Brasil só perdeu com
os processos de privatizações realizados pelos governos neoliberais
O plano de privatizações do governo
golpista de Michel Temer (MDB) foi anunciado em agosto de 2017, e inclui
aeroportos, portos, rodovias, empresas públicas e até a Casa da Moeda, que fica
no Rio de Janeiro. O objetivo, segundo a equipe econômica liderada pelo
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é aumentar o caixa do governo, que até
agora não conseguiu dar respostas substanciais à crise econômica.
Para Juliane Furno, socióloga,
especialista em desenvolvimento econômico e colunista do Brasil de Fato,
trata-se de uma medida imediatista, que não corresponde à necessidade de
crescimento sustentável e a longo prazo do país. “Por exemplo, mesmo o Estado
tendo entregado parte importante do patrimônio brasileiro nos anos 90, a dívida
pública líquida não só não diminuiu como subiu de 32% do PIB, em 1994, para 56%
do PIB, em 2002, ou seja, nem a promessa de melhoria econômica via redução da
dívida pública se sustenta. Outra justificativa é de que as empresas estatais
estão quebradas, logo, dão prejuízo para o Estado. Isso é de uma ignorância sem
tamanho! Segundo um estudo recente do Dieese, entre 2002 e 2016, as estatais
brasileiras tiveram um lucro líquido de R$ 808,6 Bilhões! A Eletrobras
apresentou um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2017 e de
R$ 3,4 bilhões em 2016”.
Para justificar a venda de empresas
lucrativas, como a Petrobras, os Correios e a Eletrobras, é colocada em prática
uma estratégia de desinvestimento, que compromete a credibilidade delas. No
caso da Eletrobras, o governo de Michel Temer assinou um contrato com uma
empresa de assessoria de imprensa no valor de R$ 2 milhões, exclusivamente para
“assessorar na comunicação relativa ao projeto de acionista majoritário de
desestatização da empresa”. Em outras palavras, o objetivo da contratação,
feita sem licitação, como denuncia o jornalista Lúcio de Castro, da
agência Sportlight, é destruir a imagem da empresa, para convencer a opinião
pública de que se trata de algo descartável. O que para Gilberto Cervinski, do
Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), trata-se de um crime contra o
patrimônio brasileiro.
“Isso é uma prática criminosa. Primeiro
que os dirigentes atuais da Eletrobras não são legítimos, são fruto do golpe,
que colocou no poder o ilegítimo Michel Temer. Essa propaganda para falar mal
da Eletrobras só pode ser falsa. Querem falar mal porque se for revelada a
verdade sobre a Eletrobras, vai ficar demonstrado que ela oferece à população a
energia mais barata. A energia no Brasil é cara porque as privadas vendem caro.
Mas a Eletrobras vende a energia mais barata. É engraçado porque dizem que ela
é ineficiente. Ou seja, a empresa que vende a energia mais barata do Brasil é
ineficiente? Na verdade, eles querem vender a Eletrobras para pegar essa
energia produzida a baixo custo, aumentar a tarifa e, com isso, obter lucros
extraordinários”.
O processo de desinvestimento recente
da Petrobras é parte dessa estratégia de sucateamento das empresas estatais,
objetivando sua privatização. Exemplos históricos ascendem a preocupação sobre
as consequências econômicas do modelo privatista neoliberal. Como é o caso da
Vale do Rio Doce, privatizada em 1997 pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB). O Estado arrecadou R$ 3,3 bilhões com a venda da empresa,
considerada na época a maior exportadora de minério de ferro do mundo, que
mantinha o controle de dezenas de empresas nos setores de mineração, navegação,
portos, celulose e madeira. Na época, a consultoria Economática avaliou que o
preço de mercado da empresa rondava, no mínimo, os US$ 37,47 bilhões, ou seja,
um valor muito maior do que o arrematado.
“A privatização da Vale não foi uma
privatização, foi uma transferência de uma enorme empresa, com gigantescas
reservas de minério ao capital internacional, especialmente, ao sistema
financeiro, praticamente de graça. Então o processo fala por si: foi
fraudulento, criminoso esse processo de privatização”, disse Cervinski.
No caso da Eletrobras, o governo espera
arrecadar cerca de R$ 20 bilhões com a venda. Com receita líquida anual de R$
60,70 bilhões, a empresa é responsável hoje por um terço da energia elétrica
consumida em todo o país. Ao todo, a empresa administra 47 hidrelétricas, 270
subestações de energia, seis distribuidoras e possui 70 mil quilômetros de
linhas de transmissão. Essas linhas atendem 12 milhões de habitantes em seis
estados. Um dos efeitos imediatos da venda, previstos pelos especialistas é o
aumento de tarifa, repassando ao consumidor o ônus da privatização.
Edição: Juca Guimarães
Ilustração: Eletrobras administra
47 hidrelétricas, 270 subestações de energia, seis distribuidoras e 70 mil
quilômetros de linhas de transmissão. Foto: Alexandre Marchetti
APOIO: PCB (Partido Comunista Brasileiro) de Garanhuns/PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário