Por Michel Zaidan Filho*
Tive, ontem, a grata
satisfação de ver realizada a tese de Antonio Gramsci que diz "a
hegemonia nasce na fábrica", ou como o movimento sindical pode (e
deve se transformar) numa escola de formação. Na última quinta-feira
(dia do feriado de Corpus Cristi), o Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco
realizou na Guabiraba um grande encontro de delegados sindicais preparatório
para as eleições da próxima diretoria da casa. O que mais me chamou a atenção
foi o foco de interesse daqueles operários na Política (estadual e nacional),
entendendo eles que não é possível formular uma agenda sindical, por
reposição salarial e outras questões, sem fazer uma discussão profu nda sobre a
economia e a política do país. E como participaram animadamente dessas
discussões!
Primeiro, se levantou a questão da grave crise representação política que hoje vive o Brasil, com o predomínio das corporações econômicas, religiosas e de vários matizes e interesses sobre o mandato popular. O que, por si só, desautorizaria a prerrogativa legiferante do chamado Poder Legislativo em legislar em benefício do povo. Grande parte dos nobres deputados e senadores, alvo da operação Lava-Jato, legisla hoje em causa própria ou em benefício de seus patrocinadores de campanha, numa espécie de destruição do instituto da representação política, que devia ser universal ou a serviço do interesse publico, republicano. Não a favor de bancos, frigóricos, igrejas, empresas, agro-exportadores etc.
Segundo, a grave crise de representação vem contribuindo a passos largos para a "desinstitucionalização da política", fazendo com que ela saia do parlamento, dos partidos, do voto popular nas eleições, e caminhe para as ruas, praticando um tipo de "jus esperniandi", uma atitude de indignação, revolta contra o desvirtuamento anti-republicano das instituições do país.
Terceiro, estaríamos diante de uma modalidade de "Estado de exceção", com aparência democrática, onde um governo ilegitimo, antipopular, a serviço do mercado, procura utilizar o cargo e seus aliados, no Congresso, para obstrução da Justiça. criminalizando e reprimindo as manifestações da sociedade civil contra si. Até as tropas do Exército Nacional foram requisitadas pelo Poder Executivo para impedir a liberdade de manifestação dos cidadãos e cidadãs indignados.
Quarto, crise na relação inter-institucional entre os Poderes, sobretudo entre o Judiciário e o Legislativo. O mau ativismo judicial, praticado pelos ministros que tomaram partido pelos políticos, abriu as portas para a desmoralização do Judiciário, fazendo com que os deputados e senadores escolham a decisão que querem obedecer ou aceitar. A partidarização do Poder Judiciário colabora para perda de credibilidade dos ministros dos tribunais superiores. E instauram, no país, um clima de grande insegurança jurídica.
Quinto, o fim do ciclo político e a novidade das greves de trabalhadores no Brasil. Este sim o fato novo na política brasileira, depois de atrelamento do movimento sindical.
*Michel Zaidan Filho é professor da UFPE e cientista político.
**Foto: Carta Capital
Eu leio,eu vejo,eu escuto alguns serem contra aos Sindicatos de todas as categorias do Brasil.Vão ser burro assim pra lá de Bagdá.
ResponderExcluirPrefeitos e vereadores,governadores e deputados estaduais,presidentes e deputados federais e senadores conseguem aumentos exorbitantes acima da inflação rapidinho e ligeirinho.
Até 2002 os deputados federais ganhavam apenas mensalmente R$ 12.748,00.Deram um pulo em em 2006 já estavam em R$ 16.509,12.Depois subiram mais um degrau e foram para R$ 26.726,13 em 2010 quando criaram uma FALSA ISONOMIA SALARIAL.Achando pouco porque eles trabalham muito pelo povo aumentaram para R$ 33.763,00 em 2014.
Em 2016 eles voltaram a quebrar a falsa isonomia salarial e aprovaram para os juízes R$ 39.293,00 o que em 2018 quando eles estiveram legislando em causa própria deverão ganhar iguais aos juízes R$ 39.293,00.
Totalizando assim em 16 anos R$ 26.545,00 .Agora o salário mínimo subiu apenas em 15 anos R$ 737,00. Por isso que as elites do Brasil querem acabar com sindicalismo deixando que os Prefeitos,governadores e presidente os patrões reconheçam que os trabalhadores precisam de aumentos quando eles são incapazes de controlar A INFLAÇÃO QUE SOBE TODOS OS DIAS.
Subiu gasolina,botijão de gás,salários dos políticos e dos trabalhadores devem permanecer congelados! Que hipocrisia!