Que saudade! Escrevi em 2015.
Por que sentia, mesmo. Por que ouvia, mesmo. De tantos. Saudade do Garanhuns Jazz Festival. Parecia que eu. Que todos. Que os milhares de
apreciadores do Jazz e do Blues estavam
a se despedindo deles, já que, em 2016, não contamos mais com o nosso Garanhuns Jazz Festival. Que se
consolidava. Que se sedimentava... Que orgulhava a todos que enchiam seus
pulmões para dizerem: Garanhuns, dentre tantos, é conhecida como a “Cidade das Flores”, a “Cidade onde o Nordeste Garoa”... E, a
partir de 2008, também, como a “Cidade
dos Festivais.”
É. Foi uma pena. É. Está
sendo uma pena... O fim do Jazz. O fim do Blues. Daí o nosso desencanto. Daí a
nossa consternação... Por perdermos esse diferencial. Sobretudo, ele, que fazia
a grande diferença no tríodo momesco. Este, que não tínhamos. Mas que passamos
a ter para a alegria da cidade. E para o entusiasmo de milhares de amantes do Jazz e do Blues, que aportavam em
Garanhuns nos dias de carnaval, estes concentrados em Recife e Olinda, com
pequenos respingos em algumas outras cidades do interior de nosso estado. E
eles acorriam para nossa cidade, trazendo a ilusão de que se dirigiam para Nova
Orleães, Chicago ou Nova York - já que esse era o nosso clima. E, quem sabe?
Até o sonho com um encontro com ícones jazzistas americanos e brasileiros como
Louis Armstrong, Miles Davis, Ella Fitzgerald, John Coltrane, Billie Holiday e
tantos... dos EUA e como André Mehmari, Vinicius Dorin, Babi Assad, Romero
Lubambo e tantos... do Brasil.
O dado concreto é que não
mais temos o nosso Garanhuns Jazz Festival.
Para se ter uma ideia, em
2008 - primeiro ano do Garanhuns Jazz
Festival - a ocupação da hotelaria na cidade com o Jazz e o Blues, capitaneando o tríodo momesco, chegou a marca
de 51,00%, contra os 24,09% em 2005, 24,04% em 2006 e 42,00% em 2007.
Chegamos a conquistar a
excelente taxa de 91,00% em 2011, com ligeiro declínio em 2015 para 69,00%,
mesmo assim considerada uma boa marca, na classificação da hotelaria, que vai
de taxas péssimas a excelentes, passando por ruins, razoáveis, boas e ótimas.
Temos que reagir! Unir o
poder público com a iniciativa privada. Enfim, todos! Para podermos melhor
"vender" a nossa cidade. Atrair para ela os reais de fora para sua
economia. E, deles, tanto precisamos.
Mais gente na cidade impacta
todos os seus segmentos. Do flanelinha ao grande empresário - 54 segmentos da
economia. É só conversarmos com o menino que toma conta do carro do turista,
com a menina que vende a sua pamonha ou a sua pipoca, a senhora que vende o seu
milho cozido, o rapaz do táxi e do moto-táxi, os homens do comércio, dos bares
e dos restaurantes... Enfim, uma infinidade de pessoas. De segmentos. Que
produzem. Que vendem. Que são responsáveis pelo nosso desenvolvimento. E que
pretendem participar dele com mais organização. Com mais permanência. Com mais
ousadia. Já que com o calendário de eventos da cidade nas mãos.
Será que já paramos para
pensar? Quanto um turista deixa na cidade, da forma a mais horizontal possível,
ao logo de um período desses - seis dias e cinco noites? A conta é fácil. Muito
simples. Vou fazê-la. Por que não fazê-la? Transparentemente.
Despudoradamente...
Um turista que vem a um
evento como esse, gasta, por dia, no mínimo, R$ 400,00. Se recebermos 5.000
visitantes - e o número é modesto - temos, aí, um faturamento de R$
2.000,000,00, dia. Ou seja: R$ 10.000.000,00, no período. Garanhuns pode perder
esses reais? A sua economia pode dispensar esses reais? Sobretudo quando
sabemos que todos são beneficiados com alguns desses valores, como disse: do
flanelinha ao grande empresário? Penso que não. Nem durante a crise, que
vivenciamos. Nem após ela.
