Sou filho de Lajedo, nascido
na Fazenda Salobro, mas também cidadão garanhuense, sem dúvida me sinto conterrâneo
de Simoa Gomes, Luís Jardim, Rubens Costa e do grande Dominguinhos. Cheguei em
Garanhuns com 12 anos, em 1946 e posso dizer que vivenciei muita coisa aqui, li
muito e tenho a certeza que já passamos por muitos momentos tão difíceis e
complicados na Cidade das Flores como o que temos vivido nos dias de hoje. A
hecatombe, as secas nordestinas, que dizimaram a pecuária local, as crises
econômicas e os diversos planos que não lograram êxito (Collor, Bresser, Verão,
etc) e até mesmo os conflitos político-sociais, ladeando-se aos efeitos da
pandemia da Covid-19 que ainda não findou e ainda não sabemos quando e como
acabará ou até mesmo as suas consequências ao longo dos anos.
Fui instado a escrever meus
sentimentos sobre essa quadra histórica, como testemunha do tempo. É verdade
que do alto dos meus 86 anos nunca tinha vivido uma pandemia – apenas tinha
ouvido falar e lido que no alvorecer do século XX uma delas vitimou milhões de
pessoas e trouxe sério e graves efeitos sociais e econômicos em todo o globo
terrestre.
Não sou médico, não posso opinar
em termos terapêuticos e o que posso fazer é confiar nos muitos amigos da área
que construí durante minha longa vida. E sei que o assunto é sério! Não é possível
negar a gravidade do que vivemos, sobretudo é preciso olhar para as crises na
saúde e na economia com toda serenidade, precisamos ter um olhar de sociedade,
entender que não existe mais o “eu”, que no seu lugar entrou o “nós”.
Infelizmente, faltam-nos
líderes capazes de dialogar, harmonizar a sociedade no que há de comum a todos,
tranquilizar os cidadãos e, sobretudo, enfrentar a situação com
responsabilidade. Precisa-se construir
uma unidade de ações e planejamento, mesmo diante da diferença de visões e num
ambiente de polarização é isso impossível.
Por isso não podemos passar
pela crise somente lamentando. É preciso ver também que é um momento de oportunidade e de visão. E
vimos muitos exemplos nesses tempos: avanço tecnológico, teletrabalho, surgimento
de novos negócios, mudança de linha de produção de fábricas e quebra de
paradigmas. É nesse momento que os empresários e a sociedade civil organizada
de Garanhuns têm o dever, enquanto cidadãos, de propor uma solução em todos os
aspectos, enxergar os gargalos e criar estruturas que promovam o necessário
desenvolvimento.
Com a falta de atuação dos
poderes constituídos, resta a essas pessoas aqui nascidas ou incorporadas,
movimentar-se para tirar a cidade do marasmo. E, para isso acontecer, Garanhuns
precisa se estruturar, precisa se reinventar, enxergar novas soluções para os
problemas muitas vezes antigos, necessita de mais empreendedores ousados,
precisa avançar mais rápido que o tempo e lançar as bases para uma real
evolução, que entregue resultados em todos os sentidos, como infraestrutura,
economia, emprego, mobilidade, sustentabilidade e qualidade de vida.
Não existe cidade turística
que perdure com a falta de ampliação de sua rede hoteleira, não existe
crescimento exponencial do comércio e indústria que não passe pela chegada de
lojistas do mercado nacional e sem uma concorrência que estimule a inovação e
uma melhor gestão e eficiências nos negócios; e não existe uma cidade turística
que não invista no meio ambiente e no fomento às atividades ligadas a área.
É nessa linha de raciocínio
que relembro: em todas as fortes crises que atravessamos, sempre Garanhuns teve
as pessoas como seu ponto forte! Foi a ousadia de lojistas, a inovação de
empreendedores, a ampliação de negócios locais transformados em regionais, a
organização do setor de serviços e a luta de políticos de bem que nos fizeram
emergir da adversidade. Os momentos de aflição foram superados, inimizades figadais
foram esquecidas, a situação política e social se acomodou, a roda financeira
voltou a girar e o mundo continuou. Superamos diversas crises!
Quando isso acabar – e isso
vai acabar – estejamos preparados para enfrentar para enfrentar os contratempos
como empresários, como homens e mulheres de negócios, mas sobretudo como
pessoas, que saibam redundar toda essa conjuntura em um mundo mais humano,
justo, solidário e com mais harmonia.
Ouse! Inove! O mundo está em
transformação, precisamos nos adaptar.
*Ivo Amaral é empresário do
ramo de comunicação. Foi prefeito de Garanhuns em dois mandatos e deputado
estadual em duas legislaturas.
Parabéns eterno PREFEITO IVO AMARAL, o senhor falou tudo que nós garanhuenses sempre queríamos fala para nossos governantes, GARANHUNS precisa agregar Turismo com comércio, indústria, pecuária, indústrias de tecnologia etc.os nossos jovens têm que se formarem aqui e exercerem as profissões aqui ,desenvolvendo a cidade, não podemos só depender só do turismo e do frio, o senhor continua um homem e político com uma lucidez invejável, quem dera GARANHUNS surgicem centenas de IVOS AMARAL, a primeira vez que o senhor foi prefeito da minha cidade eu apenas tinha 10 anos e meio lembro do senhor, sou seu FÃ, Deus abençoe o senhor.
ResponderExcluirExcelente texto, sábias palavras!
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