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FILMES INESQUECÍVEIS - 41º

GANDHI


"Na atividade política não há santos". Esta é uma frase que já foi escrita e citada muitas vezes e provavelmente não existe um autor específico. Possivelmente muitas pessoas ao mesmo tempo, em diferentes épocas e países, chegaram a esta conclusão. Quem sabe, contudo, existiu um ou existem uns poucos, para se constituir na exceção que confirma a regra?

Aos 25 anos de idade eu sabia menos da vida do que sei hoje. Imagine leitor que quando tinha esta idade não sabia quase nada ou mesmo nem tinha ouvido falar no Mahatma Gandhi. Só fui tomar conhecimento da vida deste personagem quase 30 anos atrás, quando assisti no Cinema Veneza, em Recife,  o magistral filme do diretor inglês Richard Attenborough.

Certamente não era um caso isolado em minha ignorância. Milhões de pessoas mundo à fora descobriram o líder indiano no cinema. Só aí foram aos livros, leram biografias, reportagens e ficaram atentos a tudo que se dizia ou se escrevia sobre o homem que enfrentou o Império Britânico.

Gandhi, possivelmente, é um santo que fez política e foi o grande responsável pela libertação de um país.

Não revi mais esta bela obra cinematográfica, mas passadas praticamente três décadas ainda guardo muita coisa na memória: lembro do personagem jovem, advogado, voltando à Índia depois de ter estudado na inglaterra. E de quando ele começou a usar os trajes típicos do seu país e usar a roca para fazer suas próprias roupas. Recordo as greves de fome que o Mahatma fez para protestar contra o domínio inglês e ao mesmo tempo mobilizar o seu povo na luta pela libertação.

Um filme como Gandhi, um personagem como o que é abordado no drama histórico de Richard Attenbourough, não se esquece facilmente.

Ainda vou rever este filme, se Deus quiser. Porque existem muitos detalhes que você pode perceber melhor numa revisão. E também porque aos 54 anos você pode ter amadurecido e por isso vai entender melhor certas nuances que passaram despercebidas em 1982.

Lendo um pouco sobre Gandhi, fico informado que o cineasta inglês começou a sonhar a realizar o seu filme em 1962. Passou 20 anos lutando, buscando apoios, recursos, ideias, roteiros, produtores, que viabilizassem seu épico.

Um projeto que passa duas décadas para ser concretizado entra em descrédito, o responsável chega a ser ridicularizado.

Tudo isso aconteceu, porém o diretor inglês perseguiu o seu objetivo e finalizou a sua obra.

Antes de chegar lá, enfrentando as adversidades, muitos atores consagrados,  em diferentes épocas, tiveram seus nomes cogitados para viver o herói indiano: Alec Guinnes, Albert Finney, Robert De Niro, Dustin Hoffman, Richard Burton...

Nenhuma dessas estrelas foi a escolhida. No final das contas, um quase desconhecido na época, Ben Kingley, ficou com o papel. Este tinha uma vantagem: herdou as feições do pai, um indiano de verdade.

Kingley se dedicou para fazer bonito: perdeu peso, praticou ioga, aprendeu a fiar algodão e tentou viver os preceitos do Mahatma.  Um ser humano de fortes convicções religiosas, pacifista, vegetariano e ligado radicalmente à cultura da Índia.

Depois de tantos sonhos o filme Gandhi foi realizado, chegou às telas da Europa, dos EUA, do Brasil e do resto do mundo. O longa, um estrondoso sucesso de crítica e de público, quebrou um tabu: o de que filmes que levam muito tempo sendo produzidos ficam aquém das expectativas.

O filme fez as pessoas se interessarem pela História da Índia. Forçou as editoras da maioria dos países a editarem biografias, ensaios e pensamentos de Gandhi.

Muitos se apaixonaram, a partir do filme tão bem realizado, com um ator tão convicente, pela filosofia de vida do Mahatma. Um revolucionário que repudiava as armas, que dizia não à violência, acreditando na transformação e na mudança através da mobilização pacífica dos povos.

Em alguns aspectos Gandhi lembra Cristo. Tem um quê do Buda, dos santos, dos mártires, de Joana Darc.

O longa britânico é capaz de nos trazer todas essas informações. Nos faz torcer pela Índia e abominar a política inglesa nas colônias, Nos faz crer que o líder está certo e é possível se fazer revoluções sem a cartilha marxista.
Interessante é saber que a principal inspiração de Richard Attenbourough foi uma frase do próprio líder espiritual e político da Índia: "Sempre foi um mistério para mim como os homens podem se sentir honrados com a humilhação dos seus pares".

A lição de Gandhi, o filme, é a lição do Mahatama, o homem de carne e osso que esteve entre nós e deixou um legado imenso para todos os povos. O amor é possível, a bondade é possível, viver em harmonia é possível.

Infelizmente, na Índia do final dos anos 40, como no Brasil e no mundo do século XXI, muitos continuam apostando no mal, se alimentam da lama e da força e impedem que se concretizem outros sonhos. De uma sociedade justa, sem preconceitos, sem corrupção...

"Gandhi", o filme, foi premiado oito vezes com o Oscar. Até aquele ano, só Ben Hur recebera mais estatuetas. Uma obra cinematográfica dessas tinha mesmo de fazer História. (Principal fonte de consultas: "1001 Filmes para ver Antes de Morrer").

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