Do Portal Paraíba Total
O presidente
do Tribunal do Trabalho da Paraíba (13ª Região), desembargador Eduardo Sergio de Almeida, natural de
Capoeiras e que aqui em Garanhuns estudou nos colégios XV de Novembro e
Diocesano, concedeu entrevista esta semana ao Portal Paraíba Total. Na entrevista o magistrado destacou o
aumento no número de ações na Justiça do Trabalho e falou sobre a Reforma
Trabalhista.
Novo presidente do Tribunal Regional do Trabalho
na Paraíba diz como a crise econômica impactou a Justiça do Trabalho no Estado.
A crise econômica, sem dúvidas, têm impactado os
mais variados setores da sociedade, inclusive a Justiça do Trabalho. Desde que
o período de recessão se instalou no País, só aqui na Paraíba aumentou
significativamente o número de processos de trabalhadores que foram demitidos e
que agora buscam pelos seus direitos, reais ou supostos.
No ano de 2015, a Justiça do Trabalho da Paraíba
recebeu na sua 1ª Instância 36.189 processos e, no ano passado, o número de
ações subiu para 39.623. Nos dois primeiros meses deste ano de 2017 já foram
protocoladas 6.021 novas ações trabalhistas, enquanto que em 2016, no mesmo
período, foram 5.703 e, em 2015, 4.932.
Esse diagnóstico de ascendência no número de ações
foi confirmado esta semana, em entrevista exclusiva ao Paraíba Total, pelo novo
presidente do Tribunal Regional do Trabalho na Paraíba (TRT), desembargador
Eduardo Sergio de Almeida. “Quando o país vive um período de estabilidade ou de
crescimento econômico temos uma grande empregabilidade, as pessoas buscam menos
o reconhecimento de direitos, reais ou supostos. Em períodos de crise é o
inverso, aumenta o número de demissões e o cidadão vai à Justiça em busca de
seus direitos. Por isso, estamos em ascendência quanto ao número de ações”,
afirmou Eduardo, que também foi advogado militante por mais de 13 anos e como
juiz titular, nas Varas do Trabalho de Guarabira, Itabaiana e 7ª Vara de João
Pessoa, além de mestre em Direito e pós-graduado em Filosofia e Direito do
Trabalho pela Universidade Castilla La Mancha, na Espanha.
Ao longo da conversa o novo dirigente falou da
expectativa e metas para sua gestão frente ao TRT da Paraíba até janeiro de
2019 e de temas atuais como o andamento da Reforma Trabalhista e das execuções
processuais, que segundo ele é hoje, os gargalos da Justiça do Trabalho.
“O principal gargalo é a chamada execução. É
quando o cidadão ganha a ação, mas na hora da execução ou se depara com um
devedor que frauda os direitos dos desempregados ou frauda essa execução,
transferindo bens para o nome de terceiros. Em outros casos, a pequena ou média
empresa vai à falência e não deixou nada de patrimônio. Não há o que fazer. A
ação está ganha, mas infelizmente, não é possível transformar o direito do
trabalhador, reconhecido judicialmente, em dinheiro”, destacou ele que assumiu
o cargo de desembargador no Tribunal do Trabalho da Paraíba em setembro de
2011, além de procurador Judicial concursado em Pernambuco.
ENTREVISTA
COMPLETA
PORTAL
PARAÍBA TOTAL - Como anda o quadro de magistrados e
servidores da Justiça do Trabalho, principalmente nas varas do interior, são
suficientes?
DESEMBARGADOR
EDUARDO SÉRGIO - Em relação aos
magistrados nós temos um número suficiente, tanto de titulares das varas quanto
de juízes substitutos. Em relação a servidores, temos um percentual alto.
Proporcionalmente, somos o tribunal com mais servidores. No entanto, é um
quadro envelhecido, boa parte desses servidores já tem condições de requerer
aposentadoria, e está concentrado principalmente em João Pessoa e Campina
Grande.
PPT - Diante da
escassez de servidores nas varas do trabalho do interior existe a previsão de
concurso público para este ano ou para o ano que vem?
