O desabafo do padre Arlindo, de
Tamandaré, sobre a proposta que recebeu da Polícia Militar ao pedir reforço no
combate à violência naquele município do Litoral Sul, foi motivo de
pronunciamento do deputado estadual Álvaro Porto nesta quarta-feira (26.10) na
Assembleia Legislativa.
Segundo declarações do pároco, viralizadas num áudio gravado no
WhatsApp, coronéis a quem ele recorreu tentaram lhe convencer a se calar para
não alarmar veranistas. Para o deputado, a atitude dos representantes da PM
revela um aspecto que só agrava o fracasso da política de segurança pública em
Pernambuco.
“Senhoras e senhores, para quem
devemos apelar quando quem deveria garantir segurança tenta convencer um padre
a mentir? A quem recorrer quando a ordem no Estado é fantasiar que está tudo
bem, enquanto moradores e veranistas são vítimas de bandidos?”, questionou
Porto. “Se não chegamos ao fundo do poço, não sabemos mais onde iremos parar
com esse tipo de segurança que prefere esconder fatos e enganar o povo”,
completou.
Na última segunda-feira (24.10),
Álvaro Porto conversou com o padre Arlindo. O pároco reafirmou tudo que disse
na gravação e autorizou o deputado a apresentar suas denúncias no plenário. O
religioso destacou que, como representante da comunidade, ouve as queixas da
população e se indigna com o descuido do Governo com a segurança. Segundo ele,
para prestar Boletim de Ocorrência, é preciso à Delegacia em Palmares, porque a
de Tamandaré não funciona. Salientou também que o município, de 22 mil
habitantes, conta com apenas dois policiais.
Desde 2015, Porto vem apontando
falhas, cobrando melhores condições de trabalho para os policiais e se
colocando à disposição para debater o tema e buscar soluções com o Governo. No
discurso desta quarta-feira ele salientou ser inevitável tornar-se repetitivo.
“Não dá para assistir a tudo isso sem voltar aqui e protestar. É impossível
continuar levando a vida como se nada tivesse acontecendo. Como se tudo o que é
denunciado e cobrado aqui fosse questão de política ou de partidarização. Não
é. Jamais foi. O que fazemos aqui, oposicionistas e governistas, é dar voz à
angústia da população que há tempos está apavorada com tanta insegurança”,
disse.
Em mais um balanço dos fatos, o
deputado disse que o Estado dá mostras de não conseguir controlar a segurança
nas ruas, nos presídios e mesmo nas instituições de amparo a infratores. Ele
citou os novos de casos de explosões de caixas eletrônicos em Santa Cruz do
Capibaribe e no Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho; os
homicídios em série em Bezerros, os assassinatos registrados no estacionamento
da fábrica Tacaruna e no Pátio de São Pedro, no Recife; e a rebelião que
resultou em quatro mortes na Funase de Timbaúba, na Mata Norte. “Enquanto isso,
nas delegacias, os policiais fazem cota para comprar papel, tinta e até água
para beber”, disse.
Na avaliação do deputado, enquanto os
crimes vão se sucedendo, as condições de trabalho dos policiais pioram, a
população se sente vulnerável e o Governo do Estado permanece preso numa rede
de equívocos. “Esconder fatos, minimizar denúncias e reduzir críticas à
politização ou à questão partidária não resolverá o problema”, criticou.
Álvaro Porto aproveitou
pronunciamento para parabenizar o Padre Arlindo pela coragem de não fugir ao
seu papel de líder de paróquia e, principalmente, por se recusar a comungar com
a mentira. “É por conta de maquiagens como esta denunciada pelo padre que
Pernambuco chegou a esse estágio de total desesperança e terror”, salientou.
Ele também atacou a resposta
encaminhada à imprensa pela Assessoria de Comunicação da Polícia Militar. Para
ele, o conteúdo reafirma a omissão do Governo diante episódios que deveriam ser
apurados e esclarecidos. “O Palácio do Campo das Princesas se ateve a outros
temas tratados pelo padre e ignorou a denúncia. Como sempre, o Governo joga
fatos sérios para debaixo do tapete. Foi assim quando o secretário de Justiça e
Direitos Humanos confessou que conversava com presos por celular, está sendo
assim agora”, arrematou. (Da Assessoria do Parlamentar).
*Nas fotos o padre Arlindo, de Tamandaré, e o deputado Álvaro Porto (PSD).
*Nas fotos o padre Arlindo, de Tamandaré, e o deputado Álvaro Porto (PSD).
Quem conhece o trabalho do Padre Arlindo sabe do seu esforço para manter Tamandaré em paz, principalmente nas temporadas de veraneio quando a população se multiplica e ele consegue sempre fazer com que os veranistas se sintam parte do município, respeitem e convivam pacificamente entre si e com os moradores locais. Tenho absoluta certeza de que os moradores de Tamandaré apoiam a sua atitude e nós, moradores ocasionais, também. O ocorrido comprova mais uma vez o abandono em que nos encontramos no Estado, com os responsáveis por nossa segurança confessando sua impotência através de tentativas de esconder a falência da polícia.
ResponderExcluirGostaria de saber quais os projetos do senhor Deputado para conter a violência em Pernambuco? Procurei bastante na Internet e não encontrei nenhum projeto.
ResponderExcluirE sabemos também que não é só aqui em PE que a violência estar grande, mas no Brasil todo, tendo em vista que seu ex partido PTB ajudou muito para que o Brasil chegasse à onde chegou.