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EU (UM INTERCONTO) - Conto premiado de Homero Fonseca


O conto do jornalista e escritor pernambucano Homero Fonseca, foi o vencedor do concurso literário Off Flip 2024 (programação paralela e complementar à FLIP — Festa Literária Internacional de Paraty).

Nasci em 1984. Quando certa manhã, entre o som e a fúria, acordei de sonhos intranquilos, me perguntei: sou ou não sou? Sou um homem só. Um idiota cheio de desassossego. Em séculos de solidão, não tive o amparo de uma compadecida. Por isso, vendi minha alma ao Diabo, morei no coração das trevas e fui um estrangeiro na vida. No caminho que tinha uma pedra bem no meio, enfrentei moinhos de ventos e perdi. Briguei com coronéis e lobisomens e também perdi. Daí a minha casmurrice.

Homem invisível, faca só lâmina, participei da comédia humana sem grandes esperanças. Nunca nem busquei os tempos perdidos, menos ainda admiráveis mundos novos. Pensando que o sol é para todos, estive acordado por mil e uma noites, senti náuseas na guerra e na paz e perdi o bonde do desejo. Demasiado humano, vivi entre os miseráveis, tive uma vida seca numa chuva imóvel e só colhi flores do mal. Minha alma é um grande sertão, deserto tártaro onde não existem campos de centeio cultivados por tortos arados.

Anti-herói sem nenhum caráter, encontrei uma mulher de 30 anos com o diabo no corpo, que saudava a tristeza mal a aurora tingia o dia com seus dedos róseos. Dizia, com palavras aladas: essa valsa é minha. Ela queria um teto todo seu, mas, vivendo num quarto de despejo, jamais conhecemos a felicidade, mesmo clandestina. Nem sequer um só feliz ano novo.

Velho marinheiro perdido no mar, personagem à procura de autor, percorri os caminhos da solidão, morei em cidades invisíveis e tudo que trago são essas memórias póstumas onde não cabe nenhum sentimento do mundo. Feita de ficções, minha vida foi uma longa jornada ao fim da noite, uma viagem ao redor do meu quarto exíguo, uma odisseia caricata. Nestes tempos ásperos, padeço meu triste fim. Esta é a crônica da minha morte anunciada.

XX

O jornalista Marco Polo, durante muitos anos editor do caderno de cultura do Jornal do Commercio, escreveu o seguinte, sobre o conto premiado de Homero:

Camarada, 

“Camarada, tenho o maior prazer de dizer que seu conto, ou sua sacada, é simplesmente brilhante. Pós-moderno e tradicional. Instiga e dá prazer. Uma autêntica homenagem à literatura e a todos, escritores e leitores, que amam a literatura. 

Parabéns!”

E mais não digo, com a careca corada.

Um comentário:

  1. Homero Genial Fonseca! Que Maravilha, a gente lê degustando as palavras e vai avançando em cada parágrafo com uma vontade danada que não acabe com esse prazer que é ler Homero.

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