DES - Não, existe uma proibição por parte do TST
(Tribunal Superior do Trabalho) que não permite a realização de concurso, a não
ser para áreas muito especializadas como informática, por exemplo. Mas, para
esta área ainda temos um concurso válido e temos nomeados servidores. Mas, para
o servidor em geral, não há previsão de concurso.
PPT - Quanto à
previsão de reestruturação do TRT, o Tribunal está trabalhando na
reestruturação da jurisdição. Como está este trabalho e no que ele pode
resultar?
DES - Há uma comissão formada por juízes e servidores
para estudar uma readequação na jurisdição. Vamos a um exemplo: Guarabira é uma
vara que tem uma quantidade enorme de processos e uma jurisdição muito ampla,
com 21 municípios. Já Areia tem em sua jurisdição 12 municípios e muito menos
processos. Nesse caso, podemos ampliar a jurisdição de Areia retirando
municípios da Vara de Guarabira, com benefício para o jurisdicionado e para os
advogados. Ou seja, em Guarabira estaríamos garantindo mais celeridade no
julgamento dos processos, já que haveria um equacionamento entre as duas varas
em relação ao número de processos apreciados e decididos.
PPT - Isso tem
prazo, presidente?
DES - Este ano ainda, seguramente, faremos algumas
adequações. Esse é um trabalho permanente porque sempre existirá necessidade de
mudanças. Um município, por exemplo, pode estar mais perto de Guarabira, mas
digamos que o Governo do Estado resolva construir uma estrada facilitando
totalmente o acesso à cidade de Areia. Nesse caso, este município poderá passar
tranquilamente para aquela jurisdição por essa facilidade. Nós temos um caso
contrário, a vara de Itabaiana tinha competência para julgar as causas do
município de Natuba. Só que, apesar de ser mais próxima geograficamente de
Itabaiana, não existia acesso. E por isso as causas oriundas de Natuba foram
deslocadas para a jurisdição de Campina Grande a pedido das partes. É um
trabalho permanente que não precisa de grandes estudos, mas exige atenção a
essas mudanças.
PPT - Em linhas
gerais, quais sãos os principais gargalos da Justiça do Trabalho? Onde o senhor
considera que é necessário avançar?
DES - O principal gargalo é a chamada execução. É
quando o cidadão ganha a ação, mas na hora da execução ou se depara com um
devedor que frauda os direitos dos desempregados ou frauda essa execução,
transferindo bens para o nome de terceiros. Em outros casos, a pequena ou média
empresa vai à falência e não deixou nada de patrimônio. Não há o que fazer. A
ação está ganha, mas infelizmente, não é possível transformar o direito do
trabalhador, reconhecido judicialmente, em dinheiro.
PPT - A crise
econômica está impactando no aumento do número de processos na Justiça do
Trabalho?
DES - Sim. Quando o país vive um período de
estabilidade ou de crescimento econômico temos uma grande empregabilidade, as
pessoas buscam menos o reconhecimento de direitos, reais ou supostos. Em
períodos de crise aumenta o número de demissões e o cidadão vai à Justiça em
busca de seus direitos. Veja os números: No ano de 2015, a Justiça do Trabalho
da Paraíba recebeu na 1ª Instância 36.189 processos e, no ano passado, 39.623.
Nos dois primeiros meses deste ano de 2017 já recebemos 6.021 ações
trabalhistas. Em 2016, no mesmo período, foram 5.703 e, em 2015, 4.932. Estamos
em ascendência quanto ao número de ações.
PPT - Qual é o
real papel do TRT na Paraíba? Como é, de fato, a sua atuação e contribuição
diretamente junto à sociedade?
DES - Eu penso que é um Tribunal de grande
respeitabilidade na região, eficiente e moderno. Temos um processo totalmente
eletrônico já há vários anos, com juízes extremamente bem preparados com uma
vida acadêmica ativa, com doutorado e com livros publicados. Há um bom número
de servidores no Tribunal, isso significa renda porque esse pessoal recebe
remuneração do Governo Federal e gasta a maior parte desta renda no Estado da
Paraíba, movimentando a economia. Isso gera um impacto positivo muito grande.
