo. Sou bregueiro, gosto de forró e sou ante-chicleteiro, agora diz o ditado: "tudo demais e demasia". Foi assim que a Garanheta acabou, a festa de São Pedro não mais existe e o Festival de Inverno vai na mesma carreira. Desculpe-me a sinceridade, eu tambem sou gente!

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