O FOCO DAS MANIFESTAÇÕES DE RUA

O Datafolha calculou em 135 mil o número de pessoas que foram à Avenida Paulista protestar contra o Governo. Nas outras capitais deu menos gente. No Recife, em Curitiba e Goiana o fiasco foi tal que alguns manifestantes ficaram com cara de velório.

Mas a Grande Mídia sabe fazer as coisas.  Medalhões da imprensa nacional na Globonews, na Folha de São Paulo e em outros veículos importantes minimizaram o fato dos protestos terem perdido a força. A jornalista Cristiana Lobo disse que “tinha menos gente do que em março, mas o foco agora foi mais forte”.

Vera Magalhães, na Folha, escreveu um artigo mais ou menos nessa linha.

O foco que elas falam é o impeachment, o “fora Dilma” e o “fora PT”. Depois esse pessoal vem falar em objetividade e jornalismo imparcial. Isso não existe. É um mito criado pelos patrões que comandam a grande imprensa.

Todos têm um posicionamento político. A Globo, a Folha, o Estado de São Paulo, a Veja e outros veículos poderosos são tucanos. E sofrem com alergia ao PT. A doença só vai curar quando o Partido dos Trabalhadores for apeado do poder. No voto ou na base do golpe, seja ele transparente ou disfarçado.

O Governo de Dilma tem graves defeitos, falta à petista o jogo de cintura de Lula ou Fernando Henrique. No meio de uma crise mundial ela tem sido mais bombardeada do que a Alemanha no final da II Guerra Mundial. Tem resistido bravamente, mas está difícil. Mesmo quando o povo não comparece às ruas para protestar como a oposição esperava a mídia arranja argumentos para detonar o governo. O que ainda salva a presidenta são as redes sociais, onde muitos dos que votaram no PT defendem seu voto e o governo, não aceitam que queiram tomar uma eleição vencida na urna no tapetão.

O fato é que os manifestantes, sem uma causa definida (impeachment baseado em quê? Fora Dilma por que se ela foi eleita a menos de um ano?), sem comando e recheados de militantes alienados, sem conhecimento da história e até apolíticos (pelo menos eles se acham) estão cansando. Cada vez se voltam mais para o futebol, as novelas, suas atividades comerciais e as orações no domingo.

Caso Dilma sobreviva até o final deste ano terá boas chances de começar a reverter o jogo em 2016. A crise econômica não há de durar pra sempre e o rolo compressor anticorrupção poderá tirar do jogo figuras nefastas como o deputado Eduardo Cunha. Isso aí mudará um pouco o "foco".

Enfim, como citava o ex-governador de Minas Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Agora está assim, daqui a pouco pode estar muito diferente”.

Interessante era se os homens públicos, os formadores de opinião, os empresários, pensassem mais no país e tivessem responsabilidade com o futuro. Não é assim que a coisa funciona. As ambições pessoais afloram e só falta alguém gritar: “Mamãe eu quero ser presidente!”.

Cada um que faça a sua parte para defender a Democracia. E seja o que Deus quiser.