Além da questão puramente econômica, existe a questão pedagógica. Um tribunal
bem estruturado como o nosso profere decisões que, em curto prazo, implicam
diretamente na relação patrão e empregado. Aliás, impacta na sociedade como um
todo. Empresas que descumpriam a legislação, depois condenadas, passam a ter
uma atitude mais correta e de respeito à legislação e aos direitos do seu
trabalhador. Eu penso que a Justiça do Trabalho é fundamental no Brasil, a
exemplo do que ocorre em outros países, e é fundamental na Paraíba. O TRT tem
uma importância enorme na melhora das relações sociais, tendo como função
principal a de evitar conflitos, a de pacificar as relações sociais entre
patrão e empregado. A meu ver, a campanha levada a cabo por alguns políticos -
de desprestígio da Justiça do Trabalho - é altamente equivocada. Se não
houvesse a Justiça do Trabalho, o que o trabalhador faria quando logrado nos
seus direitos pelo empregador? Boicotar empresas, quebrar máquinas? Porque, sem
a possibilidade de reclamar seus direitos na justiça, o trabalhador se vinga de
alguma maneira. É como a questão sindical: em alguns países, como a Espanha,
onde estudei, os empresários fazem questão da existência de sindicatos
representativos, porque se o trabalhador não tem representação sindical
adequada, não há interlocutor com o qual negociar. No nosso caso, em uma
comparação meramente explicativa, se não tivéssemos a Justiça do Trabalho, o
trabalhador teria que recorrer a outros meios, talvez inidôneos, para de alguma
maneira se vingar daquele ato patronal que não respeitou seus direitos.
PPT - Como
funciona a dinâmica de relacionamento entre o TRT com os demais poderes do
Estado?
DES - Muito bem. Em relação ao Tribunal de Justiça, por
exemplo, temos um convênio para pagamentos de precatórios (que são condenações
contra os entes públicos – estado, municípios e a própria União). Este dinheiro
é repassado ao TJ e, parte é usada para pagamento dos precatórios da Justiça
Federal Comum e parte para a Justiça do Trabalho. É um convênio que vem
funcionando bem. E há, ainda, a possibilidade de outros convênios, na área de
informática, por exemplo. Como nós temos maior know-how em informática, porque
nos informatizamos mais cedo, temos condições de oferecer essa expertise à
Justiça Estadual da Paraíba.
PPT - Quais são
os projetos a curto, médio e longo prazos do TRT13?
DES - O projeto a curto e médio prazos é a construção
do fórum trabalhista de João Pessoa. Apesar de termos mais de 30 anos da
instalação do Tribunal do Trabalho na Paraíba, não temos um Fórum próprio de
Primeira Instância na Capital. O Tribunal tem suas instalações próprias, mas a
Primeira Instância não. Nós estamos realizando uma obra que vai resolver o
problema da instalação das Varas do Trabalho e esse é um grande projeto com o
qual várias administrações que me antecederam também estiveram comprometidas.
PPT - Em que fase
está a construção?
DES - Está indo bem. Nós tivemos um problema
orçamentário muito grave no ano passado, quando só foram liberados R$ 800 mil
para a construção do fórum. Mas nossa perspectiva, para este ano, é que sejam
liberados R$ 10 milhões, o que vai acelerar em muito a obra.
PPT - Todas as
outras varas do interior do Estado têm sede própria?
DES - Exatamente. Campina Grande tem cinco varas
funcionando em um prédio bom, adequado e relativamente novo, situação vivida em
todos os outros municípios onde atuamos. Somente em João Pessoa é que
funcionamos em prédio alugado, cujas condições de trabalho não são tão boas.
PPT - A gestão do
senhor vai até janeiro de 2019. Quais suas expectativas e suas metas de
trabalho para este período?
DES - A expectativa é que as verbas aprovadas sejam
liberadas para que possamos prosseguir com a construção do fórum, para renovar
equipamentos e para fazer as obras que são necessárias nas unidades
jurisdicionais. É uma administração de continuidade, como tem sido as demais.
Há um compromisso de todos aqueles que dirigem este Tribunal com a melhora
contínua na prestação jurisdicional e com a melhoria das condições de trabalho
dos magistrados e servidores.
PPT - Qual a opinião do senhor sobre a reforma
trabalhista?
