Por Junior Almeida
Em
28 de julho de 1938, quando na Grota do Angico, município de Poço Redondo,
Sergipe, as tropas de policiais volantes comandadas pelo tenente João Bezerra
da polícia alagoana mataram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, uma
única baixa foi contabilizada pelo lado da força: o soldado Adrião Pedro.
Começava
ali o início do fim do cangaço no Nordeste, esse período sangrento e triste da
história do Brasil, que acabou de vez dois anos depois com a morte do sicário
Corisco, esse morto na Bahia. Com o passar do tempo Angicos virou local de
visitação para os curiosos, que queriam conhecer o lugar em que o maior de
todos os cangaceiros se escondia e terminou seus dias.
Entre
as pedras da grota o irmão de Lampião, João Ferreira, tratou de colocar uma
cruz de madeira em homenagem aos que morreram em combate (para muitos um massacre)
e depois o próprio João Bezerra, oficial comandante da ação, mandou fazer em
Piranhas, Alagoas, uma grande cruz de metal com mais dez cruzes pequenas afixadas
nela, simbolizando os onze cangaceiros mortos. Alguns anos depois,
misteriosamente essa cruz sumiu de Angicos, mas, outras foram colocadas pela
prefeitura local, também em honra aos bandidos.
E
Adrião Pedro, o soldado que morreu na ação cumprindo seu dever? Nada, nenhum
tipo de homenagem foi feita ao guerreiro. Inconformado com isso, em 2012 o
pesquisador garanhuense Antônio Vilela, que tem vários livros sobre a temática cangaço,
resolveu agir para que Adrião fosse lembrado. Junto com outros estudiosos foi
até Sergipe e fixou no local uma cruz e uma placa, para lembrar aos visitantes
que ali tombou sem vida um militar em ação.
Esse
ano, assim como aconteceu com a primeira cruz de metal no passado, tanto a cruz
como a placa colocadas por Vilela no local, desapareceram misteriosamente. Foi
no dia em que foi celebrada a missa pelos 78 anos daquela hecatombe. É como se
alguém se incomodasse com as homenagens ao militar, pois no dia do ano em que
mais Angicos recebe mais turistas, foi que a cruz e placa desapareceram.
Perseverante,
o professor Vilela mais uma vez vai até o estado vizinho para recolocar placa e
cruz no local da morte do soldado. Ele vai junto com alguns companheiros do
grupo de escritores e estudiosos Cariri Cangaço, que esse ano inclusive divulgou
uma nota de repúdio contra o ato de vandalismo. A aposição da cruz e da placa
na Grota de Angico vai acontecer às 11 da manhã do próximo sábado dia 29.
*Colaboração de Manoel Severo, Fortaleza CE, Jorge Remígio, João Pessoa PB e Sávio Siqueira, São José do Egito, PE. Fotos: 1; os pesquisadores João de Souza Lima e Antônio Vilela quando colocaram a primeira placa em Angico. Fonte Blog Cariri Cangaço. 2; João Ferreira, irmão de Lampião. Fonte Revista O Cruzeiro. 3; cruz de metal feita pelo tenente João Bezerra. Fonte Blog João de Souza Lima. 4; Placa desse ano. Fonte Antônio Vilela.
Gostaria de me fazer presente nesta homenagem ao meu companheiro da PM/AL e ajudar na fixação da placa.
ResponderExcluirIsso só significa que a adoração por bandidos no Brasil é algo cultural e mais do que isso é quase sagrado. E isso se reflete inclusive na política, até os dias atuais. Quanto mais safado, pilantra e vagabundo uma canalha é, mais o povo chama o pilantra de DOTÔ, e vota nele, e puxa o saco, e da tapinha no ombro, e se o pilantra dá alguma esmola aí os trouxas dizem: "este é o OMI".
ResponderExcluirNas escolas do ensino fundamental e médio deveria haver uma disciplina chamada VERGONHA NA CARA, por que o brasileiro principalmente a maioria de nós pobres, está nascendo, crescendo e morrendo sem saber do que se trata. Vendendo voto, caçando boquinhas em cargos comissionados, pagando e recebendo propina, e etc...
Parabéns a esse ato de cidadania do professor Vilela.
ResponderExcluirSe tirarem essa placa e essa cruz de novo, deveriam fazer uma campanha de arrecadação e CONSTRUIR UMA CRUZ DESSA VEZ INDESTRUTÍVEL de 10 toneladas, em AÇO INOX recheada de CONCRETO, para ver se essas viúvas de bandidos iriam lá remover novamente.