Por Michel Zaidan Filho*
A JUSTIÇA FEDERAL, por
ordem do magistrado Teori Zavascki,
ministro-relator da Operação Lava-a-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
expediu quatro mandados de busca e apreensão de documentos, aparelhos em
domicílios, empresas públicas e escritórios políticos aqui em Pernambuco, com o
objetivo de impedir a destruição de provas ou indícios da participação
criminosa de políticos e empresários no esquema fraudulento de desvio de
dinheiro proveniente da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Suape.
O mesmo
número de mandados (4) foi confirmado pelas informações prestadas pelos meios
de comunicação, em cadeia nacional. De Brasília, onde foram prestadas as
informações, ao Recife, ocasião em que uma emissora local de Televisão repercutiu
as notícias, ao lado do assessor de comunicação da Polícia Federal, o senhor
Giovanni Santoro, os quatro mandados viraram 3 (três). Depois, a repórter
informou que um havia sido suspenso. Curiosamente, o nome dos investigados
nessa operação (Catilinárias) não foi mencionado, nem pela repórter nem pelo
assessor da falta de comunicação.
Em Brasília, em um
telejornal vespertino, a repórter mencionou rapidamente o nome do senador
Fernando Bezerra Coelho (PSB), do empresário e dono do armazém “O Grillo” e da
fazenda “Esperança”, e sócio do ex-governador Eduardo Campos (PSB), e o nome do
próprio finado, e a sua fazenda em Brejão, Projeto Agropecuário: “Nossa Senhora
de Nazaré”. Pois bem, a quem se destinava o quarto mandado, pedido pelo
Ministério Público Federal, e suspenso pela Justiça, no caminho de Brasília a
Recife?
Assim, vamos nos valer aqui das informações
colhidas nos blogs de notícia, para esclarecer o destino do quarto mandado:
essa ordem judicial se destinava a fazer uma busca e apreensão de documentos,
aparelhos, planilhas, notas fiscais, recibos e outros elementos de prova na
casa de dona RENATA CAMPOS, viúva do senhor EDUARDO HENRIQUE ACIOLY CAMPOS.
Quero afirmar,
preventivamente, ao séquito da viúva e seus advogados, que essa notícia não foi
inventada por mim. Está nas redes sociais. Infelizmente, os meios de
comunicação de massa e, por incrível que pareça, nem o assessor – tão garboso –
de comunicação da PF quis declinar, com a presteza e loquacidade que lhe são
peculiares, os nomes dos envolvidos na operação de busca da Polícia Federal em
Pernambuco, nem quem era o alvo da busca do quarto mandado. Por quê?
Essa investigação corre sob
segredo de Justiça? – Os nomes de um simples empresário e de um ex-governador
falecido não podem ser mencionados? E por que o do senador do PSB foi? E por
que a televisão em Brasília pode, ainda que rapidamente, mencionar os nomes dos
três investigados em Pernambuco? Acaso, essas criaturas são inimputáveis? Estão
acima da lei e do ordenamento jurídico do País? - Por que foram omitidas essas
informações?
Qual o critério
jornalístico da TV GLOBO do Nordeste para justificar essa clamorosa falha de
comunicação? E por que a Polícia Federal preservou da indiscrição pública a
nomeação dos políticos e empresários pernambucanos envolvidos na
Operação-Lava-a-Jato?
Não sabe a Polícia e a
imprensa que a transparência e o acesso público às informações é um imperativo
do pleno exercício da democracia e que os cidadãos e cidadãs têm todo o direito
de saber o que é feito com o dinheiro público? E procurar a responsabilização
civil e criminal dos que utilizam o Estado em função de interesses particulares
ou de grupo? – Por que subtrair do crivo fiscalizador da opinião pública coisas
tão graves, como essas que estão sendo reveladas nas delações premiadas, nas
CPIs, nos inquéritos da Polícia Federal, em Curitiba, nos jornais (não
vendidos), nas televisões (não censuradas), nas redes sociais e na boca do povo
de um modo geral?
A quem interessa sonegar ou
deixar de prestar a informação correta,
completa, íntegra aos que votam, pagam e sofrem as consequências dos inúmeros
malfeitos da administração pública no Brasil?
*Michel Zaidan é garanhuense, professor da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Cientista Político e colabora regularmente com este blog.
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