Por Altamir Pinheiro
Lá
se vão oito décadas do filme NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS, que tinha como
trama a narrativa de um bêbado, uma prostituta, uma grávida, um jogador,
um banqueiro e um vendedor que atravessam o Oeste americano, dividindo a mesma
diligência. Dentre esta turma encontrava-se o jovem JOHN WAYNE(como Ringo
Kid) que o diretor John Ford apostara todas as suas fichas. Como
nos afirma o cinéfilo Antonio Nahud, Esse faroeste é, sem cessar e ao mesmo
tempo, uma epopeia trágica e um drama psicológico, uma aventura coletiva e uma
série de aventuras individuais, destacando-se entre estas a do fora-da-lei
heroico e a da prostituta de bom coração.
Conforme
nos confidencia um fã de faroeste, o médico radiologista de Caruaru-PE,
Dr. Joailton, Este gênero já estava dando sinais de cansaço pela falta de
inovação, mesmo assim, o diretor Ford com John Wayne debaixo do braço fez
uma romaria procurando produtores, maior do que aquela que os nordestinos fazem
para Juazeiro do Norte, para pedir a benção do meu "PADIM PADE CIÇO".
Pois não é que, Em 1939, com o filme No Tempo das Diligências protagonizado
pelo grandalhão jovial, John Wayne, começava ali a mais brilhante
carreira de um ator no cinema norte-americano e para sorte nossa, um ator de
faroeste. Obrigado por isso, John Ford!!!
A
sinopse do filme resume-se a um grupo de nove pessoas que são obrigadas a
embarcar em uma perigosa jornada em cima de carruagens através do Arizona, em
um território indígena. Sendo levados por cavalos durante bastante tempo, cada
um tem o seu motivo pessoal para realizar tal viagem. No meio do caminho eles
terão que enfrentar os guerreiros apaches, e contra eles contarão apenas com a
ajuda do cowboy Ringo Kid (John Wayne). O grupo de PASSAGEIROS da diligência,
todos sem nome, é formado pela esposa de um oficial da Infantaria, um jogador,
um vendedor de uísque, um criador de gado e um inglês.
Quando
os atores do filme estavam sendo escalados, o diretor John Ford pressionou para
que John Wayne entrasse, mas o HOMEM DA GRANA, o produtor Walter Wanger negou.
Foi apenas depois da persistência de Ford que o produtor finalmente cedeu. No
tempo das diligências consagrou-se como um dos melhores filmes Western da
história. John Wayne em seu primeiro grande papel tornou-se no divisor de
águas para o cinema mundial. Um filme com grandes atuações e um roteiro de 1°
qualidade. Através dessa película aconteceu o início de uma longa
parceria: a primeira das muitas colaborações entre John Ford e John Wayne.
O
apurado cinéfilo paulista, Darci Fonseca, é quem melhor descreve todo o
desenrolar do brilhante roteiro, donde se discute os conflitos entre as
diversas classes sociais reunidas numa diligência. SENÃO VEJAMOS: A soberba da
jovem Lucy; a cobiça e desonestidade do banqueiro; a altivez e o orgulho do sulista
Hatfield derrotado na Guerra de Secessão, que sucumbem à visão de uma dama
verdadeira que ele não encontra nos meios em que frequenta. Deles, só mesmo
Gatewood é um vilão, seja pelo crime praticado, seja pela doentia superioridade
que julga possuir.
A
maioria dos passageiros são seres humanos com mais qualidades, como o xerife
Curley, cuja experiência o faz acreditar na inocência de Ringo. Peacock, o
vendedor de uísque é o menos interessante dos personagens mesmo porque é
difícil crer que um homem tão frágil e inseguro rode o Oeste como sua profissão
obriga. O simpático e beberrão médico-filósofo Dr. Boone é uma das grandes
criações de John Ford, tanto que seria usado em muitos outros filmes do Mestre.
Quanto
a Ringo Kid(John Wayne), o herói da aventura nos conquista por sua
inocência e pelo caráter como ao se solidarizar com a prostituta Dallas. E mais
que todos, é Dallas a personagem principal, a mais comovente, a que sofre a dor
da ODIOSA DISCRIMINAÇÃO. O amor entre ela e Ringo nasce de forma sublime sob a
mágica direção de Ford. E “No Tempo das Diligências” acaba sendo um faroeste
também para as mulheres.
No
Tempo das Diligências, o crítico francês André Bazin escreveu que o filme era
“um exemplo ideal de maturidade de estilo elevado à perfeição clássica”. A
sisuda crítica de cinema Pauline Kael, tão econômica em elogios, afirmou que
“Todo bom western feito após 1939 ou imitou “No Tempo das Diligências” ou dele
tirou lições”. Orson Welles, em 1966, solicitado a dizer quem eram seus
diretores preferidos respondeu: “John Ford, John Ford e John Ford”. Ainda que
não fosse a obra-prima que é, No Tempo das Diligências seria importante por ser
o primeiro western a usar o MONUMENT VALLEY como cenário e, mais que isso, por
ter lançado John Wayne ao estrelato.
Esta
película cinematográfica é um marco do cinema falado, donde John Wayne
marca seu primeiro sucesso na telona como ator principal. Assistir outra
vez esta relíquia é viajar no tempo com a corneta da cavalaria, os emblemáticos
passageiros da diligência e o ataque de apaches. Um dos melhores westerns de
todos os tempos. Aliás, já passou da hora dos amantes do faroeste vê-lo
novamente. Recomendo-o.
Assim como este colunista/leitor, o filmélico e não cinéfilo, o médico radiologista Joailton de Caruaru-PE e eu de Garanhuns-PE temos um passado filmélico muito parecido em cidades do interior. Na meninice nossas fontes de diversões eram a imagem ruim da televisão preto & branco (na casa do vizinho), circos e filmes de faroestes nos cinemas locais. Fomos, como muitos leitores deste blog, muitas vezes impedido de ver estes filmes, por falta de idade e também pelo excesso de lotação do espaço em dias de exibição de um faroeste famoso.
ResponderExcluirNaquela época, no interior, poucos de nós estávamos interessados em enumerar e analisar as diferenças entre um faroeste Americano e o Italiano(tendo como diretores: John Ford & Sergio Leone), só queríamos nos divertir e sair do cinema dando tiros. A verdade é que os faroestes Italianos e americanos (com os atores Clint Eastwood & John Wayne) reinaram absoluto no Cine Theatro Jardim de Garanhuns, naqueles tempos de doces recordações: jovens tardes de domingos, velhos tempos, belos dias...
Sempre achávamos que sendo películas faroestes eram novos, nos integrando ao velho conceito, que todo filme que você não viu, é novo e é lançamento. Quando o gênero western já estava sem fôlego em outros mundos, paradoxalmente, no nosso mundo, o das cidades do interior, na década de 70, ainda reinava o faroeste na preferência popular e ainda estava num galope desenfreado nas planícies gramadas da nossa ilusão e nós, simplesmente ignorávamos o conceito de gênero ou subgênero. O que nos interessava era o bandido e o mocinho sacarem as armas num Duelo de Titãs...
P.S.: - Frase que continua na minha cachola, no telão, dentro de uma sala de projeção: CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO - THE END.
RERRATIFICAÇÃO: - Errado: Sempre achávamos que sendo películas faroestes eram NOVOS - CORRETO: Sempre achávamos que sendo películas faroestes eram NOVAS...
ResponderExcluirTenho-o em DVD. Imortal! Foi através desse filme que conheci o atoraço que interpreta o médico alcoólatra. Excelente ator.
ResponderExcluirAtoraço não existe. Só se for um ator feito de aço.
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