No dia em que completou 83 anos, o poeta e cronista João Marques escreveu uma reflexão sobre a velhice que tocou os corações e mentes dos seus conterrâneos garanhuenses e pessoas de várias cidade do país.
Publiquei o texto no Instagram e Facebook e os que me acompanham pelas redes sociais já tiveram oportunidade de apreciar. O poeta amadureceu bem, está cada vez mais lúcido, filosófico, é um exemplo de vida para os mais jovens.
Segue abaixo, mantendo a originalidade de como foi escrito. João é autor do belo hino de Garanhuns.
Ontem, 13 de julho, desse tempo velho, que se renova em 2023, entro na velhice, consciente. Oitenta e três anos de expectativas nos limiares da existência. A mais, para não dizer por fim, esse período incerto no tempo, mas prazeroso na convivência com as melhores experiências. Se há ainda ímpetos de juventude, são por conta do mais eficaz despertamento para possível eternidade da vida - seus rumores estão mais evidentes aos meus ouvidos. Postura de velho, erquida, graças a uma bengala e a um propósito de fortaleza pessoal, que me ergueu sempre na existência. A postura e a inteligência de conhecer o equilíbrio da vida. Esse vigor ou fortalecimento, diferenciados do viço da juventude, tendem ao enobrecimento do ser, se nivelando às auspiciosas aspirações humanas. Se não, e com maiores razões, espirituais. E eu sinto, na convicção da velhice, que sou um bardo a tecer a poesia épica, que reflete o passado, e a poesia nova, que anima o derradeiro estágio, na terra, de minha vida. Em tudo, um preenchimento feliz e sereno, deixando-me contente e realizado. Acredito na velhice, e aceito, como andei de par com a juventude, a conviver com o ânimo e a perenidade da vida. Seja bem vinda a velhice, salve, salve, os meus 83 anos.
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