QUEM É DIREITA: JOÃO CAMPOS OU RAQUEL?

A escolha entre João Campos e Raquel Lyra, prováveis candidatos ao governo de Pernambuco, em 2026, será em cima da capacidade administrativa de cada um.

Gestão de Raquel será julgada pelo povo pernambucano, que acreditou nela em 2022.

João governa apenas o Recife, mas sua capacidade de administrador também será avaliada. Ninguém entrega um estado como Pernambuco a alguém que não tenha capacidade para geri-lo

Mas haverá também o componente ideológico na campanha que se aproxima.

E aí entra a velha discussão esquerda versus direita.

Para segmentos mais radicais, ambos são de direita e não merecem o voto.

Por isso alguns desde já se mostram dispostos a apostar no pré-candidato do PSOL, Ivan Moraes, que já foi vereador do Recife.

É possível que a extrema-direita, alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, também tenha candidato.

Gilson Machado é o nome mais forte desse segmento político, porém ele parece mais inclinado a disputar o senado.

Vereador do Recife pelo Partido Novo, Eduardo Moura pode representar a direitona, caso Gilson fique fora da disputa pela sucessão estadual.

A verdade é que desses nomes todos citados apenas João Campos e Raquel Lyra estão no páreo. Dificilmente haverá um fato novo que permita o crescimento de um candidato da chamada terceira via.

Haverá diferenças substanciais entre o governadora e o prefeito do Recife?

Ambos são realmente de direita?

Os dois têm um legado de políticos que militaram no campo democrático.

João Lyra Filho, o avô de Raquel, foi prefeito de Caruaru e deputado estadual pelo antigo MDB, quando esse partido era a única alternativa à Arena, que dava sustentação à ditadura militar.

O pai da governadora, João Lyra Neto, também foi prefeito de Caruaru, foi vice de Eduardo Campos, filiado ao MDB e depois PSB.

Fernando Lyra, tio de Raquel, foi do MDB autêntico, figura importante no enfrentamento ao regime militar.

A governadora de Pernambuco, no entanto, em 2022 ignorou a discussão ideológica e mesmo numa eleição em que estava em jogo um projeto autoritário e outro democrático, ficou em cima do muro e não deu apoio a nenhum dos candidatos.

E no comando do estado tem dado muito mais espaço às forças da direita, chegando ao ponto de se afastar do presidente Lula, tido como o maior representante da esquerda do país.

João Campos é filho de Eduardo Campos, que entrou na vida política bastante jovem, atuando como chefe de gabinete do seu avô, Miguel Arraes.

Este era autenticamente de esquerda, toda sua trajetória política foi voltada para o povo. 

Quando esteve no governo (prefeitura do Recife e três vezes à frente do estado) direcionou o trabalho para os que mais precisam.

João parece mais com o pai do que com o bisavô, não há a menor dúvida.

Já deixou claro que vai apoiar Lula em 2026 e um dos seus senadores deve ser do PT, possivelmente Humberto Costa, que tentará a reeleição.

As forças da esquerda estão com João Campos, que poderá ter em seu palanque o PC do B, setores do MDB, Rede e PDT.

Raquel mais provavelmente terá além do seu PSD, o PP, setores do União Brasil, o Podemos e parte da base bolsonarista.

O que engasga alguns arraesistas históricos e lulistas com João Campos é o PSB ter apoiado Aécio Neves, na eleição de 2014, e o golpe contra Dilma, em 2016.

Há um temor de que os socialistas, mais na frente, venham a "trair" novamente o campo da esquerda.

Mas se Lula mantiver Geraldo Alckmin, que é do PSB, na vice e formalizar a aliança com o PT em Pernambuco, as esquerdas estarão sim no palanque de João  Campos.

O prefeito do Recife pode não ser tão esquerda quanto Arraes e Lula, mas será o candidato do campo progressista, apoiando a reeleição do petista à presidência.

Raquel terá ao seu lado direitistas históricos, como Mendonça Filho, Eduardo da Fonte e Fernando Monteiro (que até se filiou ao PSD), além de bolsonaristas da capital e interior.

Dificilmente temos o ideal em política, por isso se deve votar sempre pensando não apenas no candidato ou candidata, mas no conjunto de forças.

O voto deverá ser pragmático, para que tenhamos, não o ideal, mas uma liderança que permitirá ao estado avançar,  na segurança, na educação, na saúde e em outros setores.

É fato que a governadora atual deixou a desejar em diversos aspectos, frustrou a expectativa de milhares e até mesmo milhões de pernambucanos.

Daí que João Campos, independente da questão ideológica, se é direita ou esquerda, representa a mudança, a esperança de que a situação possa melhorar num futuro próximo.