“Gordos, Magros e Guenzos”, livro do recifense José Almino de
Alencar, publicado pela CEPE (Companhia Editora de Pernambuco), recebeu rasgados
elogios do cantor e compositor Caetano Veloso, que escreveu um artigo num site
de cultura nacional, comentando a obra.
Pela qualidade do texto de Caetano, reproduzimos aqui os primeiros
parágrafos do seu primoroso artigo:
Esta, de seu lado, não é propriamente magra, como o são a de Graciliano
ou a de Hemingway, a de Zé Rubem Fonseca ou a da poesia de João Cabral. A prosa
de Zé Almino é elegante e equilibrada, entende o gordo e o guenzo mas, sempre
perto da magreza, sabe espelhá-los sem entregar-se a eles. De todo modo, não é
retorcida.
Sou de um Brasil que não acreditava no mundo exterior. Zé foi o meu
primeiro guia quando, sem entender, me vi no grande mundo, fora de casa: ele
era, de repente, ao mesmo tempo a casa e o mundo — e com isso me mostrava a
possível realidade extramuros. Isso se deu na dimensão física, anedótica. E se
expandiu depois nas formas intelectual e estética. Zé tem sido, desde então, um
dos meus mestres, um dos meus nortes. Ele sinaliza, aponta, faz rápidos
contrapesos, surpreende com alguma informação crucial, ensina. Ainda na anedota
de nossas vidas. No livro da reunião de escritos seus, isso acontece por meio
de peças artísticas despretensiosas e deslumbrantes. Ali há de tudo o que
importa. A menção a Machado de Assis vem com a vivência entranhada de sua
literatura; a citação de Paulo Mendes Campos surge como reeleição do autor
mineiro ao Olimpo da nossa inteligência; o anúncio de Tupan Sete experimenta o
mistério do quase inexistente; a lembrança da frase de Valéry a respeito da
superioridade da poesia sobre a prosa ecoa a vida do Recife, de Paris, de Nova
York, cidades que têm suas prosas sempre poéticas na solidão do exilado.
Quando do lançamento das crônicas de José Almino, o ano passado, o
Jornal do Commercio também publicou reportagem destacando a obra e o escritor.
Já o artigo de Caetano Veloso é recente.
Esse Zé Almino deve ser neto do doutor Miguel Arraes de Alencar... Conheci um filho d doutor Miguel Arraes, chamado Zé Almino Arraes de Alencar. Gente muito boa !!!
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