JORNALISMO - Magno Martins está fazendo uma espécie de retrospectiva de sua vida de
jornalista. No seu blog, a cada dia publica histórias deliciosas como essa:
No dia 1 de maio de 1984,
desembarquei em Brasília carregando uma cachorrinha, sem dinheiro, sem lenço e
sem documento. Formado em Jornalismo pela Unicap, escolhi Brasília pela aptidão
à política. Não foi fácil conseguir um lugar ao sol.
As
referências pernambucanas no jornalismo em Brasília eram, pela ordem, Ricardo
Noblat, que escrevia no JB, Antônio Arrais, que atuava no Estadão, e Jota
Alcides, na então EBN, depois Radiobrás e hoje Agência Brasil.
Tinha
também Antônio Martins, cujo sobrenome estava longe dos Martins meus, que vem
de minha mãe sertaneja, como eu, das barrancas do Pajeú.
Martins
era um dos mais afamados, escrevia uma prestigiosa e lida coluna política no
jornal O Globo. Temperamental e afobado, Martins, que virou consultou e dono de
uma empresa de assessoria, era uma fera.
Atrás
de emprego, recorri à todos os pernambucanos que podiam me dar uma colher de
chá por já estarem consolidados no mercado e deixei Martins por último.
Na
chegada à redação de O Globo, o encontrei com os pés em cima do birô, cigarro
na boca e uma pilha de jornais e livros à mesa de trabalho.
Martins
me olhou enviesado, ouviu meu drama, perguntou se já tinha alguma promessa de
emprego e sapecou:
"Senta
ali naquela cadeira, pega aquela máquina e bate teu currículo, junta algumas
matérias assinadas e põe debaixo do teu braço. Sai por ai se oferecendo nas
redações feito rapariga".
Assustado,
segui o script de Martins e 15 dias depois recebi uma ligação de O Globo.
Fiquei feliz da vida, achando que no dia seguinte já estaria no Congresso
cobrindo política.
Mas,
qual foi a oferta? Fazer freelancer no Norte do País, onde havia uma
deficiência de O Globo. Martins ordenou:
Pega,
cabra besta!
E lá
fui eu conviver com índios!
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