DES - A pretensão de alguns congressistas e, talvez, do
Executivo também, é uma reforma trabalhista que precariza direitos do
trabalhador. Há uma ideologia disseminada de que quando se precariza e se
subtrai direitos, se aumenta a empregabilidade. Isso é uma falácia, não
acontece em lugar nenhum do mundo. Quando a economia está em crise, os
empresários deixam de investir e não é porque há tais e tais direitos
trabalhistas. Na Alemanha, a jornada de trabalho semanal é de 38 horas, e os
trabalhadores alemães têm uma grande proteção social.
A Alemanha é o país mais
rico da Europa, com grande empregabilidade. Neste fenômeno em que milhões de
refugiados saíram da Síria e foram para Alemanha, no início, foram muito bem
recebidos porque o país tinha uma escassez de mão de obra. Esse discurso de que
se vai precarizar e subtrair direitos para facilitar a vida das empresas e dos
investimentos, penso que é equivocado. Na verdade, o que se quer é aumentar a
lucratividade das empresas, prejudicando enormemente a sociedade porque isso
implica no aumento dos acidentes do trabalho, do estresse, do adoecimento.
Você
repassa gastos que deveriam ser das empresas para o Estado, para a sociedade. E
o modelo que se alardeia com argumentos, por exemplo, de que a China cresce
muito porque não tem direitos trabalhistas, é preciso saber qual a sociedade
que se quer. Eu gostaria de viver em uma sociedade como a europeia, onde a
renda é bem distribuída, onde o trabalhador tem proteção contra desemprego,
contra doença e tem respeito e cuidado na velhice. Na China, o trabalhador
sequer tem previdência social. Lá, o cidadão adoeceu ou ficou velho, ou conta
com o auxílio da família, de uma poupança que fez, ou é descartável, o que é no
mínimo uma crueldade.
Quem não tem pobres na família, nas amizades da juventude
ou mesmo na maturidade? Darci Ribeiro, no seu famoso livro O Povo Brasileiro,
diz que os engenhos de açúcar eram máquinas de gastar gente. Para muitos, a
fábrica, o trabalho precário é máquina de gastar gente. Gente é barato,
substitui-se facilmente. Se um vai embora ou morre, há dez querendo o emprego
dele. É assim que muita gente ainda vê os demais seres humanos. No Brasil não
há cidadania plena.
Pobre não tem cidadania. Há um sociólogo brasileiro muito
famoso, chamado José Murilo de Carvalho, que escreveu livros muito importantes
como Os Bestializados e Cidadania no Brasil. Nesse segundo livro, ele diz, com
outras palavras, que, no Brasil, tem uma sobrecidadania, aqueles que estão
acima da lei, e uma subcidadania, aqueles que a lei só existe para punir; é a
lei penal. Para o pobre, a lei significa o castigo, a repressão. E para os
muito ricos, a lei só funciona em seu favor.
Conforme vem anunciando a imprensa, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, defendeu, em entrevista ao Estadão, o fim do pagamento obrigatório do imposto sindical. A proposta consta no relatório da reforma trabalhista feito pelo deputado Rogério Marinho, do PSDB do Rio Grande do Norte. A questão é polêmica e os sindicatos acreditam que, com a mudança, VÃO PERDER FORÇA NA REPRESENTAÇÃO DOS TRABALHADORES. Hoje, todo cidadão empregado com carteira assinada paga o tributo, independentemente de ser filiado a uma entidade de classe. O VALOR É EQUIVALENTE A UM DIA DE TRABALHO POR ANO. Gandra defende um novo modelo de contribuição aos sindicatos que não seja obrigatório. Ele pede mais transparência ao setor. A “indústria sindical” RECEBEU 3 BILHÕES E MEIO DE REAIS. O dinheiro foi repassado A 11 MIL E 50 SINDICATOS, confederações e federações. Esse volume, no entanto, não foi fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União porque o artigo que previa a verificação pelo órgão foi vetado pelo ex-presidente Lula. E TOME CACHORRADA DESSES MACACOS SINDICALISTAS!!!!
ResponderExcluirP.S.: - JÁ PASSOU DA HORA DE ACABAR COM O IMPOSTO DOS PELEGOS.