A
Rádio Jornal do Recife cometeu ontem à tarde uma “barriga” histórica. No
programa Balanço das Notícias, sob o comando de Edinaldo Santos, a repórter
Simone Santos deu um flash anunciando a morte do militante político Bruno
Maranhão, um dos fundadores do PT de Pernambuco.
Depois
de uma vinheta do programa a jornalista entrou no ar ao vivo anunciando que
Bruno acabara de falecer. Ela ainda leu um breve histórico sobre sua vida
sindical e política e disse que voltaria com detalhes a respeito do velório e
funeral.
A
notícia foi passada a este blog, mas como não encontramos absolutamente nenhum
registro do fato em qualquer site ou blog da capital telefonamos para o
jornalista Magno Martins pedindo uma confirmação. Ele falou com alguém da família
que desmentiu a informação da rádio. “Ele está internado, seu
estado é grave, porém o Bruno Maranhão continua vivo”, repassou o familiar do
militante ao blogueiro da capital.
O
flash da Rádio Jornal com a antecipação da morte do socialista foi gravado por um profissional da área jornalística e
ninguém poderá depois alegar que a comunicação foi mal interpretada.
Bruno Maranhão tem 74 anos de idade e é
um dos líderes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). Embora
pertencente a uma família rica ele sempre lutou pelas causas populares. Antes
de passar pelo PT integrou o PCB, chamado partidão, e quando houve o racha na
agremiação esquerdista passou para o Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário (PCBR), que teve 12 integrantes mortos e quatro dados como
desaparecidos durante os anos da ditadura militar.
A saúde do socialista
vem delicada desde 2011, quando ele foi submetido a duas cirurgias para conter
a lesão de uma isquemia e uma trombose cerebral, tendo afetado o lado esquerdo
do cérebro. Maranhão, à época, chegou a ficar em coma induzido. Doença
cerebrovascular, a trombose venosa cerebral (TVC) tem múltiplas manifestações
clínicas. Em algumas situações pode confundir e levar a um subdiagnóstico.
Bruno esteve envolvido numa manifestação
realizada em Brasília, em 2006, quando o Congresso Nacional foi invadido. Pela
sua participação no episódio ele ficou preso durante 39 dias no Complexo da
Papuda, na Capital Federal. Posteriormente a Revista Piauí fez uma ampla
reportagem sobre a vida do personagem.
“Barriga” é um termo usado no jornalismo
para designar uma notícia importante que depois se revela falsa. Um caso
semelhante aconteceu em 1984, no Recife, quando o radialista Samir Habou Hana
deu a notícia de morte do presidente Tancredo Neves quando ele ainda estava
vivo, embora agonizando no Hospital de Base de Brasília.
Infelizmente essas coisas acontecem.
Qualquer jornalista ou grande veículo de comunicação pode cometer um erro
desses. Em caso de morte sempre é importante checar bem o fato, pois quando
acontece o engano pode ter consequências muito sérias.
Nos anos de chumbo, tive a oportunidade de conviver com Bruno Maranhão. A seu pedido, distribuí em bancas de jornais e revistas de Caruaru, um jornal nitidamente de viés esquerdista, Hora do Povo, se não me falha a memória. Ele morava em Boa Viagem na Rua Desembargador João Paes, ao lado do antigo Comprebem, onde lhe prestava contas dos exemplares vendidos. Depois fui informado por ele que o jornal tinha sido censurado e não ia mais circular. Grande sujeito. Filho de tradicional família usineira, sempre combatendo ao lado dos mais fracos. Se também a memória não estiver variando, ele foi o primeiro candidato do PT ao Governo de Pernambuco, depois veio Manoel da Conceição. A conferir.
ResponderExcluirJosé, o jornal a que você se refere era O Povão, ao qual tive a honra de integrar a equipe ao lado do meu irmão de luta Bruno Maranhão e outros valorosos companheiros. A possibilidade de partida desse combatente das causas do povo dói muito. Bruno é uma das maiores referências da minha vida. Teca Notari
ExcluirBruno Maranhão foi um dos homens mais dignos e generosos que a humanidade produziu. Tive oportunidade de conviver com ele, seu Manoel e outro militante de igual quilate, o tenente Prestes. O Jornal mencionado era mesmo O Povão, além da revista Brasil Revolucionário, a qual também deve ser lembrada.
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