Vivemos hoje no Brasil um momento de escuridão que, ironicamente, se manifesta como uma cegueira branca.
Uma cegueira que não vem dos olhos, mas da mente.
A imagem, emprestada de José Saramago em Ensaio sobre a Cegueira, poderia perfeitamente ser atribuída ao realismo mágico de Gabriel García Márquez, não pela fantasia, mas pelo absurdo trágico que a realidade brasileira tem assumido.
Nessa distopia cotidiana, o cidadão comum perdeu a capacidade de enxergar um palmo diante do nariz. A lógica se dissolveu.
O debate racional se esfarelou. Posições desconexas, sem nexo algum, dominam redes sociais e pautam o comportamento coletivo.
O brasileiro médio, bombardeado por desinformação, perdeu o senso de direção, entregando-se a uma guerra ideológica em que a verdade deixou de ter valor.
As redes sociais viraram arenas de confronto, mas não de ideias. São praças cegas, onde gritar é mais importante que escutar.
Nesse espaço, as pessoas não querem ser convencidas. Querem apenas vencer. É o culto à opinião cega.
A convicção tornou-se mais importante do que os fatos. Discutir virou perda de tempo. Os olhos funcionam, mas a visão está corrompida pela teimosia, pelo ódio e pela vaidade.
O cenário institucional reflete essa escuridão. O Congresso Nacional, que deveria ser farol da democracia, se apagou. Delegou responsabilidades. Fez do STF o árbitro absoluto de todas as grandes questões nacionais.
E o Supremo, pressionado, assumiu papéis que não lhe pertenciam originalmente. A Constituição virou uma carta elástica, esticada ao sabor das conveniências políticas.
Nesse teatro de sombras, quem perde é o povo. O brasileiro comum, aquele que acorda cedo e paga impostos, está à deriva num país sem comando e sem norte.
A cegueira não é apenas individual. É coletiva. É sistêmica. E precisa ser curada antes que se torne irreversível.
O antídoto para esse mal não virá da fantasia, mas da razão. É preciso renovar o Congresso com nomes preparados, comprometidos com a Constituição e com a democracia.
Gente que conheça as regras do jogo e esteja disposta a jogar limpo. Sem atalhos. Sem vaidades. Com coragem.
O Brasil precisa reencontrar o caminho. O trem da história vai passar, e é preciso estar de olhos bem abertos para embarcar.
Enquanto isso, seguimos tateando, esperando que a lucidez vença a cegueira que tomou conta da Nação. A saída ainda é possível — mas só se voltarmos a enxergar.
*Geovani Oliveira é Advogado, natural de Garanhuns, ex-prefeito de Itaquitinga na Mata Norte.

Caro Geovani, que satisfação revê-lo. Fomos colegas na FAGA. Tempos de dedicação para superação das Metas que a Vida Profissional exigia da gente, além dos nossos Professores. Excelente seu artigo. Um olhar crítico para o DESPERTAR da realidade política no Brasil.
ResponderExcluirPorém discordo quando vc refere-se ao STF quando diz "NÃO ASSUME PAPÉIS QUE NÃO LHE PERTENCE".
Caro Amigo, não fosse o STF, estariamos MERGULHADOS nas TREVAS BOLSONAISTAS e numa DITADURA Evangélica detentora de OSTENTAÇÃO, VAIDADE E DISCRIMINAÇÃO especialmente ao Homem do Campo. Não fosse o STF, a nossa Carta Magna seria hoje "uma bíblia" mal traduzida, adulterada orquestrada por "UNS' Silas Malafaia. Misericórdia!!!
Concordo quando Você diz que o BRASIL está à deriva, porém este cenário é típico do PERFIL dos Partidos da Extrema Direita que insistem em ajoelhar-se para os EUA.
Caro Geovani, NÓS, Zé Povinho, nos sentimos guiados e confortavelmente confiantes na Gestão do PRESIDENTE LULA mesmo com péssimos Deputadxs e Senadorxs da ESQUERDA.
Forte abraço bom Amigo.