O silêncio do Governo do Estado diante das delações em que o empresário
João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho revelou ao Ministério Público Federal a
existência de um esquema de corrupção que beneficiou o PSB, levou o deputado
Álvaro Porto (PTB) a cobrar esta semana umposicionamento do
Palácio do Campo das Princesas.
Em discurso, o petebista disse que a seis meses das eleições “os
pernambucanos esperam um posicionamento do Governo e não o silêncio” sobre o
trabalho que a Polícia Federal tem feito no estado. “Não dá para fazer de
conta que nada está acontecendo”, destacou.
Na semana passada foi noticiado que, ao falar ao
MPF, Lyra, dono do avião usado pelo PSB na campanha presidencial do
ex-governador Eduardo Campos em 2014, declarou ter
feito repasses de propinas de empreiteiras a dirigentes socialistas. Foi
veiculado também que os nomes do governador Paulo Câmara e do prefeito do
Recife, Geraldo Júlio, constariam dos anexos da delação de Lyra como
beneficiários do esquema. Os mesmos anexos incluiriam ainda informações
sigilosas sobre os três inquéritos da Operação Lava Jato que investigam Paulo e
Geraldo.
“Há indícios de desvios de recursos públicos por meio de supostos
esquemas que envolveriam propinas, superfaturamentos, lavagem de dinheiro,
empresas fantasmas e contas no exterior geram não só questionamentos na
população”, disse. “Este quadro exige de nós, deputados, uma atitude de
cobrança de esclarecimentos e de posicionamento do governo”, disse, endossando
a nota que a oposição emitiu no fim de semana cobrando posicionamento do
governo.
O deputado observou que muitas das denúncias envolvem o PSB, gestões do
PSB, nomes do partido que estão no comando do governo do estado e da prefeitura
do Recife, nomes que tiveram cargos nos governos socialistas e outros que
mantiveram relações de diversas naturezas com o partido.
“É sobre esse tipo de informação que se faz necessário se questionar. O
cidadão pernambucano precisa saber se os recursos dos seus impostos estão
viabilizando obras ou bancando eleições do PSB”, disse. “Precisa saber se os
péssimos serviços de saúde, a falta de medicamentos de uso contínuo, a
insegurança, a piora no transporte público, a paralisação de obras decorrem de
falta de capacidade de gestão, de pouco dinheiro ou de desvio de recursos
públicos”, completou.
Porto destacou que Lyra era alguém que gozava de prestígio dentro do
PSB. “Era o dono do avião usado na campanha de 2014. E um empréstimo de avião
por meses não é algo corriqueiro. Não por acaso ele é investigado nas operações
Lava-Jato e Turbulência”, frisou.
No discurso, o deputado lembrou que Lyra se apresentou como operador do
esquema e, por isso mesmo, deu detalhes como o dinheiro endereçado aos
políticos chegava ao destino. O intermediário era o ex-presidente da Companhia
Pernambucana de Gás, Aldo Guedes. “Era alguém que tinha cargo de confiança e
trânsito no governo socialista”.
Na delação, Lyra informou a existência de superfaturamento em obras com
o Pier petroleiro, Orla de Jaboatão dos Guararapes, BR-101, Arena Pernambuco,
PE-60, dentre outras. “Em outras palavras, o esquema revelado pelo empresário,
teria fixado seus tentáculos em obras milionárias executadas no Estado e,
assim, carreado recursos públicos para o PSB”, frisou Porto.
“Não por acaso, ele apresenta detalhes de transações, como lugares
inusitados para a entrega de dinheiro, telefonemas feitos por secretárias,
aberturas de firmas no exterior. Não por acaso, as revelações de Lyra coincidem
com delações de representantes de diversas empreiteiras já ouvidos pela Polícia
Federal”, acrescentou.
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