O ex-prefeito de Garanhuns, Ivo Tinô do Amaral, costuma dizer que todos os governantes do município fizeram alguma coisa, deram a sua contribuição pela cidade, sítios e distritos. "Uns mais, outros menos, mas todos têm serviços prestados", gosta de frisar Ivo.
É uma avaliação generosa, de quem podia minimizar o trabalho dos que passaram pelo poder antes e depois dele, contudo prefere enxergar por uma ótica simpática, otimista, apontando o que cada um fez de melhor.
Inspirado no mote do ex-prefeito elaboramos este texto, enumerando, embora de maneira sucinta - para não nos estender demais - os feitos dos prefeitos de Garanhuns desde Amílcar da Mota Valença até os dias de hoje.
Ficam de fora os mais antigos - como Francisco Figueira e Celso Galvão - por ser de um tempo em que nós nem ainda tínhamos nascido, embora certamente também tenham contribuído com o desenvolvimento da cidade.
Amílcar se elegeu pela primeira vez no começo dos anos 60, numa verdadeira revolução pelo voto. Enfrentando grupos políticos fortes, chamado pejorativamente de "matuto de São Pedro", ganhou em todas as urnas e fez ampla maioria na Câmara de Vereadores.
Ótimo gestor, teve um segundo mandato na década de 70, repetindo o bom trabalho da primeira administração, tanto que fez o seu sucessor.
Era um homem de visão, pensou a Garanhuns do futuro. Criou a Autarquia Municipal e Ensino e a FAGA, que com o tempo se transformaria na AESGA, entidade que hoje oferece um leque de cursos de nível superior.
Amílcar Valença comprou o terreno e iniciou a construção da Ceaga, a Central de Abastecimentos da cidade, ainda hoje importantíssima na vida dos garanhuenses e de pessoas dos municípios vizinhos.
Foi ele também o prefeito que construiu o Colégio Municipal e o Mercado 18 de Agosto. Durante anos a escola criada por Amílcar foi o principal educandário público da cidade. Quanto ao mercado, só precisa de uma boa reforma, pois continua a ser um estabelecimento importante, para os comerciantes e consumidores, contribuindo com a economia do município.
Amílcar da Mota Valença foi um desbravador.
MODERNIZAÇÃO - A construção da carreira política de Ivo Amaral foi feita junto a Amílcar. Ele se elegeu vereador na primeira eleição do irmão do Padre Adelmar (depois monsenhor), foi vice-prefeito quando o "matuto de São Pedro" voltou à prefeitura e com o apoio deste chegou ao Palácio Celso Galvão.
Podemos escrever que Ivo Amaral foi o prefeito que começou a modernização de Garanhuns. Quando ele assumiu a cidade não passava de uma província e o gestor deu os primeiros passos para que ganhasse ares do grande centro em que se transformou, impulsionador do desenvolvimento do Agreste Meridional como um todo.
Ivo sempre pensou grande e como governante gostava de ouvir, abertos as boas ideias.
Daí que atento as sugestões importantes criou o Festival de Inverno, que este ano chega à 30ª edição e implantou o Relógio de Flores, principal atrativo turístico da cidade, mesmo já tendo se passado 41 anos desde sua inauguração.
Quando Amaral começou a asfaltar as ruas de Garanhuns nenhum município do interior de Pernambuco tinha esse tipo de pavimentação, nem mesmo Caruaru ou Petrolina.
Portanto, foi nos governos de Ivo que Garanhuns teve a Avenida Santo Antônio e muitas outras vias importantes asfaltadas.
Como prefeito, também pavimentou muitas ruas nos bairros mais afastados, chegando com o calçamento em 250 delas somente no segundo mandato.
Na sua gestão também melhorou a iluminação, fazendo com que Garanhuns fosse a primeira cidade do interior a ter lâmpadas de vapor de sódio.
Por fim, investiu muito na educação. De uma só vez, num domingo, como este, inaugurou 12 escolas na zona rural do município.
POPULAR - Mesmo tendo feito duas boas gestões, Ivo Amaral não conseguiu fazer o sucessor, após o segundo mandato. Em 1992, a população fez outra revolução pelo voto em Garanhuns, elegendo o jovem médico Bartolomeu Quidute para prefeito, com uma votação consagradora, em cima dos candidatos que começaram a disputa como favoritos: Dr. José Tinoco e Givaldo Calado.
