Por
Altamir Pinheiro
O
pesquisador de filmes de faroestes, Darci Fonseca, faz uma observação
bastante interessante sobre o ator mexicano ANTHONY QUINN, a
respeito de sua feiúra. Diz ele: Algo que nunca mudou nas platéias dos
cinemas foi a vontade de admirar, nas telas, rostos bonitos como Greta Garbo,
Robert e Liz Taylor, Cary Grant, Tony Curtis, Alain Delon, Marylin
Monroe, Rock Hudson, Sophia Loren e as gerações de Tom Cruise para frente.
Diante dessa realidade, só mesmo com muito talento para um FEIO como Anthony
Quinn, com seu rosto enorme, inconfundível e com aparência mestiça,
para poder vencer como ator. Inicialmente ator característico com seu tipo
bruto e violento, interpretando índios, latinos e até piratas. Com
o tempo o cinema percebeu e reconheceu que Anthony Quinn, mais que qualquer
outro ator, era capaz de tornar um filme memorável independente do personagem
por ele vivido. Nos WESTERNS foi também assim e Anthony Quinn pouco a pouco
passou da condição de figurante para a de coadjuvante e logo a astro de grandes
filmes do gênero, sendo um dos maiores da história do cinema.
Anthony
Quinn era um ator tão versátil que conseguiu brilhar mesmo
contracenando com um monstro sagrado como Kirk Douglas, em atuação
igualmente impactante. Quinn contracenou com Kirk Douglas como seu
antagonista em filme faroeste espetacular apropriadamente batizado DUELO DE
TITÃS(1959). Sua figura já havia alcançado prestígio mundial quando
apareceu ao lado de nomes de peso como Omar Shariff em “Lawrence da
Arábia” e esteve junto de Gregory Peck em “Os Canhões de
Navarore” Entre esses, sua ótima performance em “As
Sandálias do Pescador”.
Em todos
esses filmes, mesmo que em meio a um elenco estelar, Anthony Quinn sempre
conseguia se fazer notar, se destacando com notável desembaraço. Ele conseguia
transmitir credibilidade não importando em que papel alcançou
impressionante resultado protagonizando “Barrabás” (1961) e “Zorba o
Grego” (1964). Todos facetas múltiplas de um ator cuja versatilidade não tinha
limites. Na vida pessoal também era um homem de muitos papeis: Estudou
arquitetura, casou outras duas vezes, foi pai, escritor, como também na vida
real Anthony Quinn era um pintor auto-didata, tendo se interessado pela arte
durante sua adolescência, e depois de adulto chegou a conquistar elogios do
crítico de arte e a ter seus quadros exibidos em galerias de arte no
México, Los Angeles, Nova York e Paris.
Por ser
mexicano, o grande sonho que Anthony Quinn demonstrava era seu
interesse em viver na tela o guerrilheiro mexicano, Emiliano Zapata no filme
VIVA ZAPATA!!! Porém, o diretor do filme Elia Kazan não aceitava outro ator que
não fosse Marlon Brando para ser Emiliano Zapata. Sem chances de
protagonizar a vida de seu conterrâneo Emiliano, Anthony Quinn foi
convidado para desempenhar o irmão de Zapata, EUFÊMIO ZAPATA. Aceitou
para poder participar daquele filme que falava da importante revolução ocorrida
no seu país.
VIVA
ZAPATA!!! foi considerado o melhor filme norte-americano sobre a Revolução
Mexicana. O realismo das imagens é impressionante, Brando está magnífico como Zapata
e a cena da morte do líder camponês é antológica. Kazan conseguiu o
milagre de transformar uma história política despida de ideologia num filme que
envolve o espectador pelo heroísmo pessoal e inconsciente de Zapata. No elenco
destaca-se a presença de Joseph Wiseman como um agente comunista e de Jean
Peters (a atriz que não sorria). Anthony Quinn, ainda que não totalmente à
vontade como EUFÊMIO, pois queria mesmo era ser Zapata, acabou
recebendo um belo prêmio de consolação que foi o Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante de 1952.
Afora o
fato de o livro ZORBA, O GREGO ter sido transposto para o cinema com
grande sucesso e o emblemático Anthony Quinn tenha encarnado o papel com uma
exuberância espetacular, Zorba é um livro fascinante e provocativo. Todos
os que amam a leitura deveriam lê-lo. Ele mostra o lado bom da vida e nos
inspira a querer manifestar o nosso melhor. Quanto ao filme, na sua sinopse
trata de um escritor inglês que chega a Grécia e pega um navio, pois vai até
Creta para trabalhar em uma mina que herdou do pai, um grego de nascença. Logo
ele conhece ALEXIS ZORBA (ANTHONY QUINN), um determinado camponês grego que
também quer trabalhar na mina. Os dois acabam indo se hospedar em um pequeno
hotel administrado por uma velha prostituta francesa que é cortejada por Zorba,
que encoraja seu amigo escritor para dar atenção a uma bela viúva, que é muito
desejada pelos homens do local. Tanto o livro vale a pena lê-lo, do mesmo jeito
o filme vale a pena assisti-lo.
Consta
que o apelido "ONE-MAN TANGO" foi dado a Anthony Quinn pelo cineasta
Orson Welles. A expressão se refere a alguém tão autoconfiante, que seria capaz
de dançar um tango sozinho. "One-man Tango" é o nome da
autobiografia de Anthony Quinn - o homem que fez mais de 150 filmes, foi
ator, diretor e produtor, além de pintor e escritor. Em 2001, ele
interpretou seu último papel, no filme "Vingando Ângelo". Pouco
depois das filmagens, Anthony Quinn faleceu de complicações pulmonares
decorrentes de um câncer na garganta aos 86 anos de idade. Assista ao
trailer com a magistral cena final do filme "Zorba o Grego"
(1964), com Anthony Quinn e Alan Bates, incluindo a famosa música e dança. Grande história, roteiro, fotografia, música e um dos
melhores finais de filme de todos os tempos.
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