Por Junior Almeida
O
Mestre Ariano Suassuna conta-nos que certa vez um sociólogo foi à sua Taperoá,
na Paraíba, para realizar uma pesquisa sociocultural. Queria medir o
conhecimento do homem do povo naquela região. Encontrou um vendedor de peixes
com seu balaio cheio de tilápias, curimatãs, tucunarés, caraopepas e traíras.
Passou a entrevistá-lo:
-O Senhor sabe onde fica o
Distrito Federal?
-Não sei não, senhor.
Respondeu o peixeiro.
-O senhor sabe a cotação
do dólar? Quis saber o sociólogo.
-Nem sei o que é dólar,
nem sei o que é cotação. Respondeu.
-Então o senhor é um
ignorante mesmo, não é? Disse o deselegante letrado.
O
vendedor de peixes não se deu por vencido. Puxou do balaio uma tilápia e
perguntou:
-O Senhor sabe que peixe é
este?
-Não sei.
Respondeu o sociólogo entrevistador.
- O Senhor sabe que peixe
é este? Perguntou o vendedor exibindo uma curimatã.
-Não sei.
Disse o sociólogo.
- O Senhor sabe que peixe
é este? Perguntou pela terceira vez o peixeiro, agora exibindo
um tucunaré.
-Não sei.
De novo respondeu o sociólogo.
-Pois é, seu moço.
Disse o vendedor.
-Cada “quá” com sua
ignorância. Concluiu.
*Do livro "Na Sombra do
Umbuzeiro: História da Paróquia de São Sebastião do Umbuzeiro", do Padre João
Jorge Rietveld.
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