A CASSAÇÃO DE DELTAN DALLAGNOL TIRA O SONO DE SÉRGIO MORO

Deltan

Moro

Por Roberto Almeida

A cassação do deputado federal do Paraná Deltan Dallagnol, do Podemos, se deu por irregularidades.

Ex-procurador da República, coordenador da Operação Lava Jato, ele começou a ficar conhecido nacionalmente em 2016, com o famoso caso do Power Point, quando utilizou um programa de computador para acusar o então ex-presidente Lula de diversos crimes.

Na ocasião, Dallagnol fez ilações, tratou o líder do PT como chefe de uma organização criminosa, mas não apresentou provas. O próprio promotor reconheceu não ter como comprovar as acusações e disse uma frase polêmica. 

"Eu tenho convicções!" Não precisa ser advogado para chegar à conclusão de que se trata de um absurdo. Um promotor fazer acusações graves contra um homem que tinha sido presidente do país, baseado em suas convicções pessoais.

Foi o começo do calvário de Lula. Como depois veio a se saber, Deltan, do Ministério Público, fez uma dobradinha com Sérgio Moro, do Poder Judiciário, para perseguir Lula.

Conseguiram tirá-lo da vida política, impediram sua candidatura à presidência em 2018 e por fim Moro condenou Luiz Inácio à prisão. Foram quase dois anos numa cela em Curitiba, por crimes que nunca foram provados, como reconheceu depois a instância superior da Justiça.

Em 2022, Deltan Dallagnol foi candidato a deputado federal pelo Paraná. Foi eleito com mais de 300 mil votos.

Acontece que ele, quando procurador, cometeu irregularidades - como coordenador da Lava Jato - pagando inclusive diárias indevidas a seus colegas procuradores.

Suas contas foram reprovadas no Tribunal de Contas. Era dado como certo de que ele seria considerado inelegível pela Justiça Eleitoral.

Então o promotor tentou burlar a Lei. Pediu demissão do cargo que ocupava como funcionário público federal.

Tudo isso foi levado em consideração na decisão de ontem à noite, quando os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, sem nenhum voto discordante, resolveram cassar o mandato do deputado paranaense.

Em termos claros, objetivos, Deltan é agora "ficha suja", um corrupto, que perdeu o mandato por malversação de recursos públicos e tentativa de fraudar a Lei.

Ele ainda pode recorrer ao próprio TSE e depois ao STF. Mas depois da decisão colegiada desta terça-feira ninguém aposta mais um mísero centavo que ele tem chance de retornar ao mandato.

MORO - Em Brasília agora, as conversas são de que o senador Sérgio Moro, comparsa de Dallagnol nas armações contra Lula (com combinação ilegal de ações) pode também ser cassado ainda este ano.

Os motivos não seriam os mesmos, mas o ex-juiz também cometeu atos ilícitos que poderão pôr fim a sua carreira política.

Tanto Sérgio Moro quanto Deltan Dallagnol reagiram mal à decisão do TSE. O deputado cassado disse que calaram a voz de milhões de brasileiros. O senador confessou estar "estarrecido" com o afastamento do colega do parlamento.

O julgamento do deputado paranaense foi transmitido pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelo YouTube e retransmitido por sites importantes, como o UOL.

Quando todos os ministros se manifestaram a favor da cassação e o presidente da Corte, Alexandre Moraes, proclamou o resultado, parecia que estava a se anunciar uma decisão de campeonato de futebol.

O assunto imediatamente explodiu no Twitter, daí se espalhou nos sites de notícias, no Instagram e em blogs de todas as regiões do país. Deu tempo até da notícia entrar na edição do Jornal Nacional da TV Globo.

Verdade é que a cassação do ex-poderoso coordenador da Lava Jato foi comemorada por muitos brasileiros. Palavras como cassação, convicção, corrupção, unanimidade e expressões tipo "agora só falta o Moro", foram repetidas por milhões de internautas.

A decisão do TSE não foi política. Foi um ato jurídico. Quem descumpre a Lei é punido, simples assim, quando se faz justiça.

Deltan é evangélico, hipócrita, está envolvido até mesmo em compras suspeitas de imóveis. Agora não é mais procurador e perdeu a imunidade parlamentar.

Deve estar apavorado. Com medo de ir parar na cadeia. Sérgio Moro, o cúmplice, também não deve estar dormindo tranquilo.

Como é mesmo aquele velho ditado? "A justiça tarda, mas não falha". Acho ´que é isso.