Por Homero Fonseca
A balança do poder está se
desequilibrando, em desfavor do presidente de extrema direita.
Pouco tenho comentado
política, por dois motivos: falta de tempo e a dinâmica acelerada dos fatos,
dificultando qualquer avaliação na bucha.
Mas pelo andar da carruagem
dá pra ver que:
A lentidão nas reformas
neoliberais, 14 milhões de desempregados, 500 e tantos mil mortos, ameaça real
de desacato aos resultados eleitorais de 2022 — tudo isso e outras broncas,
como a questão da Amazônia e seu impacto nos investimentos — levaram, ao que
parece, as elites liberais do país (na mídia, no parlamento, no judiciário, no
empresariado etc.) à conclusão mais que tardia de que Bolsonaro é o cara
errado, no lugar errado, na hora errada.
A CPI entrou num caminho cada
vez mais danoso à imagem presidencial, que se derrete nas pesquisas de opinião.
Nessa pisada, se as manifestações de rua crescerem significativamente, a bola
de neve formará uma massa crítica capaz de derrubar o homem. Os aspectos
jurídicos, a essa altura, tornam-se irrelevantes; as decisões estão no campo
político. O cara se sente acuado e cada vez mais apelando para o golpe. A elite
financeira, salvo engano, assiste calada, de cima do muro (sua aposta em Paulo
Guedes enfraqueceu).
Na superfície, trava-se uma
queda de braço; nos bastidores, é um jogo de xadrez. A maior incógnita, neste
momento, é o exército (leia-se forças armadas). Ele é ideologicamente alinhado
com Bolsonaro e está sendo privilegiado como nunca. Vai aguentar ter a imagem
pública contaminada pela corrupção? Saltará do barco? Apelará para os tanques?
O cenário está numa dinâmica
vertiginosa. Sempre que se move uma peça, mexe-se na correlação de forças.
Declarações voluntariosas sem base em informação não ajudam em nada. Junto-me à
torcida que procura ler os analistas mais lúcidos e mais informados. Arriba!
*Homero Fonseca é jornalista e escritor. Foi editor da Revista Continente e Secretário de Imprensa do Recife, além de ter passado pelos mais diversos veículos de comunicação de Pernambuco. Assina o blog Millenium.
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