No Palácio Celso Galvão, Bartó, como ainda hoje é chamado por amigos, deu ao governo uma feição popular, levando a prefeitura aos bairros mais afastados que tinham surgido nas épocas passadas.
Na Cohab II, por exemplo, construiu o posto de saúde. No bairro, na época, não havia uma única unidade de saúde para atender os moradores da área. Ele foi também quem pavimentou a primeira rua do Conjunto Residencial Francisco Figueira. Antes dele todas elas eram na terra, expondo os moradores à lama, no inverno, e à poeira, no verão.
Quidute conseguiu junto ao Governo Federal o Caic, construído no bairro do Indiano. Era uma escola imponente, na época e continua sendo, após tantos anos, um educandário diferenciado na cidade.
No mesmo indiano o prefeito asfaltou a Avenida Ebenezer Furtado Gueiros, obra importante na primeira metade dos anos 90. Na gestão de Bartolomeu Quidute, com o apoio da primeira dama, Dona Rosa, foi criado um sopão popular. O alimento era distribuído nos bairros, com as famílias mais carentes, beneficiando milhares de pessoas.
Embora tenha vencido a eleição como candidato de oposição, Quidute deu continuidade ao Festival de Inverno e ajudou a consolidar o evento. Possivelmente por essa atitude, durante os quatro anos do seu governo mais de uma dezena de hotéis foram construídos na cidade.
NOVAS PRIORIDADES - Silvino Duarte foi eleito para o seu primeiro mandato em 1996, graças ao apoio de Bartolomeu, que deixou o governo aprovado pela população.
O novo gestor, porém, ao sentar na cadeira já tinha rompido com seu antecessor e mudou as prioridades da gestão.
Se Quidute não pavimentou centenas de ruas, foi o que Silvino procurou fazer. Levou o calçamento a dezenas e dezenas de ruas do Indiano, Magano e outros bairros.
Na gestão do médico Silvino Duarte foi feito o acesso da Cohab II. Antes dessa obra, num inverno rigoroso como este de agora, um automóvel demorava até 10 minutos do final da Boa Vista para o conjunto residencial Francisco Figueira, por conta da buraqueira infernal que se formava na via pública.
Como prefeito, Silvino também criou o Centro Administrativo, informatizou a prefeitura e construiu o portal na entrada leste de Garanhuns.
A verdade é que fez duas boas gestões, com muito trabalho em todos os bairros. O reconhecimento do seu governo fez com que em 2004 ele conseguisse fazer o seu sucessor, o comerciante do ramo de farmácia Luiz Carlos de Oliveira.
Embora não tenha conseguido manter o mesmo ritmo de trabalho de Silvino, Luiz Carlos realizou algumas obras importantes, que lhe garantiram um segundo mandato, na eleição de 2008.
Uma de suas boas realização foi a construção do acesso da Bela Vista, conhecida como Cohab III. A obra de asfalto da principal avenida do bairro, melhorou as condições de vida dos moradores da área e a partir daí o conjunto residencial começou a se modernizar.
Ainda na Cohab III, o prefeito Luiz Carlos fez uma ampla reforma na Escola Jaime Luna. Se antes era um prédio acanhado, com poucas salas, após a ampliação virou um grande colégio, passando a atender melhor os estudantes daquela parte da cidade.
Numa ação da prefeitura e do Governo Federal, foram construídas mais centenas de casa na Bela Vista, num conjunto que foi apelidado de Lulão, por ter sido conquistado na gestão do petista na presidência.
Outra obra importante do prefeito Luiz Carlos foi a construção da Escola Miguel Arraes de Alencar, na comunidade de Parque Fênix. Passada mais de uma década, ainda é um dos principais educandários da rede municipal.
ZÉ DO POVO - Entre uma administração e outra de Ivo Amaral, Garanhuns foi governado pelo professor, advogado e radialista José Inácio Rodrigues.
Derrotou nas urnas ninguém mais do que Amílcar da Mota Valença, o homem que tinha feito duas excelentes gestões em Garanhuns.
Na campanha vitoriosa, José Inácio ganhou o apelido de Zé do Povo e chegou ao poder sob enorme expectativa popular.
Não foi tão eficiente quanto Amílcar e Ivo, isso é inegável.
