Por Altamir Pinheiro
"É com tremenda
tristeza que meus irmãos e eu anunciamos que Kirk Douglas nos deixou hoje (5)
aos 103 anos de idade", declarou Michael Douglas, de 75 anos, filho
mais velho de Kirk. Em tom sereno, mas firme, continuou Michael: "para o
mundo, ele era uma lenda, uma estrela da Era de Ouro do cinema que viveu bem
seus próprios anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as
causas em que acreditava definiram um padrão ao qual todos nós aspiramos".
O ator que fez fama e fortuna, além de Michael, Kirk deixa a mulher, Anne
Buydens, com quem era casado há 66 anos, e os filhos Joel e Peter, também
produtores de cinema. Seu caçula, o comediante Eric, morreu em 2004, aos 46
anos, vítima de uma overdose acidental.
A causa da morte não
foi revelada, mas a saúde do artista já estava em declínio há alguns anos. Em
1991, sofreu um acidente de helicóptero que deixou grande parte de seu corpo
queimada e quase lhe tirou a vida. Há mais de 20 anos, ele teve um AVC que
prejudicou sua fala. Em entrevista ao GLOBO em novembro de 2016, um mês antes
de completar 100 anos, Kirk Douglas revelou o que mudaria se pudesse voltar no
tempo: — Não teria feito minhas cenas de machão sem dublê. Por causa disso,
tenho um problema grave na coluna e meus joelhos são próteses. Suas últimas
aparições nas telas foram em 2004, quando participou do longa Illusion e em
2008, no telefilme Meurtres à l'Empire State Building, dirigido por William
Karel. Ele comemorou seu 103º aniversário, em 9 de dezembro do ano passado, com
sua família, incluindo o filho Michael e a nora Catherine Zeta-Jones.
Kirk Douglas
interpretou papeis históricos no cinema, como o pintor Van Gogh e o escravo
Spartacus, além de Doc Holliday, lenda do velho oeste americano, como também O
Último Pôr do Sol em 1961. Trabalhou em mais de 80 filmes e foi indicado ao
Oscar por três vezes, Kirk Douglas se aposentou depois que passou a ter
dificuldades para falar após um AVC sofrido em 1996. Ele venceu dois Globos de
Ouro, um de melhor ator por Sede de Viver, de 1956, e outra por sua
filmografia, o prêmio especial Cecil B. DeMille. Kirk também recebeu três
indicações ao Emmy. Ele recebeu sua primeira indicação ao Oscar em 1950, por O
Invencível. Também foi indicado em 1953, por Assim Estava Escrito, e em 1957,
justamente por sua atuação como Vincent Van Gogh na cinebiografia Sede de Viver.
Em 1996, ele foi premiado com um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra.
Particularmente, para
este escriba que ora escreve sobre a morte dessa lenda de Hollywood, o primeiro
filme que assisti de Kirk Douglas foi o Último Pôr do Sol, na cidade de
Palmeira dos Índios(AL), aos 14 anos de idade, que marcou para
sempre minha paixão pela modalidade de filmes faroestes. Uma das maiores
tragédias gregas da cinematografia hollywoodiana que o telespectador vai
encontrar em películas faroestes, está lá no final desse filme,
em seus últimos 5 minutos, que é na esplendorosa fita interpretada por
Kirk Douglas e Rock Hudson em O ÚLTIMO PÔR DO SOL do ano de 1961. O
torturante e penoso roteiro é um tenso melodrama digno daqueles que até
mesmo com a ação se passando em cenários abertos, os personagens principais
parecem viver num ambiente claustrofóbico no qual incessantemente expõem as
paixões que afloram, bem como o ciúme e o visceral antagonismo.
O Último Pôr do
Sol que tem uma duração de quase duas horas tem Kirk Douglas, que
interpreta o personagem Brendan O’Malley, é o centro motivador de todas
as reações culminando com a juvenil paixão que desperta em Missy (Melissa) e os
momentos que passa com ela. E O PIOR: Só no final do filme é que ele vai
descobrir que é pai da jovem. Só aí é que vai perceber que será através
do duelo que já estava programado para quando o sol se por naquela sangrenta
tarde é que ele vê ou encontra uma saída apenas na própria
morte para a solução da tragédia em que se deixou envolver.
Como já foi dito, o
enredo do filme conta a trajetória da jovem Melissa que se apaixona pelo
cinquentão O’Malley(Kirk Douglas), envolvendo-se em um amor dilacerado
entre pai e filha sem eles saberem. Desesperada a personagem Belle,
interpretada pela irresistível atriz Dorothy Malone conta a O’Malley que
Melissa é sua filha e que a relação deles é incestuosa e daí, o personagem de
Kirk Douglas se defronta com o de Rock Hudson num duelo suicida. Em
resumo, O Último Pôr do Sol é um filme que, se não é a maior maravilha em
faroestes, ganha pontos por ser um western diferente, forte e até bem feito. Um
western superior que deixou sua marca no gênero. Destacada atuação de Kirk
Douglas, Rock Hudson e Dorothy Malone. É, sem o menor farelo de dúvida,
uma película de faroeste com um dos enredos mais trágicos e fatais
de todos os tempos. A respeito de Dorothy Malone, cuja sensualidade foi
excepcionalmente bem aproveitada como uma sedutora e irresistível
atriz, aos 35 anos, espalhou toda sua voluptuosidade em cada cena que
participou desse filme. A propósito, em 1992, fez seu último trabalho que
se tem notícia com o filho de Kirk Douglas, Michael Douglas, no filme
Instinto Selvagem com a bonita Sharon Stone. Dorothy Malone morreu em
2018 aos 92 anos de idade.
Por fim, em se
tratando deste monstro sagrado do cinema mundial, entre atuações e
participações, o norte-americano possui 91 filmagens como ator. Mas o que
marcou realmente em Kirk foi o seu primórdio como galã, em uma época onde os
"DURÕES" eram o que ditavam a indústria do faroeste. Kirk Douglas foi
mais que uma lenda do cinema. Ele foi o último de uma geração diferente
de galãs. Naquela época os valores eram outros. O homem, por exemplo, não podia
demonstrar fraqueza. Imperavam regras como "HOMEM NÃO CHORA”. Hoje em dia
a viadagem tomou conta do pedaço e essa boiolada que aí está e não é chegada a
mulher dá um cu que rincha!!! Hoje, esse papo furado que homem não chora ou mesmo
rótulo dessa natureza, não passa de um título de música brega na voz do bom,
romântico e inesquecível Waldick Soriano...
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