MARINHO ACHA QUE PROJETO DE AUDÁLIO ESTIMULA O ÓDIO

Vereador Audálio Ramos

O projeto apresentado na Câmara Municipal pelo vereador Audálio Ramos (PSDC), proibindo a disciplina denominada “ideologia de gênero” nas escolas públicas ou particulares de Garanhuns gerou a reação de pelo menos um representante da população.

Praticamente no mesmo dia em que Audálio divulgou sua proposta nas redes sociais, sendo elogiado por muitos garanhuenses, o vereador Marinho da Estiva usou um grupo do WhatsApp para publicar textos críticos aos que se posicionam contra a discussão da sexualidade nas escolas, na prática rebatendo o projeto de seu colega do Legislativo Municipal.

"Fica terminantemente proibido na grade curricular de ensino da rede municipal de ensino, a disciplina denominada ideologia de gênero, bem como toda e qualquer disciplina que tente orientar a sexualidade dos alunos ou que tente extinguir o gênero feminino e masculino como gênero humano", defende o projeto de Audálio Ramos, logo no artigo 1º.

Marinho da Estiva conversou hoje com o editor do blog e explicou sua posição.

 Vereador Marinho 

Segundo o vereador do PHS, não havia necessidade nenhuma da apresentação do referido projeto, uma vez que o Plano Municipal de Educação já baniu das escolas a discussão sobre a sexualidade. “Ele deve ter apresentado a proposta para agradar setores da Igreja”, comentou Marinho.

O vereador não vê com bons olhos o projeto, porque a seu ver ele estimula o ódio, o preconceito e a homofobia, num momento delicado da história política brasileira, quando se vê tanta intolerância nas ruas.

A seu ver também a discussão da sexualidade nas escolas é necessária e não se pode confundir os esclarecimentos sobre o assunto com a questão com homossexualidade. “Em Pernambuco ocorrem 12 assassinatos e 135 estupros de mulheres por dia. Tudo isso se deve ao preconceito, à ignorância e a falta de informação a respeito da sexualidade”, explicou Marinho.

A seu ver o discurso de que um projeto tal qual o apresentado em Garanhuns objetiva defender a família é hipócrita, porque é excludente e discriminatório.

“O homossexualismo existe, é um fato e ninguém vai acabar com a inclinação sexual de ninguém através de decretos ou de projetos de lei”, defendeu o vereador.

Hoje o projeto de Audálio Ramos começou a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal e o debate, marcado para uma sala teve de ser realizado no plenário, por conta da presença de quase 200 pessoas interessadas no assunto.

Na frente do prédio da Casa Raimundo de Moraes, logo cedo, alguns grupos religiosos portavam faixas favoráveis à proposta de Audálio, com o argumento de defesa da família e críticas veladas à homossexualidade. “Menino é menino, menina é menina”, dizia uma das faixas.

Participaram da reunião da CCJ os vereadores Alcindo Correia, Ary Júnior e Zaqueu Lins (os três da comissão), além de Betânia da Ação Social, Professor Márcio, Luzia da Saúde e Marinho da Estiva.

Também estiveram presentes representações da UPE, da Unidade Acadêmica da UFRPE, do Colégio XV e de diversas entidades representativas do município.

Por proposta do vereador Zaqueu Lins o tema agora vai ser discutido numa Audiência Pública da Câmara, no dia 14 de novembro.

Segundo Marinho, outros vereadores além dele consideram o projeto de Audálio inoportuno, por conta do momento delicado que vive o país.