Mesmo assim, criou um dos cartões postais de Garanhuns, a fonte luminosa da bela praça Souto Filho. E livrou a cidade das lotações (ônibus) velhas que constituíam uma vergonha pra cidade. Foi com Zé Inácio que a empresa São Cristóvão se instalou em Garanhuns e os moradores passaram a usufruir de um sistema de transporte decente.
Se atualmente ainda existem reclamações, talvez muitos dos mais jovens nem imaginam o que eram as sucatas que serviam à Suíça Pernambucana no passado.
CULTURA - Nos últimos anos da década de 60 e início dos anos 70, Garanhuns foi governado por Luís Souto Dourado, do MDB, partido que fazia oposição à ditadura militar.
Considerado um homem culto, intelectual, derrotou o partido oficial tendo o jornalista Humberto de Morais como vice.
Os mais velhos, que viveram o seu tempo, garantem que Souto Dourado fez um bom governo.
Foi o prefeito que transformou o prédio da antiga estação ferroviária em Centro Cultural. Um prédio majestoso, um dos orgulhos dos garanhuenses, que no seu teatro já recebeu grandes nomes das artes cênicas e da música popular brasileira.
Luís também construiu a praça que nos anos 70, por iniciativa de vereador Antônio Edson recebeu o nome de Guadalajara, cidade mexicana onde a seleção brasileira se sagrou tricampeã mundial. Posteriormente o local recebeu o nome de Mestre Dominguinhos.
Quando da construção da Guadalajara, a praça tinha quadras esportivas e até um teatro ao ar livre.
Souto Dourado também foi o responsável pela pavimentação da Avenida Caruaru, via importante da cidade, que liga o centro a Heliópolis e faz a ligação também com a BR-423, caminho para a Capital do Agreste e depois o Recife, através da BR-232.
PAVIMENTAÇÃO - Voltando a tempos mais recentes, em 2012 foi eleito, como opositor a Luiz Carlos, o empresário Izaías Régis. Disputava uma eleição difícil contra Zé da Luz e Silvino Duarte, até que este último desistiu, juntou forças com o primeiro tornando fácil a sua vitória.
No governo, Izaías se preocupou muito com a pavimentação de ruas.
Asfaltou ou calçou centenas de ruas, tirando bairros inteiros da poeira e da lama. Na Boa Vista, na Brasília, no Magano, nas Cohabs, no Indiano, no João da Mata, por todo lugar a prefeitura trabalhou a todo vapor, nesse setor de infraestrutura.
Régis também construiu postos de saúde em diversos bairros, como Cohab II e Magano. Neste bairro inaugurou um PSF moderno, que recebeu o nome da ex-primeira dama Aurora Cristina.
Mesmo antes de ser prefeito o empresário promoveu eventos na cidade. No governo, criou o Festival Viva Dominguinhos, que teve boas edições e deu uma nova dimensão a festa de final de ano, que se tornou conhecida em todo estado com o nome de "Magia do Natal".
Apesar do destaque nessas duas áreas, Izaías não conseguiu fazer o seu sucessor, mesmo tendo apoiado o nome de Silvino Duarte.
Dois prefeitos que trabalharam, foram derrotados pelo jovem Sivaldo Albino, com seu discurso de mudança.
O atual prefeito, logicamente, não pode ainda ser julgado, porque está no cargo há 1 ano e quatro meses, sucedendo três gestores que ficaram no cargo 8 anos, cada um.
Sivaldo, porém, acena com um projeto ousado: anunciou recentemente que ao fim da gestão Garanhuns não terá uma única rua, um beco sequer, sem pavimentação.
Nesse primeiro ano de governo criou três novas escolas, implantou o Ensino de Tempo Integral no município e inaugurou no Recife uma Casa de Apoio.
Este ano vai entregar a população um CAPS na Cohab II e quatro creches, que atenderão centenas de crianças, em bairros diferentes.
Se vai deixar uma marca forte, como Amílcar, Ivo ou Souto Dourado, o tempo, senhor da razão, irá dizer.
Esses foram os homens que impulsionaram o desenvolvimento de Garanhuns nas últimas décadas.
Que venha muito mais!
*Fotos de arquivo
Parabéns Roberto Almeida pelo histórico Realese da nossa Garanhuns... e muito importante ter u passado como ponto de referência. Parabéns Roberto Almeida pela matéria Jornalística...
ResponderExcluirPAULO CAMELO: Para uma cidade que teve um conterrâneo Presidente da República, Lulinha, é pouca coisa.
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