Ano passado, desencantado e
consternado, sai de minha cidade e fui passar o carnaval em Recife. Na volta,
na quarta-feira de cinzas, passava eu por Gravatá, e ouvia, pelo rádio, uma
entrevista do prefeito daquela cidade que contava de sua alegria com o Jazz que
promovera. E ele dizia: faturamos R$ 10.000.000,00. Eu gritei: É mentira!
Emília, que vinha ao meu lado me disse: o que é isso, Givaldo? Eu respondi na
ponta da língua. Eles faturaram muito mais. Aqui, tudo é mais caro. O dobro. De
repente, o triplo. Esse faturamento não pode ter sido inferior a R$
20.000.000.00. É mentira!
Reitero, hoje: é mentira! É
conta errada. Ou estão escondendo a verdade.
Em Gravatá não tinha menos do que 10.000 turistas no Jazz do ano
passado. Lá, se gasta, por dia, no mínimo, R$ 700,00. Ou seja: aquele
faturamento, dia, não foi menos do que R$ 7.000.000,00. Ou seja: R$
35.000.000,00, no período.
A contar pelas diárias dos
hotéis... Vamos a um, equivalente a um dos nossos: R$ 334,70, por pessoa, dia,
com pensão completa - café da manhã, almoço e jantar. Em nossa cidade: R$
198,44, por pessoa, dia, com pensão completa - café da manhã, almoço e jantar.
Veja a diferença. Só em hotel. E, no mais? Restaurantes, bares, passeios...? E
tudo que o turista gosta de consumir nessas ocasiões.
Para esse ano de 2017, temos,
lá, em Gravatá, diárias ao preço de R$ 380,40. E em nossa cidade - R$ 218,50.
Grande a diferença, não é verdade?
Aí é de se perguntar? O que
eles têm que nós não temos? Clima? Água? Beleza? Geografia...? Não! Nada dessas
riquezas. Eles têm, sim, e só: união, ousadia, disposição... Porque organizados
e permanentes em seus eventos.
É disso de que precisamos em
nossa cidade. A união do público com o privado para fazermos um grande trabalho
por nossa cidade. Para que possamos “vender” melhor esse grande produto que se
chama Garanhuns - “o melhor produto turístico de Pernambuco”- dissera-me, outro
dia, um amigo sobre nossa cidade. E esse amigo não é daqui.
Somos, com orgulho, a “Cidade
do Clima maravilhoso”, a “Cidade das Sete Colinas”, a “Cidade das Flores”, a
“Cidade onde o Nordeste Garoa” a “Cidade dos Festivais”... E tantos. E
tantos... E nenhuma outra cidade há de subtrair nossos títulos.
*Artigo de autoria de Givaldo Calado, figura pública. Advogado de
Empresas e Empresário.
Tem um foto de givaldo com meu saudoso e amado pai, Edmar Dias, curtindo o jazz festival em 2015. Um sucesso. Esperamos que volte. Com apoio da iniciativa privada. Não podemos nos dar ao luxo de dispensar uma arrecadação dessa, sem falar na diversidade cultural e na riqueza desse evento.
ResponderExcluirGrande Givaldo Calado ! Paz e Bem !Muitíssimo bom seria se o valente empresariado garanhuense, sem a mais mínima participação financeira do Estado em qualquer nível, - municipal, estadual, federal-, fizesse retornar o inesquecível festival de jazz dessa esplendorosa Cidade. Não tenho dúvida que um projeto bem construído nesse sentido faria retornar aos seus empreendedores os investimentos nele aplicados. A título de sugestão proponho que se unam sobretudo, e destacadamente,- porquanto principais interessados em movimento do tipo -, comerciantes,e hoteleiros locais, numa empresa, por cotas, exclusivamente criada para tal fim. Estou certo que o tino empresarial e o amor por Garanhuns dos jovens proprietários da FERREIRA COSTA,- sempre sob as bençãos do eminente patriarca CIRO -, os induziriam a capitanear tão benemérita e lucrativa iniciativa. Viva Garanhuns !
ResponderExcluirPS: Tiraria até da goela, se necessário se fizer, mas pagaria até 100 reais por noite para assistir, confortavelmente, o espetáculo de sublimação do espírito ouvindo, sob o céu estrelado da Terra do Padre Adelmar( meu maior educador terreno !) os sons de Bob Dylan, B.B. King, Moddy Waters, e demais astros e estrelas de iguais transcendências. Pela volta do Festival de Jazz de Garanhuns, JÁ !
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