MORRE NIÉDE GUIDON, A MAIOR ARQUEÓLOGA BRASILEIRA

O professor Albérico com Niéde Guindon


Niéde Guidon, considerada a maior arqueóloga brasileira morreu na Serra da Capivara, na cidade de São Raimundo Nonato, no Piauí. 

Nascida em Jaú, em 12 de março de 1933, foi  uma arqueóloga, pesquisadora, antropóloga  e professora universitária brasileira.

Foi membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Cadeira 24 da Academia Piauiense de Letras, além de grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico. 

Era conhecida mundialmente pela defesa de sua hipótese sobre o processo de povoamento das Américas e por sua luta pela preservação do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí.

Biografia

O pai  de Niéde, , Ernesto Francesco Guidon, era natural da cidade de Turim (Itália). 

Os avós paternos haviam contraído casamento em Jaú em 1892 onde haviam se estabelecido como imigrantes, sendo o avô paterno, Joseph Guidon, natural do Vale de Aosta, região italiana de língua franco-provençal, e a avó da província de Asti, no Piemonte. 

Sua mãe, Cândida Viana de Oliveira, tinha ascendência colonial luso-brasileira.

Graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), em 1959, especializou-se em Arqueologia Pré-histórica, com ênfase em arte rupestre, na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne (1961–1962), e obteve o seu doutorado em Pré-história, pela mesma universidade, em 1975, com a tese intitulada Les peintures rupestres de Varzea Grande, Piauí, Brésil, sob a orientação de André Leroi-Gourhan. 

A primeira notícia sobre São Raimundo Nonato e o que viria a ser o Parque Nacional da Serra da Capivara chegou a ela em 1963, numa exposição de pinturas rupestres de Lagoa Santa, Minas Gerais, no Museu Paulista da USP, onde ela trabalhava na época. 

Na ocasião, ela recebeu a visita do prefeito de Petrolina, Pernambuco, que lhe falou da existência de pinturas semelhantes, no Piauí, no sítio arqueológico de Coronel José Dias - acerca de 525 km de Teresina. 

Apesar de seu interesse sobre assunto, ela não teve a oportunidade de conhecer a região naquele momento, entre outros contratempos, uma denúncia lhe obrigaria a partir para o exilio da França para não ser presa durante a Ditadura Civil Militar após o golpe de 1964, pouco depois daquele encontro. 

Ela contou:

“Eu era da Universidade de São Paulo. E tinha uma tia que tinha um amigo que era general. Um dia ele telefonou para ela e disse: 'A Niède tem que ir embora hoje porque ela vai ser presa'. Minha tia foi ao meu apartamento, me botou no avião, e eu fui embora. 

"Não foi só comigo que aconteceu. Na época, pessoas que não tinham passado no concurso para professor da USP, que tinham ficado em segundo ou terceiro lugar, denunciaram os colegas que tinham sido aprovados para ficar com o lugar deles. Foi isso que aconteceu. ”

Ela somente conseguiria visitar o Piauí em 1973, depois de ter estado cerca de oito anos fora do Brasil, lecionando na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. 

Muito interessada na riqueza dos sítios arqueológicos do Piauí, em 1978, ela convenceu o governo francês a estabelecer uma missão arqueológica para estudar a pré-história no Piauí.

Voltando ao Brasil, integrando a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, uma iniciativa do Museu de História Natural de Paris para desenvolvimento de projetos de arqueologia. 

Até sua aposentadoria como docente, Niède Guidon seria a líder da missão, composta por pesquisadores brasileiros, franceses e de outros países, assim como assistentes de campo locais. Depois disso, a seu convite, Eric Boëda, pesquisador do CNRS e professor da Universidade de Paris, sucedeu-a na liderança. 

Ainda em 1978, ela e outros pesquisadores solicitaram ao governo brasileiro a criação de uma área protegida na região da Serra da Capivara. 

O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979, abrangendo uma área protegida pela UNESCO. 

Em visita a Serra da Capivara, o professor garanhuense Albérico Fernandes teve um encontro com ela e Girleide Oliveira, outra grande batalhadora pela preservação da Serra da Capivara.

Nesse encontro  a Profa. Niède Guidon relatou todo seu esforço para manter o Vale da Capivara, que conta a história dos primeiros homens a explorar o nordeste brasileiro.

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